Brasil ainda tem muito a fazer pelos afrodescendentes, diz Lúcia Vânia



O Brasil tem muito a fazer para propiciar ao afrobrasileiro pleno acesso aos direitos humanos fundamentais, sendo imperioso colocar o tema na agenda dos governos federal, estaduais e municipais, assim como envolver os movimentos sociais e a sociedade civil como um todo.

A avaliação foi feita em pronunciamento nesta quinta-feira (19) pela senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), ao registrar a passagem do Dia da Consciência Negra, comemorado nesta sexta-feira (20), data da morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares.

Em seu discurso, Lúcia Vânia afirmou que, apesar do "propalado mito" da democracia racial brasileira, existe subterraneamente um racismo no Brasil que exclui os afrobrasileiros da sociedade inclusiva do direito a ter direitos, relegados que são a uma cidadania de segunda classe.

Segundo a senadora, a crença de que não existe problema racial no Brasil, somada à atitude de autobranqueamento da própria população negra brasileira, disfarça os antagonismos raciais, desmobiliza a comunidade afrobrasileira e leva o poder público a tratar com descaso a questão. "Ou quando trata, o faz de forma equivocada", disse.

A importância do tema, segundo ela, é realçada pelas conclusões da 3ª Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e as Formas Conexas de Intolerância, realizada no final de 2001, em Durban, na África do Sul.

- O objetivo da reunião foi a elaboração de recomendações de políticas públicas para a erradicação das práticas discriminatórias e a promoção e valorização das populações discriminadas do mundo - informou.

Lúcia Vânia lembrou que a cor tem sido adotada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos censos demográficos como um dos critérios de classificação da população do país. De acordo com os dados oficiais, assinalou a senadora, os negros e pardos no Brasil somam 50% da população, totalizando mais de 70 milhões de pessoas, o que faz com que o país tenha a maior população negra fora da África e a segunda maior população negra do mundo.

- Olhando para a situação real do negro na sociedade brasileira, todos os dados sócioeconômicos que venhamos a analisar mostram um alto grau de desigualdade entre brancos e negros no país - assinalou.

Levando-se em conta a população economicamente ativa, afirmou Lúcia Vânia, os brancos têm uma média salarial de cinco salários mínimos, enquanto os negros recebem em média dois salários. Considerando o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o Brasil ocupa o 74º lugar no ranking mundial. Se fossem levados em conta apenas os dados da população branca, o Brasil saltaria para o 49º lugar na mesma classificação. Se considerada apenas a população negra, o país ficaria na "escandalosa" 108ª posição, explicou.



19/11/2009

Agência Senado


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