Campeões do Futebol Social são homenageados no Senado




Técnico Pupo Fernandes (D) tomou empréstimo bancário para pagar as despesas do time

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Longe dos estádios que serão palco da Copa do Mundo de futebol da Fifa e sem apoio da Confederação Brasileira de Futebol ou de patrocinadores, uma seleção brasileira formada por jovens de comunidades carentes sagrou-se campeã invicta da 11ª edição da Copa do Mundo de Futebol Social (Homeless World Cup), realizada em Poznan, na Polônia, entre 11 e 18 de Agosto. A delegação e os organizadores do projeto no Brasil foram homenageados nesta quarta-feira (27) pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) do Senado.

A Copa do Mundo dos Sem-Teto, como também é conhecida a competição, foi criada há dez anos para chamar atenção sobre as precárias condições de moradia no mundo. A edição deste ano do campeonato contou com a participação de 59 seleções dos cinco continentes (46 no torneio masculino e 13 no feminino).

A seleção brasileira de futebol social teve que driblar a falta de recursos e patrocínio para ser campeã.  A equipe deveria ter, no mínimo, oito atletas — na Homeless Cup, os times têm três jogadores e um goleiro — mas a delegação contou com apenas quatro jogadores, que tiveram que disputar treze partidas. Além disso, a equipe feminina não foi ao campeonato.

Viajaram para a Polônia o técnico Pupo Fernandes;  Darlan Martins, morador do Cantagalo, no Rio de Janeiro; Vinícius Araujo (Rocinha, Rio de Janeiro), Douglas Batista (Jardim Ângela, São Paulo) e Robson Martins (Campo Limpo, São Paulo). A viagem só foi possível porque o técnico da equipe, Pupo Fernandes, tomou um empréstimo bancário para pagar as despesas do time.

- Não queríamos frustrar esses jovens. Encontramos-nos no aeroporto, e viajamos sem reservas e sem treinamento algum. Minha preocupação era que eles se divertissem e que a experiência fosse marcante para eles - comentou Pupo Fernandes, que coordena as seleções de futebol social desde 2004.

Superação

Apesar da igualdade numérica em campo, os jogadores brasileiros não tinham direito a descanso; nem poderiam se machucar, pois não havia substituto. Ainda assim, a equipe brasileira conquistou o título de forma invicta após vencer a seleção do México na final. Como forma de protesto, os brasileiros entraram em campo segurando a camisa dos demais jogadores e jogadoras que não puderam viajar.

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), autor do requerimento de realização da homenagem, elogiou a determinação dos atletas e dos organizadores do projeto, mas lamentou a falta de apoio do governo e da CBF. O parlamentar garantiu que trabalhará para que os problemas não se repitam na próxima edição do torneio, que será realizado em 2014, em Santiago, no Chile.

- Vocês são prova da garra brasileira. Em nome do Senado, quero dizer do orgulho que sinto. Quero também garantir que vamos começar a trabalhar cedo para que, na próxima, vocês possam ir com todo apoio possível – disse Cristovam.

Além do título, o carioca Darlan Martins, de 19 anos, foi eleito o melhor jogador da competição. Ele, os demais jogadores e os organizadores do projeto no Brasil entregaram ao senador Cristovam Buarque (PDT-DF) uma camisa como forma de agradecimento.

- É uma responsabilidade muito grande representar o Brasil fora do país - afirmou.

Futebol Social

A ideia do Futebol Social é promover a integração de comunidades de todo o país e, por meio desse esporte, buscar a inserção de jovens excluídos de 16 a 20 anos, que vivem em situação precária de moradia (ou sem moradia). Eventos e torneios locais são realizados em diversas comunidades do país, em conjunto com outras ações comunitárias e de cidadania. Um dos resultados do projeto é a formação da seleção que representa o Brasil no Campeonato Mundial de Futebol Social, a Homeless World Cup.

No Brasil, o futebol social surgiu como um projeto da Organização Civil de Ação Social (OCAS), que atua na inclusão de pessoas que vivem em moradia precária. O presidente da Associação Brasileira de Futebol Social, Guilherme Araujo, explicou o funcionamento do projeto e pediu o apoio do Ministério do Esporte e da presidente Dilma Rousseff.

- O objetivo principal do futebol social é oferecer experiências transformadoras na vida dessas pessoas que vivem em situação de privação, acesso restrito à educação e ao mercado de trabalho. O futebol é apenas a maneira de aglutinar e fazer essa grande movimentação. Nosso Ministério do Esporte precisa ter uma participação mais ativa nesse projeto. A presidenta Dilma precisa conhecer e saber quem são esses jovens - comentou Guilherme Araujo.



27/11/2013

Agência Senado


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