Pesquisa revela intenção de voto para governador







Pesquisa revela intenção de voto para governador
A menos de 11 meses da eleição para o Piratini, o Cepa-UFRGS registra empate técnico entre Antônio Britto e Tarso Genro

O ex-governador Antônio Britto (PPS) e o prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro (PT), estão empatados tecnicamente na mais recente pesquisa realizada pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Administração (Cepa) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Os dois ocupam os primeiros lugares no levantamento espontâneo (no qual se pergunta ao eleitor em qual candidato votaria se a eleição fosse hoje) e nos cenários estimulados (nos quais é apresentada ao eleitor uma cartela com os nomes dos candidatos) em que se enfrentam. O governador Olívio Dutra não aparece em primeiro lugar em nenhum dos cenários.

Britto lidera em quatro dos seis cenários de primeiro turno dos quais participa, ultrapassando Tarso e o governador Olívio Dutra. Nos cenários em que enfrenta Olívio, Britto obtém vantagens maiores. Quando o adversário é Tarso, ocorre empate técnico.
Na pesquisa espontânea, repete-se o empate técnico: Britto atinge 12,7% das preferências, e Tarso, 11%. O governador aparece com 7,5%. No levantamento anterior, realizado entre os dias 25 e 27 de setembro, Britto tinha 11,1%, Tarso, 9,9%, e Olívio, 7%. O índice dos indecisos, que não sabiam ou não opinaram sobre os candidatos, caiu de 52,3% na pesquisa de setembro para 45,2%. Já o percentual de votos brancos e nulos cresceu de 4% para 12,1%.

O prefeito assume o primeiro lugar na única simulação em que enfrenta o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Sérgio Zambiasi (PTB). Já o petebista vence na simulação em que tem Olívio como adversário.
O governador não atinge 20% em nenhuma simulação. Seus percentuais variam de 18,4% (quando Britto e Zambiasi estão na disputa) a 19,1% (quando enfrenta Britto e Zambiasi não concorre). Já o presidente da Assembléia tem o melhor desempenho, de 21,9%, ao concorrer com Olívio, e o pior, de 16,7%, quando Britto está na disputa.

O mais alto índice de rejeição é obtido por Olívio. Um total de 39,3% dos entrevistados disse que não votaria de jeito nenhum no governador se a eleição fosse hoje. Em seguida, vem Britto (29,8%). Tarso tem a segunda menor rejeição, de 10,2%. O índice mais baixo é registrado por José Fortunati (PDT): 8,8%.
O Cepa ouviu 1.732 pessoas em 17 municípios entre os dias 19 e 20 de novembro. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais para mais e para menos.


Simulações sobre o segundo turno
O prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro (PT), e o ex-governador Antônio Britto (PMDB) estariam empatados tecnicamente num eventual segundo turno se a eleição para governador do Estado fosse hoje, de acordo com a mais recente pesquisa Cepa-UFRGS.
O prefeito perde, porém, por mais de cinco pontos percentuais quando enfrenta o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Sérgio Zambiasi (PTB).

Já Britto sai vitorioso ao enfrentar Olívio, e perde ao concorrer com Tarso. A disputa entre Tarso e Britto é a que provoca o menor número de votos brancos e nulos (11,1%) e de indecisos (3%).
Entre os três candidatos de oposição que se defrontam com petistas nas oito simulações de segundo turno (Britto, Zambiasi e José Fortunati, do PDT), apenas o presidente da Assembléia supera Tarso e Olívio – ele tem 47,6% das preferências, seu índice mais alto, quando o adversário é o governador, que fica com 30,9%.

O prefeito de Porto Alegre obtém seu índice mais alto (50,1%) nas simulações de segundo turno contra Fortunati. O percentual mais baixo é o alcançado contra Zambiasi (38,7%).
O governador aparece em primeiro lugar num único cenário, ao enfrentar Fortunati. Nesse caso, obtém 38,4%, contra 28,2%. Essa é também a simulação com maior percentual de votos brancos e nulos (26,9%) e de indecisos (6,5%).
PESQUISA

Britto x Olívio

No cenário em que se defrontam no segundo turno, Britto e Olívio têm percentuais equilibrados na Capital e no Interior. O ex-governador atinge 46,3% na Grande Porto Alegre e 46,8% nos municípios do Interior. Já o governador tem 34,5% na Região Metropolitana e 31,7% no Interior.
Tarso x Britto

Quando o confronto ocorre entre Tarso e Britto, o mais alto percentual do prefeito (47,3%) vem da Grande Porto Alegre. Ele alcança 38,2% no Interior. Na mesma situação, a votação de Britto é maior no Interior (46,2%) do que na Região Metropolitana (39,4%).
Zambiasi x Tarso

Na disputa entre Zambiasi e Tarso, o presidente da Assembléia tem 43,7% dos votos da Capital e 44,4% do Interior. Já o prefeito recebe 40,7% dos votos da Grande Porto Alegre e 36,6% do Interior.


CPI altera rumos da campanha
Investigações levaram direção do PT gaúcho a pedir tempo para definir candidatos

As conclusões da CPI da Segurança Pública, que se desenrolou na Assembléia Legislativa, deram um novo rumo à oposição e obrigaram o governo Olívio Dutra a alterar a estratégia para as eleições em 2002 no Estado.
A primeira medida do PT nos próximos dias deverá ser a de pedir à direção nacional a prorrogação do prazo para inscrição de candidaturas à prévia do partido que escolherá o candidato à sucessão de Olívio.

Inicialmente previsto para se encerrar no dia 2 de dezembro, o período para registros foi prorrogado em duas semanas. A data limite será 16 de dezembro, quando ocorrerá o encontro nacional do PT, em Recife. Mesmo assim, o PT gaúcho considera cedo para definir candidaturas. Ainda sem saber o tamanho do estrago que o relatório da CPI provocou na imagem do partido e da administração estadual, nem o governador nem o prefeito Tarso Genro – os dois nomes que devem disputar a prévia – vêem clima para buscar voto dos filiados.

O PT considera mais urgente no momento tentar reverter o desgaste provocado pelas acusações de ligação do partido e do governo com o jogo do bicho. A prioridade a partir de agora é rebater o relatório do deputado Vieira da Cunha (PDT) que indiciou o governador por crime de responsabilidade e improbidade administrativa, além de outras 40 pessoas por diferentes ilícitos. Um grupo de advogados do partido trabalha para mostrar que a comissão pouco tratou de segurança pública e nada conseguiu provar. A busca de reparação dos prejuízos por meio de ações judiciais também está sendo preparada. Nos próximos dias, algumas medidas devem ser anunciadas.

A realização de pesquisas eleitorais será a partir de agora uma constante no PT. Dependendo dos resultados, o partido poderá abrir mão da prévia, buscando um candidato de consenso. Tarso tem dito ao seu grupo que só disputará a vaga de candidato com Olívio se as pesquisas indicarem seu favoritismo sobre o concorrente interno. Até sexta-feira, o prefeito não pretendia entrar na disputa se aparecesse com percentuais inferiores ou iguais aos de Olívio. Tarso ainda não conhecia os resultados da mais recente pesquisa Cepa-UFRGS.
O resultado do relatório da CPI surpreendeu boa parte dos partidos. O que se comenta entre os adversários é que o estrago na imagem do PT e de Olívio já foi feito e que o grande desafio é ter competência para ganhar a eleição.

– Comparo esta CPI à queda das torres gêmeas. A competência para governar e a credibilidade desmoronaram – diz o deputado estadual Cézar Busatto (PPS).
Com exceção do PPB e do PFL, que deverão se aliar em torno da candidatura de Celso Bernardi (PPB), os partidos de centro-esquerda (PTB, PDT, PMDB e PPS) tentarão buscar uma coligação ainda no primeiro turno. Embora esteja com roteiros pel o Interior típicos de candidato, a se confirmar as declarações do ex-governador Antônio Britto (PPS) de que não é candidato ao Piratini, estará aberto o caminho para uma aliança do PPS com o PDT. Os pedetistas já lançaram informalmente o vereador José Fortunati (ex-filiado do PT) à sucessão no Estado.

Apesar da indefinição dos nomes, a oposição já se prepara para o embate eleitoral. Bernardi, vencedor da prévia do PPB, na qual disputou com o deputado federal Fetter Júnior, monta o plano de governo e coleciona documentos que servirão de munição na campanha. Bernardi vai propor às demais siglas que seja feito um pacto na campanha. Consciente de que o próximo governador pegará um Estado com um rombo de caixa e sem uma receita extra oriunda de privatizações ou do aumento de impostos, o candidato do PPB acha que a oposição não pode fazer promessas milagrosas apenas para levar vantagem:

– Não temos mais o que privatizar, e o aumento de impostos está descartado, uma vez que rejeitamos duas vezes essa medida proposta pelo atual governo. Não dá para prometer soluções para problemas que todos nós sabemos que o Estado não irá comportar.
Mesmo sem candidato, o PPS montou uma equipe encarregada de colher material que servirá de subsídio no combate ao atual governo. Fitas de vídeo com declarações de Olívio durante a campanha de 1998 estão sendo resgatadas e editadas.

O PDT, partido do principal algoz do governo na CPI, o relator Vieira da Cunha, evita fazer críticas ao governo. A tarefa tem ficado exclusivamente com a bancada na Assembléia e com o deputado federal Alceu Collares. A idéia é poupar a imagem de Fortunati por enquanto, já que até setembro ele ainda pertencia ao PT.
OS PONTOS CRÍTICOS

SEGURANÇA
• Depredação do relógio dos 500 anos do Descobrimento, ocorrida em 22 de abril de 2000. A atuação contemplativa dos policiais diante da baderna resultou em ação judicial. Três oficiais da Brigada Militar foram denunciados por omissão diante do ato de vandalismo.
• Aumento da criminalidade.
• Posição contemplativa da Brigada Militar nas invasões de terra promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
• Critério de promoção e trocas de comando na Brigada. Os dois focos de maior polêmica até agora foram a promoção por antigüidade do capitão Arakem Petry Rodrigues a major e a destituição do coronel Tarso Marcadella do comando do policiamento da Capital. Arakem responde a processo na Justiça Militar, acusado de omissão no caso da destruição do relógio dos 500 anos. Uma das causas apontadas para a substituição de Marcadella foi o confronto entre PMs e sindicalistas da CUT na inauguração do novo terminal do Aeroporto Salgado Filho.

FORD
• Em abril de 1999, a Ford anunciou a transferência de sua planta para a Bahia. O fato deu origem a uma CPI na Assembléia para avaliar as responsabilidades pela saída da empresa do Estado. Até hoje o governo não instalou no terreno destinado à montadora, em Guaíba, um novo projeto de geração de empregos.

PROMESSAS
• Promessas de campanha não-cumpridas ou parcialmente executadas serão cobradas pelos adversários. O caderno com o programa de governo, distribuído pelo PT na campanha de 1998, servirá de parâmetro para a oposição.

FUNCIONALISMO
• A oposição vai explorar o descontentamento de categorias de servidores públicos com a política salarial do atual governo.
• A criação de novos cargos e a nomeação de milhares de servidores, principalmente para as áreas de educação e segurança, na opinião da oposição, contraria as regras da Lei de Responsabilidade Fiscal, que obriga os Estados a reduzir os custos com a folha de pagamento.

JOGO DO BICHO
• A conversa entre o presidente do Clube de Seguros da Cidadania, Diógenes de Oliveira, e o ex-chefe de Polícia Luiz Fernando Tubino. No diálogo gravado, ocorrido em janeiro de 1999, Diógenes, que diz falar em nome do governador , pede a Tubino que não reprima o jogo do bicho, com a justificativa de que o PT sempre teve “uma relação muito boa, muito estreita com esse pessoal”.
• As declarações do ex-tesoureiro do PT Jairo Carneiro dos Santos a jornalistas do Diário Gaúcho no dia 18 de maio deste ano. Entre as acusações está a de que o Clube da Cidadania teria recebido dinheiro do jogo do bicho para comprar um prédio, cedido depois em regime de comodato (empréstimo gratuito) para o PT. O depoimento foi gravado pelo jornal. No dia 26 de junho, na CPI da Segurança, Jairo diz que havia mentido ao jornal. Disse ter feito isso para se “vingar” do PT por causa de sua expulsão do partido.


FH diz que PSDB não pode vetar candidatos
O presidente Fernando Henrique Cardoso disse sexta-feira, após chegar a Lima, que “ninguém pode vetar ninguém” no processo de escolha do candidato governista à Presidência da República.
– Nem o PSDB nem ninguém – acrescentou FH.
Questionado se estava defendendo a candidatura da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), FH afirmou:

– O que eu disse é que sou o presidente do Brasil e de uma coligação grande. Nós todos apresentamos pré-candidatos para discutir na coligação. De modo que o PSDB vai apresentar o seu, o PFL, o PMDB, o PPB e quem mais queira se juntar a nós. Nós temos que ver quem soma mais apoios, quem articula mais.
As declarações de FH foram feitas após a divulgação de pesquisas de opinião que indicaram novo crescimento de Roseana.

– Como as eleições estão longe, há tempo para que a poeira assente e se veja realmente qual é a melhor solução – disse o presidente.
O presidente viajou a Lima para participar da 11ª Reunião de Cúpula dos Países Ibero-Americanos, que se realizou sexta e sábado, com a participação de 21 chefes de Estado ou de governo.


Coligação entre PT e PDT enfrenta crise em Bagé
Líder da bancada trabalhista propõe saída de seu partido do governo

Antes de completar um ano, a coligação PT/PDT começa a dar sinais de enfraquecimento em Bagé, na região da Campanha.
Em pronunciamento na Câmara de Vereadores, na quinta-feira, o líder da bancada do PDT, Francisco Rosa dos Santos, fez um relato de fatos, que ele considera gravíssimos, discutidos na reunião do partido, na última terça-feira.

Santos diz ter colocado o seu cargo à disposição, caso o PDT não se desligasse do governo. Mas sua proposta não foi aceita e ele continua à frente da bancada do partido. Segundo o vereador, a situação é insustentável desde a eleição do diretório do PT, em 7 de outubro. A partir daí, conforme Santos, os petistas têm anunciado reuniões, que acabam não se realizando, para avaliar o comportamento do PDT no governo e a possiblidade de rompimento.

– Não existe caminho para o trabalhismo em Bagé se não compor com as forças da oposição ao PT. Ir para a coxilha onde sempre foi o palco para defesa de propostas, e não viver refém de uma gurizada irresponsável – afirma.

Ainda em plenário, o vereador disse que o PT precisa provar o “desvio de conduta ou fuga do campo popular do PDT”. Segundo ele, o prefeito Luiz Fernando Mainardi (PT) teria dito em uma reunião que acataria qualquer decisão do diretório do partido pelo rompimento e que pediria as chaves das secretarias ao vice-prefeito e irmão do vereador, Jucelino Rosa dos Santos (PDT). Até o final da tarde de sexta-feira, o líder pedetista não foi encontrado. O presidente do diretório do PT, Marcos Pérez, afirmou que o partido só irá se manifestar neste fim de semana.


Fórum Social Mundial terá 10 mil delegados
Dos 1,6 mil apartamentos bloqueados na rede hoteleira, 760 já estão reservados aos participantes do evento

O Fórum Social Mundial, evento que transformou Porto Alegre em capital mundial da resistência à globalização e ao liberalismo econômico por alguns dias, no início deste ano, terá mais que o dobro dos participantes inscritos em sua segunda edição, marcada para o período de 31 de janeiro a 5 de fevereiro.
Encerradas as inscrições para delegados, no dia 20, o número de inscritos chegou a 10 mil. No evento anterior, participaram 4,7 mil delegados de 117 países – 2,6 mil eram brasileiros.

Com sede em São Paulo, a secretaria-geral do Fórum continua a organizar as oficinas, cujo número deve chegar a 800, o dobro das realizadas na primeira edição. Entre as delegações estrangeiras, aumentou a presença de americanos, raridade no evento do ano passado.

Para Maria Luísa Mendonça, da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, uma das oito entidades responsáveis pela organização do evento, dois fatores explicam a maior participação dos americanos. Em janeiro passado, muitas entidades americanas estavam mobilizadas em manifestações contra a posse do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, que ocorreu cinco dias antes do Fórum Social. Em outra conjuntura, depois dos atentados do dia 11 de setembro, essas entidades passaram a ter interesse em mostrar que existe um movimento pacifista nos EUA ignorado pela mídia daquele país. No dia em que começaram os bombardeios no Afeganistão, uma passeata de mais de 10 mil pessoas em Nova York não teria sido noticiada. A participação no Fórum seria um esforço para ter mais visibilidade e mostrar que existe resistência à guerra.

Em Porto Alegre, dos 1,6 mil apartamentos bloqueados na rede hoteleira que garantem acomodações para 5 mil pessoas, 760 já estão reservados a participantes do Fórum. De acordo com a previsão de Carlos Alberto Krause, sócio-gerente da Astra Turismo, agência oficial do evento, as vagas em hotéis para os participantes estarão esgotadas até o dia 15 de dezembro.

A grande maioria das reservas feitas até agora são para estrangeiros. Os franceses estão em maior número, seguidos pelos italianos e pelos argentinos. A surpresa deste ano é a participação de americanos. Uma organização financiada por empresas americanas, que trabalha em projetos de alimentação para pessoas em situação de pobreza, solicitou 45 apartamentos.
Os pacotes turísticos locais – roteiros pela Serra, por exemplo – não serão oferecidos pela Astra este ano. Segundo Krause, os participantes da primeira edição não demonstraram interesse nesse tipo de serviço. Para ele, o público do Fórum não vem fazer turismo, mas trabalhar.

Atuando há 32 anos no ramo de turismo, Krause diz que o Fórum é o maior evento que a cidade tem no verão. Com uma ocupação média tradicional de 20% nessa época, os hotéis passaram a lotar:
– Para o estrangeiro, a situação cambial é favorável. Com US$ 70, ele se hospeda em um hotel quatro estrelas aqui. Na Europa, é o preço de um meia estrela.


Artigos

FH: palavras e fatos
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

É compreensível que o presidente FH tente evitar o pior para o Brasil no último ano de governo que lhe resta, depois de ter empurrado o nosso país para esta crise em que nos encontramos. O problema é que apenas com discursos ele não vai conseguir fazer nem isso – e muito menos com palavras que soam falsas porque não têm nada a ver com as políticas praticadas pelo seu governo durante estes sete anos.
O choque entre as palavras e os fatos é gritante. Em toda a história da República, o governo FH está entre os que produziram os maiores déficits, a maior dívida pública, a maior carga tributária e um desempenho econômico dos mais medíocres. E o que impôs ao Brasil a maior vulnerabilidade em relação à situação internacional.

Para sair dessa situação, o Brasil precisa mudar de rumo,
rompendo com esse modelo de economia

Para que se tenha uma idéia da situação, basta dizer que a dívida pública per capita, que era de cerca de R$ 1 mil em 1994 deve chegar no final deste ano a mais de R$ 4 mil e poderá atingir R$ 5 mil até o final de 2002. Ou seja, cada pessoa que vive ou que acaba de nascer em nosso país – jovem, idoso, rico ou pobre – está obrigada a carregar nas costas esse aumento brutal da dívida pública como herança deste governo.

Além disso, o atual governo está entre os piores da nossa história, se considerarmos a taxa média anual de crescimento real do PIB. Entre os 28 chefes de Estado brasileiros desde dom Pedro II (1840-1889), FH é o sétimo pior de todo o período, com média de 2,4%.
Isso sem falar nos lucros exorbitantes obtidos pelos bancos no Brasil, verdadeiros beneficiários das políticas neoliberais do governo, que mantém os juros internos entre os mais elevados do mundo.

Para sair dessa situação, o Brasil precisa mudar de rumo, rompendo com esse modelo de economia. A equipe de economistas que se reúne no Instituto Cidadania – e que lançou as diretrizes político-econômicas contidas no documento “Um outro Brasil é possível” – continua aprofundando propostas que integrarão um novo projeto de desenvolvimento.

Essas diretrizes já deixaram claro que a ruptura deve se dar nos seguintes níveis:
1) Inversão das prioridades da política econômica: as necessidades básicas da grande maioria da população e o crescimento sustentado da economia e do emprego passam a ser as referências fundamentais;

2) Mudança do padrão de crescimento: o núcleo dinâmico da economia volta-se para a ampliação do mercado interno e redistribuição da renda, com base na expansão da produção dos bens básicos da cesta de consumo popular, dos serviços públicos de uso universal, da re-substituição de importações e do incentivo dirigido às exportações;

3) Reorientação do modelo de financiamento da economia: prioridade para o fortalecimento dos mecanismos internos de financiamento do desenvolvimento e para a redefinição do papel e importância do investimento estrangeiro;

4) Modificação do padrão de intervenção do Estado na economia: ênfase no apoio a ações estratégicas para o desenvolvimento nacional, sem prejuízo do reforço do seu papel regulador;

5) Reversão da fragilidade fiscal: a consistência da política fiscal é uma pedra angular de sustentação do novo modelo e implica em se restabelecer a harmonia entre a necessidade de preservar a solvência do Estado, de honrar os seus compromissos e de preservar a sua capacidade de realizar políticas ativas.

A escolha do social como eixo do desenvolvimento do nosso país não significa somente revalorizar, nos planos de governo, os chamados aspectos sociais – a fome, a educação, a saúde, o saneamento básico, a habitação e a cultura. Significa conceber os programas de investimento nessas áreas como verdadeiros vetores de crescimento e transformação da economia. Ou seja, fundamentalmente subordinar toda a dinâmica econômica aos objetivos e prioridades macrossociais.

Isso se traduz basicamente em três objetivos prioritários. A inclusão social de mais de 44 milhões de pessoas, hoje sem cidadania. A preservação do direito ao trabalho e à proteção social de milhões de assalariados, pequenos e médios produtores urbanos e rurais, inativos de baixa remuneração e jovens que buscam ingressar no mercado de trabalho. E a universalização dos serviços e direitos sociais básicos, com a elevação progressiva da qualidade dos serviços prestados e o crescente envolvimento da população na sua gestão. Essa é a base de um programa capaz de mudar e governar o Brasil.


Colunistas

JOSÉ BARRIONUEVO – PÁGINA 10

Desgaste do PT não atinge Tarso

Tarso Genro não sofreu desgaste pela avaliação feita em pesquisa da Cepa-UFRGS publicada nesta edição. O prefeito de Porto Alegre encosta sempre no primeiro colocado no primeiro turno, chegando a liderar num dos cenários. No segundo turno só perde para Zambiasi. Empata com Antônio Britto e tem baixíssimo índice de rejeição.

Olívio perde para todos
A rejeição de Olívio bate recorde depois dos últimos acontecimentos envolvendo seu nome com as falcatruas do Clube da Cidadania. Perde para todos os candidatos, com excessão de José Fortunati, que pode crescer muito em cima de 32% de brancos, nulos, indecisos, de quem não sabe ou não opinou.

Zambiasi é o mais forte
Sérgio Zambiasi perde pontos no primeiro turno para candidatos da oposição, correndo o risco de não se classificar para o segundo turno, ocupando a maioria das vezes uma terceira posição, mas também fica em primeiro ou segundo, dependendo o cenário. Já no segundo turno, é o que obtém maior vantagem sobre Tarso e Olívio.

Britto mantém – Pedro Simon cresce quando não consta na simulação o nome de Britto. Britto não baixou com a troca do PMDB pelo PPS.

Base unida – Prova de que a base não está nem aí para a briga dos caciques, diante de um adversário comum.

Reciprocidade – Antônio Britto cresce com a saída de Zambiasi da lista. E vice-versa. Pode ser sinal de aceitação da aliança PPS-PTB.

Empacados – Celso Bernardi (PPB) e José Fortunati (PDT) estão empacados nas primeiras avaliações.

Reação – Simon é o que mais cresceu em relação a avaliações anteriores.

Espólio – Os quatro pontos que Tarso tem sobre Olívio vão para Yeda, Fortunati e indecisos. Britto, Zambiasi e Simon ficam inalterados. Ver tabelas um e dois.

RS com mais 70 municípios
Atropelando a legislação, que é federal e não tem regulamentação ainda, a Assembléia insiste na farra emancipacionista encaminhando processos para 70 novas emancipações. O Rio Grande do Sul, em cinco anos, dobra o número de municípios: de 325 em 1996, tem hoje 497, podendo chegar a 567. O autor da terceira onda emancipacionista é o presidente da Comissão de Assuntos Municipais, deputado Giovani Cherini, do PDT.
Serão mais 70 prefeitos, 70 vice-prefeitos e 630 vereadores, e alguns milhares de assessores, CCs, FGs, secretários (as) e motoristas.

Consenso no Tribunal de Justiça
Sem traumas e sem sobressaltos, os 125 desembargadores elegem no dia 17 de dezembro uma chapa de consenso para o comando do Tribunal de Justiça do Estado. Estão confirmados os desembargadores José Eugênio Tedesco (presidente), Élvio Schuch Pinto (1º vice) Osvaldo Stefanello (2º vice), Carlos Alberto Bencke (3º vice), Marcelo Bandeira (corregedor).
Um detalhe: o consenso é uma obra de engenharia política, realizada junto com a extinção dos cargos de 4º vice-presidente e de vice-corregedor, o que limitou a margem para composições num colégio ampliado com a extinção do Alçada.

Proença presidirá PPS no Estado
Na convenção marcada para o dia 8 de dezembro, o deputado federal Nelson Proença deverá ser escolhido presidente estadual do PPS, no lugar de Arnóbio Pereira, que continuará na comissão de frente do partido.
u Ciro Gomes e Roberto Freire vêm ao Estado dia 7 para a inauguração da nova sede do diretório metropolitano, presidido por Luis Carlos Mello, e para participar de jantar no CTG 35 em homenagem a Bernardo de Souza, no dia de seu aniversário.
Presidido por Luis Carlos Mello, o metropolitano estará localizado na Rua Lopo Gonçalves, 364.

Traçando o bigode
Na comparação com os cartunistas do centro do país, os artistas do traço da imprensa local até que estão pegando leve. O governador e seu bigode apropriado para caricaturas têm sido tema freqüente nos principais jornais do Rio e de São Paulo.

Marta, Collor, Pitta e o fulgurante jet set nacional
Uma semana depois de ganhar as colunas sociais no casamento mais badalado pelo high society do país, de Jacob Safra e Michele Kamkhagi, a prefeita Marta Suplicy provocou mais calafrios no PT na estréia do programa de Amaury Júnior, na Record. Acompanhada do franco-argentino Luis Favre, com quem namora desde a separação do senador Eduardo Suplicy, após 36 anos de casamento, a prefeita teve que dividir o local reservado às autoridades com figuras nefastas ao PT. Lá estava seu antecessor na prefeitura, Celso Pitta, acompanhado de sua inseparável Rony Golabeck, e o casal Collor. Marta estava muito à vontade entre o pessoal acostumado ao fantástico mundo de Caras.
A prefeita de São Paulo e o governador Olívio Dutra são hoje pedras no sapato de Lula no caminho que separa o candidato do PT do Palácio do Planalto. A pesquisa publicada nesta edição não deixa dúvidas.


ROSANE DE OLIVEIRA

Apenas um retrato

Primeiro levantamento com os possíveis cenários da próxima eleição, a pesquisa Cepa-UFRGS está repleta de elementos capazes de influir na definição dos candidatos de diferentes partidos. Primeira constatação: as conclusões da CPI da Segurança Pública não respingaram no prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, o pré-candidato com mais motivos para comemorar o resultado, não só pelo empate técnico com Antônio Britto, como por manter o mais baixo índice de rejeição entre os primeiros em intenção de voto.

Tarso ostenta uma posição invejável em relação ao governador Olívio Dutra, mas engana-se quem debitar na conta da CPI os números desfavoráveis. Esta é a quarta pesquisa realizada pelo Cepa-UFRGS neste ano e em todas os percentuais do governador ficaram nessa faixa. Apenas na realizada em março foi superior aos 7,5% de agora (8,2%). Não é possível comparar os índices da pesquisa estimulada porque nas simulações anteriores todos os possíveis candidatos apareciam na mesma lista. Olívio se manteve na faixa dos 11% e agora, com cenários em que só aparece um nome de cada partido ou possível coligação, fica entre 18,4% e 19,1%, em segunda ou terceira posição, dependendo dos adversários.

Para desgosto do PMDB, Britto carregou com ele para o PPS os percentuais que tinha antes de trocar de partido. A expectativa dos seus aliados, de que se distanciaria do segundo colocado com a crise no PT, não se confirmou, apesar de a pesquisa ter sido feita em meio à repercussão dos indiciamentos aprovados pela CPI.
A boa notícia para o PMDB é que mesmo estando em campanha para a Presidência da República, o senador Pedro Simon aparece como um candidato competitivo. Diante do pálido desempenho do vereador José Fortunati, a coligação com o PMDB, numa chapa encabeçada por Simon, poderia ser a opção do PDT, já que o ex-governador Leonel Brizola se recusa a subir ao palanque de Britto.

Com muito gosto, Brizola apoiaria o presidente da Assembléia, Sérgio Zambiasi, mas a aproximação do PTB com o PPS tornou mais difícil a união dos trabalhistas. Se mantiver nos próximos meses o bom desempenho dessa pesquisa, em que leva vantagem até sobre Tarso Genro num eventual segundo turno, Zambiasi será pressionado a concorrer ao Palácio Piratini – até porque Britto, embora se comporte como candidato, ainda não deu o sim. Zambiasi teria a vantagem de aglutinar toda a oposição, incluindo o PMDB, que não perdoa Britto pela deserção.


Editorial

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