Brasil e Turquia tentarão mediar negociações para acordo nuclear do Irã
As relações bilaterais entre a Turquia e o Brasil são o principal motivo da visita do ministro turco de Negócios Estrangeiros, Ahmed Davutoglu, ao País. No entanto, a questão nuclear no Irã foi o principal tema da entrevista coletiva concedida pelo ministro turco e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, nesta sexta-feira (16), no Itamaraty.
Nos últimos meses, o Brasil e a Turquia têm se unido na tentativa de mediar as negociações entre a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e o governo do Irã, em torno do enriquecimento de urânio. Em setembro do ano passado, a agência apresentou ao Irã uma proposta que também recebeu o apoio de seis países integrantes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
Basicamente, a proposta permitia que o Irã obtivesse os elementos combustíveis que precisasse para realizar pesquisas usando urânio enriquecido no próprio país. Em contrapartida, o governo iraniano deveria oferecer garantias de que o urânio não está sendo usado para a fabricação de armas nucleares.
"O Brasil e a Turquia não querem inventar nada em relação à proposta, pois consideramos que ela é muito boa. Nós estamos verificando se há necessidade de ajustes no contexto geral da proposta e acreditamos que se eles forem necessários serão muito poucos. Por isso, é a partir do acordo da AIEA que o Brasil e a Turquia estão trabalhando na tentativa de mediar uma solução com o Irã", afirma o ministro Celso Amorim.
Amorim explica que os dois países buscam uma fórmula para tentar resolver o impasse, acreditando que a diplomacia é o melhor caminho para permitir que o país faça as pesquisas de que necessita. Por outro lado, também defendem que o país ofereça à comunidade internacional a garantia de que possui intenções pacíficas.
O ministro das Relações Exteriores criticou os países que adotam a postura de confronto, apoiando, por exemplo, sanções econômicas e comerciais contra o Irã. "Esses países sabem que sanções não dão resultado mas precisam manifestar sua posição dura com relação ao Irã. Em política, é preciso trabalhar por objetivos, por resultados. É com esse espírito que o Brasil e a Turquia têm conversado".
Semelhanças
Segundo o ministro Amorim, o Brasil e a Turquia são dois países profundamente comprometidos com a paz e que, mesmo com a grande distância geográfica, têm condições de dialogar com vários interlocutores, posição que poucos países possuem na atualidade. "Nós não estamos trocando a nossa mediação entre a AIEA e o Irã por nenhum favor, por nada. Apenas queremos contribuir para o processo de paz nos países do Oriente Médio".
Para Celso Amorim, o fato de o Brasil e a Turquia manterem boas relações com os países ocidentais, como os Estados Unidos e também com o Irã, facilita a possibilidade de os dois países se tornarem mediadores nesta questão. "Podemos ser ouvidos sem despertar desconfiança ou animosidade", disse.
Fonte:
16/04/2010 21:08
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