Brasil terá vacinas contra gripe aviária em quatro meses



O ministro da Saúde, José Agenor Álvares, anunciou em audiência pública no Congresso que dentro de quatro meses o Brasil já terá vacinas contra a gripe aviária, para proteção de pessoas. O Instituto Butantan, de São Paulo, vem trabalhando há mais de um ano na vacina, depois de ter recebido verbas extraordinárias do governo federal. A doença já foi detectada em 58 países.

O pronunciamento do ministro foi feito em audiência pública promovida pelas Comissões de Agricultura da Câmara e do Senado e pela Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara. Por mais de três horas, especialistas e autoridades mostraram aos congressistas, em detalhes, o trabalho do governo federal e dos estados para prevenir a entrada da gripe aviária no país e o que será feito se for detectado algum foco em território nacional.

Durante sua explanação, o ministro da Saúde leu comunicado recebido nas últimas horas da Organização Mundial de Saúde sobre família da Indonésia que teve sete pessoas infectadas pelo vírus H5N1, já com mortes de três delas. Havia receio de que poderia ter havido contaminação entre pessoas, mas os especialistas da Organização informaram que mais de 50 pessoas da mesma vila da Indonésia tiveram contato com os doentes e não ficaram contaminadas. Ou seja, a princípio ficou descartada a temida possibilidade de mutação do vírus.

O ministro José Agenor Álvares afirmou que, infelizmente, "é alta a probabilidade de que o vírus venha a ser transmitido entre pessoas", por mutação genética, mas não se pode prever um tempo para que isso ocorra. Apesar disso, ele lamentou que alguns especialistas tenham dado entrevistas falando até mesmo em datas para que a doença seja detectada no Brasil. O plano do governo de prevenção à doença envolvea preparação de médios e enfermeiros, laboratórios em condições de identificar o vírus com rapidez, produção de vacinas, importação de antivírus para humanos, colocação de telas finas ao redor dos galpões de criação de frangos (para evitar contatos com aves migratórias)e exame de materiais de aves que passam pelo Brasil.

O presidente da União Brasileira de Avicultura, o médico Zoe Silveira d'Ávila, foi otimista e ponderou que as pessoas "não precisam ter tanto medo" da gripe aviária e disse que a imprensa, ao comparar a Gripe Espanhola (que matou milhões de pessoas no mundo) à gripe aviária, não leva em conta que "naquela época não existiam os antibióticos".Apesar disso, o ministro lembrou que o percentual de mortes de pessoas infectadas pela gripe aviária tem sido superior a 50%.

Caso a gripe aviária seja detectada no Brasil, haverá grandes perdas econômicas e sociais, previu Ricardo Gonçalves, presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango. O Brasil exporta mais de US$ 3,5 bilhões em carne de frango, ao mesmo tempo em que ela é hoje a mais consumida pelos brasileiros - 37 quilos por pessoa ao ano. As indústrias brasileiras são responsáveis por 43% de toda carne de frango exportada, já superando inclusive as norte-americanas. Para ele, sem plano o montado pelo governo "haveria um verdadeiro desastre", pois até o brasileiro deixaria esta carne de lado, apesar de não ocorrer transmissão da doença quando o alimento é submetido ao calor.

06/06/2006

Agência Senado


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