BOVESPA: Agentes esperam pesquisas de intenção de voto
BOVESPA: Agentes esperam pesquisas de intenção de voto
A volta à operação dos mercados de Nova York, após o feriado do Dia da Independência nos Estados Unidos, tende a elevar um pouco o volume financeiro do pregão desta sexta-feira da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). A falta de referencial externo fez a praça paulista registrar ontem o segundo pior giro financeiro diário do ano.
No entanto, a espera pela divulgação de novas pesquisas de intenção de voto para a corrida presidencial, por três institutos diferentes (Vox Populi, Ibope e Datafolha) podem colocar novamente os investidores em compasso de espera.
Corria pelas mesas de operação durante a semana que o candidato Ciro Gomes, terceiro colocado na preferência do eleitorado, teria ganho espaço e alcançado empate técnico com o governista José Serra, o preferido do mercado.
Enquanto isso, os agentes acompanham a ação do Banco Central (BC) no mercado de câmbio e seu reflexo sobre a cotação do dólar. Ontem a autoridade monetária admitiu que interveio no setor, mas não disse qual o volume da moeda ofertada. O BC também realizou quatro operações de troca de swap de câmbio de longo prazo por contratos mais curtos. O dólar fechou em baixa de 0,17%.
Explosão no consumo de gás natural veicular
O consumo de gás natural veicular (GNV) cresceu 45% nos primeiros quatro meses de 2002 em comparação com o mesmo período de 2001, atingindo 184,2 milhões de metros cúbicos. Se esse volume for comparado ao de 1992, ano da instalação do primeiro posto de abastecimento, a evolução é de 1.838%.
A expansão, contudo, não tem sido linear no Brasil. O mercado cresce mais no Sudeste (São Paulo e Rio, principalmente) e no Nordeste, próximos das áreas de produção de gás natural. No Sul, o consumo ainda está abaixo da expectativa em Santa Catarina. No Norte, ele é inexistente.
Seguranças sobem de "status" nas empresas
Restrita até pouco tempo à preocupação com o patrimônio - instalações, máquinas e suprimentos -, a função do profissional de segurança passou a ter mais destaque nas empresas, com "status" até de diretor. O crescimento da criminalidade no País levou à necessidade de dar proteção também a pessoas, como executivos sujeitos a seqüestros.
No Brasil, já são quatro os cursos de graduação em segurança. "A função é prevenir perdas diante de qualquer risco da empresa", diz Roberto Zapotoczny, diretor da The First, empresa de treinamento da área.
Sul América quer crescer em fundos e previdência
A Sul América criou a vice-presidência de Vendas Diferenciadas, que terá como missão ampliar a venda de produtos por novos canais.Em agosto, clientes com ganhos acima de R$ 200 mil por ano passam a ser atendidos por gerentes de contas cujo objetivo é vender uma cesta de produtos, passando pelo seguro de vida, planos de previdência e fundos de investimento. A expectativa é, com isso, mais que dobrar a participação de 1,5% da Sul América em previdência e fundos. "Se daqui a cinco anos não tivermos 4% desses mercados, acho que os acionistas ficarão muito decepcionados. Eu também", diz Ronaldo Magalhães, que assumiu há três meses a vice-presidência de Vendas Diferenciadas. A Sul América associou-se, em março, ao grupo holandês ING, que ficou com 49% do seu capital.
As parcerias com bancos e o varejo que funcionam como pontos-de-venda e fornecedores de cadastros de potenciais clientes serão incentivadas, passando dos atuais 5% do faturamento do grupo, de R$ 4,9 bilhões no ano passado, para 10% até 2006.
Outra missão de Magalhães será ampliar as vendas pela internet e outros canais como caixas de auto-atendimento que devem ser instalados em supermercados e postos de gasolina. A instalação desses caixas ainda está em estudos.
CSN está a um passo de ter capital estrangeiro
Símbolo da industrialização do Brasil, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), de Volta Redonda (RJ), confirmou ontem que negocia com diversas empresas, entre as quais a anglo-holandesa Corus, uma participação no seu capital em troca de ações.
A Corus também confirmou os entendimentos. Ela é o segundo maior grupo siderúrgico da Europa, criado em 1999 com a fusão da British Steel e da Hoogovens, e quer entrar no Brasil para fornecer aço à indústria automobilística.
Pelo mesmo motivo, o maior grupo siderúrgico do mundo, a Arcelor (fusão de Usinor, Aceralia e Arbed), que no Brasil controla a Acesita e participa da Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), está instalando nova usina em Santa Catarina.
África do Sul, um novo sócio no Atlântico
Potencial de US$ 800 milhões/ano. À procura de alternativas para compensar as perdas no comércio com os seus sócios do Mercosul, o governo brasileiro tem feito esforços em direção a países cujos mercados ainda são pouco explorados por empresas brasileiras. Nos mapas das prioridades comerciais, o principal alvo, no momento, é a África do Sul, país que o presidente Fernando Henrique Cardoso visitará em novembro.
As vendas brasileiras para o mercado sul-africano já cresceram 40%, nos últimos 12 meses, e se estima que possam duplicar, alcançando US$ 800 milhões anuais.
Recentemente, passou por Brasília um grupo de empresários e funcionários do governo sul-africano, entre eles representantes das Forças Armadas. Abriram-se negociações para compra de material de transporte, aviões e produtos agrícolas, como milho e soja.
Os militares sul-africanos demonstraram interesse na importação de 4 mil caminhões, para transporte de tropas, e ofereceram mísseis à Marinha brasileira. Na semana passada, 120 empresários do Cone Sul estiveram em Johannesburgo.
Editorial
OPÇÃO REALISTA DO BC
Governo existe para tomar iniciativas em defesa do bem comum, e foi exatamente isso que fez o Banco Central (BC) ao decidir ontem intervir no mercado de câmbio para conter a alta especulativa do dólar. A escassez de dólares no mercado existia, mas não justificava, em absoluto, que a moeda americana fosse cotada a mais de R$ 2,90, ameaçando chegar, dentro em pouco, a R$ 3,00.
Numa demonstração clara de que tem bala, o BC começou, já a partir de ontem e até hoje, a oferecer à venda US$ 100 milhões por dia; de segunda-feira em diante, até o fim do mês, a oferta diária será de US$ 50 milhões. No total, a operação soma US$ 1,5 bilhão e poderá ter continuidade se o mercado não se acalmar.
Deve-se notar que essa intervenção, como é do estilo da atual direção do BC, vai ser feita com absoluta transparência, a exemplo do que ocorreu depois dos atentados terroristas de 11 de setembro. Naquela ocasião, o BC passou a vender no mercado US$ 50 milhões por dia até dezembro e cumpriu essa meta. Como se recorda, a cotação do dólar, que havia chegado a R$ 2,84, baixou para R$ 2,31, cotação 7,5% inferior à de julho.
Naquela ocasião, como pode acontecer também agora, o BC foi alvo de críticas por ter revelado ao mercado exatamente o que ia fazer. Alguns analistas afirmaram que o BC poderia ter praticado o mesmo tipo de intervenção, mas sem revelar o tempo de sua duração. O mercado certamente perceberia a direção da política do BC e esta poderia ser alterada quando a autoridade monetária julgasse que a cotação já teria chegado ao nível desejado.
Esses críticos não entenderam o raciocínio da autoridade monetária. Ao vender determinada quantidade de dólares às claras, sem ambivalência, durante um tempo fixado, o BC permite que os mecanismos de mercado funcionem. O sistema de câmbio flutuante continua em vigor e o BC só intervém quando considera que há distorções, que cabe ao mercado corrigir. Agir de outra form a seria procurar administrar o câmbio, que é justamente o que o BC não deseja.
Com brusca interrupção da captação externa, havia realmente escassez de dólares, potencializada pela especulação. O valor das remessas ao exterior de lucros e dividendos, por exemplo, tem sido exagerado. O fato é que, de janeiro até abril, o valor dessas remessas chegava a US$ 149 milhões. Em maio, deram um salto de 405 milhões, elevando o total acumulado nos primeiros cinco meses a US$ 554 bilhões. Embora esse valor seja inferior ao do mesmo período do ano passado (US$ 774 milhões, sendo US$ 370 milhões só em maio), isso produziu a sensação de uma inusitada evasão de capitais.
Normalmente, o aumento no volume de remessas seria perfeitamente absorvível. Acontece que as captações se desaceleraram muito, tanto como resultado de um ambiente de incerteza criado artificialmente em torno do Brasil, como de escândalos envolvendo práticas contábeis irregulares de grandes companhias americanas. Estima-se agora que, dos US$ 10 milhões de títulos brasileiros que vencem no segundo semestre, só metade poderá ser rolada.
A situação poderá mudar, e é provável que mude, mas o governo não podia deixar que o movimento altista do dólar nesta fase viesse a comprometer os fundamentos da economia brasileira. As elevadas cotações do dólar, mantidas por mais tempo, teriam repercussões sobre a inflação. Com exceção da soja, as pressões sobre os preços dos alimentos não seriam tão fortes. Mas os preços dos combustíveis, com extensos reflexos sobre a economia, não poderiam deixar de ser reajustados, o mesmo devendo ocorrer com os preços administrados de serviços públicos.
Além disso, todos os setores industriais que dependem de insumos importados seriam afetados, como produtos farmacêuticos e eletrônicos, por exemplo. Não menos importante é o impacto sobre a dívida mobiliária interna, que já chega a R$ 639,39 bilhões (posição no fim de maio). Desse total, 28,1%, ou seja, R$ 179,37 bilhões estão indexados ao dólar.
Não se deve subestimar também o efeito que a contínua elevação do dólar vinha tendo sobre as percepções sobre a economia brasileira. Não só o noticiário sobre o dólar vinha deixando os brasileiros perplexos, como teve conseqüências sobre a avaliação de investidores externos sobre os rumos que o País parecia estar tomando.
O BC, portanto, fez uma opção realista e, se a oferta de dólares ao mercado não teve maior efeito sobre as cotação do dólar, o fato é que conseguiu deter a tendência. Foi reforçada também a convicção de que a autoridade monetária tem capacidade de agir e sabe o que está fazendo.
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07/05/2002
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