BRITO DEBATE MATRIZ ENERGÉTICA NA COMISSÃO DE INFRA-ESTRUTURA
A interconexão dos sistemas elétricos do Norte-Nordeste com o do Centro-Oeste/Sudeste/Sul, também conhecida por interligação Norte-Sul, é um dos projetos mais importantes do programa Brasil em Ação, e o custo total de sua implantação é estimado em US$ 738 milhões. A afirmação foi feita pelo ministro de Minas e Energia, Raimundo Brito, durante exposição hoje (dia 9) na Comissão de Serviços e Infra-Estrutura do Senado (CI), para debater a questão relacionada à matriz energética brasileira.
Conforme o ministro, o projeto deverá estar concluído em dezembro de 1998 e, além de beneficiar diretamente os estados do Maranhão, do Tocantins de Goiás e o Distrito Federal, o programa permitirá completar a ligação da maior parte do sistema elétrico brasileiro, para evitar colapsos de energia, especialmente na região Sudeste.
O projeto consiste na construção de uma linha de transmissão, em 500 KV, com capacidade de transporte de 1.000 MW, ligando Imperatriz (MA) a Samambaia (DF), passando por Serra da Mesa (GO), numa extensão de 1.270 quilômetros. Esse empreendimento, disse o ministro, significa na prática a interligação das usinas de Itaipu (12.600 MW), Tucuruí (4.200 MW na primeira etapa e mais 4.125 MW na segunda) e Xingó (4.000 MW).
Ele disse que os dois sistemas, que hoje operam de forma isolada, serão interconectados e, com essa otimização do sistema, devido ao melhor gerenciamento das bacias hidrográficas, serão auferidos ganhos de 600 MW de energia firme, deixando-se de gastar US$ 800 milhões em investimentos de geração.
Raimundo Brito informou que a Eletrobrás está em negociações com o BID e o Eximbank do Japão, com vistas à obtenção de financiamento para o projeto. Ele previu que ainda este ano todos os contratos estarão assinados e, em seguida, se iniciará a construção da linha de transmissão e das subestações.
O comparecimento do ministro à comissão decorreu de requerimentoapresentado pelo senador Romero Jucá (PFL-RR) e subscrito também pelo senador Jefferson Péres (PSDB-AM). Acompanhado pelos presidentes da Eletrobrás, Firmino Ferreira Sampaio Filho, e da Eletronorte, José Muniz Neto, o ministro Raimundo Brito falou sobre as principais ações já desenvolvidas e/ou programadas pelo governo federal para as regiões Amazônica e Centro-Oeste.
Após salientar que do ponto de vista exclusivo de seus recursos energéticos potenciais, o Brasil apresenta um quadro relativamente confortável, "sem maiores restrições ou dificuldades irremovíveis", Raimundo Brito afirmou que o quadro sobre as principais características da matriz energética brasileira "apresenta elevado grau de participação de fontes renováveis e limpas".
O ministro destacou que há um amplo espaço para o crescimento do gás natural na matriz, bem como para sua diversificação, através de uma contribuição crescente do carvão e da energia nuclear.
PLANO REAL
Conforme Raimundo Brito, o que se constatou nos últimos três anos foi a expansão assimétrica da oferta interna de energia, aumento médio de 4,3% ao ano, e particularmente da energia elétrica, com ampliação de 6% ao ano no seu mercado, em relação ao Produto Interno Bruto (média de 3,6% de crescimento ao ano),diferentemente de países considerados industrializados que crescem com reduzida agregação de energia na margem.
- Tais resultados, indiscutivelmente, expressam o aumento da capacidade aquisitiva e a melhoria do bem estar da população, determinadas pelo Plano Real. Indicadores específicos podem ser visualizados através da evolução, no período, como os de consumo de eletricidade residencial (11,1% ao ano), de combustíveis do ciclo otto (11,6%) e de querosene de aviação (11,6% ao ano) - explicou.
DESESTATIZAÇÃO
Raimundo Brito encerrou a exposição analisando o programa de desestatização do setor elétrico. Disse que o processo de privatização do setor elétrico nacional "avança com vigor crescente na direção de maior abertura e dinamismo setorial". Ele sublinhou que o importante é "assegurar um modelo adequado e realístico de financiamento desse segmento, o aumento dos níveis de competição interna e a melhoria da competitividade do país no plano internacional".
No que se refere às empresas do Sistema Eletrobrás, informou que já foram contratados, pelo BNDES, e se acham em curso os serviços de modelagem e avaliação da venda de Furnas e Eletrosul, e em desenvolvimento os processos para seleção de consultoria objetivando a prestação dos trabalhos necessários à desestatização da Chesf e Eletronorte.
O ministro esclareceu que vem alcançando grande êxito a iniciativa do governo federal junto aos estados, no sentido da desestatização de suas concessionárias elétricas, estratégia que, a seu ver, favorece a privatização das empresas da Eletrobrás,por influir na elevação dos valores de seus ativos.09/09/1997
Agência Senado
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