Camata provoca debate em Plenário ao criticar asilo a Cesare Battisti



O senador Gerson Camata (PMDB-ES) relatou a visita que dois parlamentares italianos fizeram ao presidente do Senado, José Sarney, para "mostrar as razões do abalo que a opinião pública italiana sofreu com relação ao Brasil em consequência do asilo político dado ao facínora Cesare Battisti". O senador citou o argumento utilizado pelos parlamentares europeus, para quem a Justiça italiana poderia até ter errado no caso de um homicídio, mas Battisti está condenado por quatro atentados contra a vida. Afirmou que o acusado nunca se apresentou para se defender, mas mandava advogados.

Ainda pior, para Camata, é o fato de Battisti ter cometido crimes no Brasil, uma vez que entrou no país com passaporte falso, tendo depois tirado uma identidade falsa e não declarado o dinheiro que recebia da França. Lembrou que Battisti só pediu refúgio político depois que a polícia o prendeu, com o auxílio do serviço secreto francês. Para Camata, o asilo fere os princípios da Organização das Nações Unidas (ONU), órgão do qual o Brasil faz parte.

Em aparte, o senador César Borges (PR-BA) afirmou que os deputados italianos Domenico Scilipoti (presidente da Associação de Amizade Itália-Brasil) e Carlo Monai manifestaram preocupação quanto à manutenção da tradicional relação de respeito mútuo entre a Itália e o Brasil. Lembrou que o presidente Sarney explicou que o Senado aguarda apreciação do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a questão.

O representante baiano criticou o governo federal por dar tratamento diferente aos boxeadores cubanos, "homens simples do povo que não tinham cometido nenhum crime", que foram deportados "na calada da noite, com avião de outros países". Para ele, ao deportar os cubanos, o governo atendeu ao pedido de "um país que vive sob uma ditadura" e, ao conceder asilo a Battisti, desrespeitou "uma democracia irmã que funciona há muito mais tempo do que a nossa".

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), um dos principais defensores do asilo a Battisti, disse que o italiano irá encaminhar aos ministros do STF, carta na qual explicará, ponto por ponto, as acusações que pesam sobre ele. Já o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) afirmou que o ministro da Justiça, Tarso Genro, ao conceder o asilo, julgou a Justiça italiana, revogando decisão desta. O senador Raimundo Colombo (DEM-SC) argumentou que o terrorismo é inaceitável e rogou para que o incidente não prejudique o bom relacionamento com a Itália.

Ao retomar seu pronunciamento após o aparte de Suplicy, Camata afirmou que já tinha sido do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e que a doutrina do partido ensina a mentir, a esconder e a entregar os companheiros. O senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC), então, pediu um aparte e manifestou sua discordância, dizendo ter participado de organizações de esquerda naquela época e que jamais aprendeu coisas desse tipo.



18/02/2009

Agência Senado


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