Brasil pode ganhar US$ 10 bilhões no comércio, diz Amorim



 
O Brasil poderá ampliar em até US$ 10 bilhões as suas exportações, graças às recentes vitórias obtidas pelo país – juntamente com o G-20, grupo de nações em desenvolvimento – nas negociações da Rodada de Doha da Organização Mundial de Comércio (OMC), em Genebra. A estimativa foi anunciada nesta quinta-feira (12) pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, durante reunião conjunta das Comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado e da Câmara.
O cálculo foi feito a partir de estudos de economistas do Banco Mundial que acompanharam as negociações, onde se decidiu eliminar os subsídios atualmente pagos por países europeus e norte-americanos às exportações de produtos agrícolas. Também ficou acertada, segundo o ministro, a redução dos subsídios internos à agricultura. - O que aconteceu nas negociações foi uma revolução na maneira de o país atuar na Organização Mundial de Comércio. As grandes negociações da Rodada Uruguai limitavam-se aos Estados Unidos, à Europa, ao Japão e ao Canadá. Agora, o que existiu foi um triângulo composto por Estados Unidos, União Européia e o G-20, com a liderança e a coordenação de Brasil e Índia – relatou. Na opinião do ministro, a criação do G-20 foi fundamental para que se alcançasse o acordo e introduzir o que chamou de “um certo grau de multipolaridade” na OMC. E isto não teria sido possível, a seu ver, sem o estabelecimento de vínculos de confiança entre o Brasil e países como Índia, China e África do Sul, além da própria Argentina, que, como observou, sempre teve participação ativa nas negociações agrícolas internacionais. Amorim afirmou aos parlamentares das duas comissões que a vitória brasileira não partiu de uma “política de confrontação” com os países desenvolvidos, mas sim da defesa dos interesses nacionais. Ele relatou que o Brasil, anteriormente visto como obstrucionista pelos Estados Unidos na reunião de Cancún da OMC, foi apontado como país chave para o acordo em Genebra. - O texto de Genebra é melhor do que o de Cancún e não esperávamos poder ir tão longe. Em Cancun, o G-20 disse não, porque não queríamos um acordo barato. Os Estados Unidos e a União Européia resolveriam seus problemas eleitorais imediatos, mas teríamos de esperar mais 20 anos por outra oportunidade. Não devemos entrar em negociações internacionais para obter migalhas – afirmou Amorim.

No início da reunião, o presidente da CRE, senador Eduardo Suplicy (PT-SP), fez uma surpresa a Amorim, chamando à mesa a cantora argentina Cecilia Rosseto, recentemente indicada para adida cultural de seu país na Espanha, que cantou trechos de tangos da década de 20. “Esta é uma homenagem à integração dos países do Mercosul e de toda a América do Sul”, disse Suplicy.



12/08/2004

Agência Senado


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