Brasil deve defender metas mais ousadas para países ricos em conferência sobre clima



O Brasil deve defender, na 13ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 13) e na 3ª Reunião das Partes (MOP) do Protocolo de Kyoto, que será realizada em Bali, na Indonésia, em dezembro, um caminho semelhante ao que já determina o protocolo, mas com os países desenvolvidos assumindo metas mais ousadas que as definidas anteriormente, e os em desenvolvimento contribuindo com mecanismos efetivos para a redução das emissões de carbono.

Esta foi a posição unânime dos debatedores na audiência pública na Comissão Mista Especial sobre Mudanças Climáticas, que discutiu uma possível imposição de metas para o Brasil no período pós-2012, quando se encerra a primeira etapa do Protocolo de Kyoto - acordo com limites mínimos para a redução de emissão de carbono -, firmado na década de 90. Eles crêem ser mais fácil determinar novas metas em cima do que já está firmado, para que não se paralisem as discussões por mais dez ou 13 anos.

- O que se espera é um acordo consensual, um roteiro para as negociações das novas metas, em 2009 - disse Thelma Krug, secretária de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente.

Ela afirmou que os países em desenvolvimento, especialmente os da Europa, precisam se comprometer de forma mais audaciosa e mostrar engajamento, porque mesmo entre eles, que precisavam cumprir limites, houve um aumento de 12% em média nas emissões. Para Krug, são necessárias ações domésticas, e não só no mercado de crédito de carbono (investimento em projetos limpos em países em desenvolvimento).

- A lição tem que ser feita em casa também - afirmou.

O Brasil, explicou, é considerado exemplo pelos esforços para proteger o clima e o meio ambiente, sempre discutindo o assunto e assumindo posições de liderança em temas como os biocombustíveis, o álcool e o monitoramento da Floresta Amazônica. Ela refutou a acusação de que os países em desenvolvimento, no geral, se mantêm de "braços cruzados". Mas concordou que existem gargalos, como os incêndios que consomem a Floresta Amazônica e elevam o país à quarta posição no ranking de maiores emissores de carbono.

O embaixador extraordinário para a mudança do clima do Ministério das Relações Exteriores, Sérgio Serra, lembrou que estudos de organizações não-governamentais apontaram uma queda nas emissões, por parte de Brasil, China, África do Sul e México, 40% acima das metas compulsórias dos países desenvolvidos signatários do protocolo.

- E estes países ainda têm que cumprir sua agenda de desenvolvimento e resolver seus problemas de desigualdade - acrescentou.

Participaram da reunião os senadores Renato Casagrande (PSB-ES), Magno Malta (PR-ES) e Delcídio Amaral (PT-MS) e os deputados Rodrigo Rollemberg, Eduardo Gomes, Fernando Gabeira, Luiz Carreira e Rocha Loures.



21/11/2007

Agência Senado


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