Brasil é líder no tratamento a pacientes soropositivos



O Dia Mundial de Luta contra a Aids, neste domingo, 1º de dezembro, será marcado por atividades no Rio de Janeiro e em Porto Alegre. No Parque Madureira, no Rio de Janeiro, a programação começou às 10h com fala do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que anunciou o novo Protocolo Clínico de Tratamento de Adultos com HIV e Aids e os novos números da doença no País. Na ocasião, foi lançada ainda a campanha publicitária nacional de prevenção contra a doença.

A programação no Rio de Janeiro contou com a participação de artistas – como Gustavo Leão, Juliana Knust, Thierry Figueira e grupos musicais como Cidade Negra e AfroLata – no talk-show Arena Fique Sabendo, abordando a Aids, o sexo e a sexualidade. No período da tarde, também no Parque Madureira, haverá mobilização com a participação de drags e estátuas vivas, além de show cover de Cazuza, com Pepeu Moraes.

Em Porto Alegre, as atividades acontecem na Usina do Gasômetro, a partir das 16 horas, com um passeio ciclístico, seguido da abertura da exposição A Liberdade do Olhar, uma intervenção teatral abordando a prevenção, o preconceito, o diagnóstico e o sexo seguro, além de shows de street dance, de música eletrônica e da dupla gaúcha Kleiton e Kledir. Confira a programação completa nas duas capitais.

Solidariedade e tolerância

O 1º de dezembro foi transformado em Dia Mundial de Luta contra a Aids em 1987, por meio de uma decisão da Assembléia Mundial de Saúde, com apoio da Organização das Nações Unidas - ONU. A data reforça a solidariedade, a tolerância, a compaixão e a compreensão com as pessoas infectadas pelo HIV/Aids.

A Aids continua sendo um dos maiores desafios da saúde pública em todo o mundo, particularmente nos países mais pobres. Desde que a doença foi descoberta, pesquisadores vem realizando estudos em busca de uma cura e avanços também no acesso à terapia antirretroviral.

De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, no final de 2012, havia cerca de 35,3 milhões de pessoas vivendo com o vírus em todo o mundo. Destas, quase 19 milhões de pacientes ainda não têm acesso a medicamentos antirretrovirais.

Apesar de uma cura ainda não ter sido descoberta, progresso tem sido feito e atualmente soropositivos atingem grande expectativa de vida com mais qualidade. Outro dado animador é que, em 2012, 62% das mulheres grávidas que vivem com HIV receberam os regimes terapêuticos mais eficazes (como recomendado pela OMS ) para prevenir a transmissão de mãe para filho do vírus.

Liderança brasileira

O Brasil é considerado líder mundial no combate à Aids, especialmente no que diz respeito ao tratamento oferecido aos portadores do vírus HIV.  O novo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos, que deve ser assinado ainda neste mês de dezembro, recebeu elogios do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS). "O Brasil vai além da recomendação atual da Organização Mundial da Saúde", afirmou Georgiana Braga-Orillard, coordenadora do Unaids no Brasil. "Novamente o Brasil prova sua liderança na luta contra a Aids", diz ela.

Em junho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou que os países oferecessem tratamento a pacientes com Aids que apresentassem contagem de linfócitos CD4 acima de 500 células/mm³. A contagem destas células de defesa do organismo serve de referencial para avaliar o funcionamento do sistema imunológico dos pacientes. 

Entre os avanços do novo protocolo está a previsão de início do tratamento tão logo seja confirmada a presença do vírus HIV no organismo. A expectativa é de que, com a medida, 100 mil novos pacientes sejam incorporados. Vários estudos demonstram que o uso precoce de antirretrovirais reduz em 96% a taxa de transmissão do HIV.

Panorama da Aids no Brasil

O Brasil registra, em média, cerca de 38 mil novos casos de Aids por ano. Desde os anos 80, já foram notificados 656 mil casos. Estima-se que atualmente cerca de 700 mil pessoas vivam com HIV e Aids no País. Dessas, em torno de 150 mil não sabem de sua condição sorológica. Para acessar essas pessoas, o Ministério da Saúde tem investido na ampliação do acesso à testagem por meio do projeto de mobilização Fique Sabendo, que incentiva e promove a realização do teste de Aids, conscientizando a população sobre a importância da realização do exame.

Observando-se a epidemia por região em um período de 10 anos, 2001 a 2011, a taxa de incidência caiu no Sudeste de 22,9 para 21,0 casos por 100 mil habitantes. Nas outras regiões, cresceu: 27,1 para 30,9 no Sul; 9,1 para 20,8 no Norte; 14,3 para 17,5 no Centro-Oeste; e 7,5 para 13,9 no Nordeste. Vale lembrar que o maior número de casos acumulados está concentrado na região Sudeste (56%).

Atualmente, no País, 345 Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) disponibilizam o teste rápido anti-HIV, além de oferecer aconselhamento sobre prevenção, diagnóstico, tratamento e qualidade de vida, além das maternidades publicas e dos serviços especializados. Cerca de 60% das Unidades Básicas de Saúde (UBS) também oferecem o teste rápido.

Com a mesma confiabilidade do tradicional, o teste rápido exige apenas uma gota de sangue do paciente e fica pronto em cerca de 30 minutos. O exame é 100% nacional desde 2008, produzido pela Biomanguinhos/Fiocruz e pela Universidade Federal do Espírito Santo. Foram disponibilizados em 2012 cerca de 3,7 milhões de testes rápidos anti-HIV no País. Em 2005, esse número era de 500 mil testes de HIV, o que representa mais de 300% de aumento na testagem.

Vacina brasileira contra HIV começa a ser testada

O governo federal busca estimular o envolvimento nacional em pesquisas sobre vacinas contra o HIV, vírus causador da Aids. Os objetivos são o desenvolvimento de vacinas que melhorem a vida de soropositivos e a proteção de quem venha a se expor ao HIV.

Começaram, no início deste mês, os testes em macacos da vacina contra o HIV, que está sendo desenvolvida pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em parceria com o Instituto Butantan. Os quatro animais começaram a ser imunizados com a vacina que contém partes do vírus. Depois, os macacos receberão um vírus modificado que causa o resfriado como parte dos estudos para desenvolver o imunizante.

Após os testes com os quatro animais, serão feitos experimentos com um grupo de 28 macacos e três tipos de vírus diferentes, todos modificados com partes do HIV. “As combinações desses três vírus são, até hoje, as melhores combinações para gerar respostas imunes potentes em primatas. Então, o que a gente vai fazer é escolher, de quatro combinações diferentes, aquela que deu resposta mais forte. E usar essa combinação para teste em humanos”, detalhou o pesquisador.

Caso seja bem sucedida, a vacina vai aumentar a reação dos imunizados ao vírus, diminuindo a capacidade de transmissão e melhorando a qualidade de vida do paciente.

Medicamentos

A produção nacional de remédios antirretrovirais é fator essencial para a viabilidade da distribuição universal e gratuita para soropositivos em todo o País. Hoje, o Brasil produz nove antirretrovirais e discute a licença compulsória de novos medicamentos, colocando o debate sobre o acesso universal e gratuito ao tratamento da Aids no cenário internacional. A licença compulsória permitiria que laboratórios brasileiros, públicos ou privados, produzissem os medicamentos a preços menores, resultando na diminuição dos custos com a compra de medicamentos importados. Em maio de 2007, o Brasil adotou a licença compulsória do Efavirenz e o tema continua em discussão. Os nove antirretrovirais produzidos no Brasil atualmente são: zidovudina, didanosina, lamivudina, estavudina, indinavir, nevirapina, ritonavir, efavirenz e a associação zidovudina e lamivudina em um mesmo comprimido. Em maio de 2010, o Ministério da Saúde anunciou o início da produção nacional do tenofovir. A previsão é que a fabricação desse medicamento comece ainda em 2010.

 Kits para diagnóstico

A garantia de acesso dos pacientes a exames laboratoriais para o diagnóstico do HIV, hepatites virais e outras doenças sexualmente transmissíveis, como sífilis e clamídia, é fator essencial da política nacional de combate a essas doenças. A capacitação nacional nesse setor é uma das prioridades do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, por meio de atividades de apoio à pesquisa, ao desenvolvimento tecnológico, à avaliação da qualidade do diagnóstico laboratorial e à padronização de metodologias usadas na Rede Nacional de Laboratórios.

Programas

Projeto DEBI Brasil

O Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública/Fiocruz e com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), implementa estratégias de prevenção ao HIV e outras DST para gays e outros HSH, cujos resultados em termos de efetividade já foram cientificamente comprovados. Essas estratégias de prevenção fazem parte de um programa do CDC chamado DEBI (sigla em inglês para Difusão de Intervenções Comportamentais Efetivas).

A transferência de tecnologia para o contexto brasileiro integra o programa DEBI Brasil que atualmente é associado à execução de três projetos-piloto até dezembro de 2011, desenvolvidos por ONGs parceiras, em Fortaleza, Porto Alegre e no Rio de Janeiro. As três estratégias de prevenção que fazem parte desse programa-piloto do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais são: Líder de Opinião Popular, Muitos Homens Muitas Vozes e MPowerment.

Jovem

No Brasil, foram registrados 66.114 casos de Aids entre jovens de 13 a 24 anos até junho de 2009. Isso representa 11% dos casos notificados de Aids no País, desde o início da epidemia. Na mesma faixa etária, a transmissão sexual representa 68% dos casos de Aids notificados e a via sanguínea responde por 23%.

Para reduzir a vulnerabilidade de adolescentes e jovens às DST, à infecção pelo HIV e à gravidez não planejada, foi criado o projeto Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE), em 2003. Com ações nas escolas e nas unidades básicas de saúde, o projeto destaca a escola como o melhor espaço para a articulação das políticas voltadas para adolescentes e jovens. É lá que se encontram os principais sujeitos desse processo: estudantes, famílias, profissionais da educação e da saúde.

O SPE promove a integração dos sistemas de ensino e saúde, disponibiliza camisinhas nas escolas e oferece a formação continuada de professores e profissionais de saúde em sexualidade, vulnerabilidade e prevenção das DST/Aids e de jovens multiplicadores para atuarem junto aos seus pares.

Presídios

Por estar privada de liberdade, a população carcerária torna-se dependente do estado para ter acesso a informações de qualidade sobre prevenção de doenças e saúde sexual. Para criar uma agenda de promoção e atenção à saúde voltada para esse segmento, o governo federal lançou, em outubro de 2003, o Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário. O plano prevê a inclusão dessa população no Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo que o direito à cidadania se efetive na perspectiva dos direitos humanos.  As principais ações estão relacionadas à assistência das DST/HIV/Aids e hepatites.

Mulheres

No início da década de 1990, o crescimento de casos de Aids entre as mulheres e da transmissão do HIV de mãe para filho alertou a sociedade. Hoje, de acordo com as estimativas da Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids), 50% das pessoas infectadas no mundo são mulheres. Nesse contexto, a América Latina concentra aproximadamente 550 mil mulheres vivendo com HIV/aids. Para conter o avanço da epidemia nessa população, o Plano Integrado de Enfrentamento à Feminização da Aids e outras DST reúne, desde 2007, uma agenda afirmativa que concentra ações locais e nacionais.

Fonte:

Portal Brasil

Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais

Organização Mundial de Saúde



01/12/2013 14:30


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