Candidatos apresentam plano para a geração de renda e emprego









Candidatos apresentam plano para a geração de renda e emprego
Bernardi pretende recolocar RS no mapa dos investidores

O Jornal do Comércio começa hoje a apresentação das propostas para a geração de renda e emprego dos principais candidatos ao governo do Estado, dando seqüência à série de reportagens com o programa de administração dos postulantes ao Palácio Piratini.

O candidato do PPB ao governo do Estado, Celso Bernardi, tem uma extensa agenda de projetos para a geração de renda e de combate ao desemprego. A primeira providência, segundo o candidato, é criar condições para recolocar o Rio Grande do Sul no mapa dos investidores. Para isso, "é preciso fortalecer o Fundopem, especialmente o regional, para beneficiar as regiões menos favorecidas", disse Bernardi, afirmando que, no seu governo, "nenhuma empresa vai sair do Rio Grande sem receber uma proposta de incentivo para permanecer".

De acordo com o candidato do PPB, investir em educação criando e ampliando escolas técnicas de nível médio, que invistam em cursos de qualificação, capacitação e treinamento, é um dos itens mais importantes de sua proposta para a preparação de jovens e de desempregados na obtenção de empregos.

Organizar o sistema produtivo das pequenas propriedades, proporcionando apoio técnico e financeiro à agricultura familiar é outro dos pontos a serem implementados, segundo o programa de governo de Celso Bernardi. "Isso sem descartar as cooperativas de trabalho para o aproveitamento da mão-de-obra menos qualificada", disse o candidato.

Entre os projetos que ele considera mais importantes estão os de estímulo ao turismo e à construção civil, principalmente no que tange à area habitacional. Além de sua intenção de manter e ampliar o programa Primeiro Emprego, implantado pelo atual governo, ele pretende criar o Primeiro Negócio, que vai abrir crédito aos jovens empreendedores que queiram instalar seu próprio negócio ao sair da universidade.

Bernardi pretende ainda estimular o processo de exportação, criando consórcios de pequenos e médios empresários, e instituir o Crédito de Confiança, para conceder financiamentos a pessoas jurídicas caracterizadas como micro e pequenas empresas, voltadas à expansão da atividade produtiva e/ou à manutenção da respectiva força de trabalho. As pessoas físicas voltadas à implementação de pequenos
negócios e/ou à compra de equipamentos e ferramentas de trabalho também terão direito os benefício.

Outro projeto tem como objetivo a criação de políticas tributárias que incentivem os negócios, como a adesão ao Simples (sistema em que as empresas que têm menor faturamento paguem menos impostos), instituir crédito presumido de 5% de ICMS para empresas que tiverem maior número de vagas de empregos e revisar as multas do ICMS, para não tirar ninguém do mercado.

PRICIPAIS PROPOSTAS
- Atração de novos negócios
- Investir em educação para capacitar os jovens e desempregados
- Incentivar a constituição e o fortalecimento das micro, pequenas e
médias empresas.
- Incentivar a exportação via consórcios
- Organizar a agricultura familiar
- Assentar pequenos produtores rurais pelo modelo do Banco da Terra
- Organizar pequenas propriedades rurais em núcleos de produção, com apoio técnico e financeiro
- Estimular a constituição de cooperativas de trabalho
- Estimular o turismo
- Estimular a construção civil na área habitacional
- Fortalecer e ampliar o programa Primeiro Emprego
- Criar o programa Primeiro Negócio
- Instituir crédito presumido de ICMS para a criação de empregos
Britto pretende investir
na formação de cooperativas
O ex-governador Antônio Britto, candidato da coligação O Rio Grande em 1º Lugar, pretende criar um sistema estadual de emprego, "entrelaçado" com o projeto de desenvolvimento. Uma das premissas básicas para que essa meta seja atingida é o investimento na formação de cooperativas, tanto em áreas urbanas carentes quanto junto a comunidades rurais.

Sua intenção é integrar o jovem e o desempregado de até 25 anos à atividade econômica, oferecendo-lhes uma capacitação básica voltada especialmente a serviços auxiliares. "Queremos também reintegrar o desempregado, buscando sua capacitação para novas atividades ou a complementação de sua formação", disse Britto.

A concessão de crédito para empreendedores do setor informal, com capacitação gerencial dirigida aos empreendedores financiados é outro item do programa de governo. Caso vença a eleição, Britto pretende estimular a constituição de sociedades comunitárias de microcrédito - descentralizando, integrando e ampliando a oferta de crédito aos empreendedores de micro e pequenos negócios - e a constituição de organizações de Sociedade Civil de Interesse Público, visando a expansão das ações comunitárias voltadas ao atendimento das populações desorganizadas ou carentes.

A qualificação e certificação profissional, o fortalecimento da organização e comercialização do artesanato e a geração de atividades às famílias estabelecidas em Áreas de Risco Ambiental são outros itens do programa de governo de Britto. "Vamos, ainda, apoiar processos de desenvolvimento local e de descentralização com o intuito de fortalecer a capacidade técnica a nível local", acrescentou.

Principais propostas
- Incentivar a formação de cooperativas
- Integrar o jovem e o desempregado à atividade econômica
- Conceder crédito para empreendedores do setor informal
- Estimular a constituição de Sociedades Comunitárias de Microcrédito
- Estimular a constituição de Organizações de Sociedade Civil de Interesse Público
- Investir na qualificação e certificação profissional
- Fortalecer a organização e comercialização do artesanato
- Gerar atividades às famílias estabelecidas em Áreas de Risco Ambiental
- Apoiar o desenvolvimento local
Tarso quer ampliar incentivo a empresas
Segundo o ex-prefeito Tarso Genro, candidato da Frente Popular ao governo do Estado, o emprego tornou-se um tema de grande impacto social na década de 90. "A abertura indiscriminada da economia brasileira pela política econômica equivocada do governo Fernando Henrique, somado à postura omissa do Estado na gestão anterior, deixou milhares de gaúchos sem trabalho", condenou.

Para corrigir essa distorção, Tarso propõe programas como o Começar de Novo, dirigido à população economicamente ativa, maior de idade e em situação de desemprego. O programa consistiria na concessão de benefícios às empresas que aumentarem seu quadro funcional. Entre outras medidas, o petista pretende incrementar a qualificação profissional e manter os projetos do piso salarial regional e o Programa Primeiro Emprego.

O estímulo à cooperação é uma das prioridades da proposta de uma segunda administração do PT no Estado.

"Além de garantir eficiência, a cooperativização gera trabalho coletivo e práticas solidárias que são fundamentais para a articulação dos produtores locais", destacou. O incentivo à organização dos trabalhadores será feitos através de um gabinete específico.

A concessão de crédito para a agricultura familiar visa gerar, também, postos de trabalho no campo. Tarso prevê os créditos fundiário, rural e facilitado com aval e subsídio. "A agricultura, especialmente a familiar, e a reforma agrária são elementos estratégicos para a promoção de um desenvolvimento sustentável", comentou.

O programa de Tarso para a geração de emprego e renda passa pela criação de condições para o estímulo ao emprego formal e para o fortalecimento das alternativas de renda e de qualificação dos trabalhadores do setor informal.

Principais propostas
- Criação do Programa Começar de Novo
- Manutenção do Programa Primeiro Emprego
- Manutenção do projeto do Piso Mínimo Regional
- Incremento da qualificação profissional
- Criação do Gabinete de Estímulo às Cooperativas
- Fortalecimento da Economia Popular e Solidária
- Concessão de créditos fundiário, rural e facilitado para o homem do campo
- Criação de condições para o estímulo ao emprego formal
- Fortalecimento das alternativas de renda e qualificação ao trabalhador informal

Rigotto quer incentivar desenvolvimento regional
O candidato da coligação União pelo Rio Grande, Germano Rigotto, acredita que somente uma visão e uma política efetiva de desenvolvimento regional podem levar a ganhos reais na geração de empregos e na redução das desigualdades sociais. "Hoje é notório que os problemas das desigualdades do desenvolvimento estadual se converteram em uma questão crítica e central. Nessas condições, é prioritária a Política Estadual de Desenvolvimento Regional, que estamos propondo", destacou Rigotto.

Para o candidato, essa política tem dois objetivos: induzir a geração de novos focos dinâmicos na economia estadual e promover a geração de ocupação e empregos na base social. "Somente se tivermos novas áreas dinâmicas na economia do Estado, poderemos reduzir o número de desempregados em Porto Alegre e nas principais cidades do interior, porque a migração das regiões carentes de oportunidades é que alimenta esse fluxo contínuo de população em busca de trabalho nas grandes cidades", explica Rigotto.

O primeiro princípio da política de desenvolvimento regional do programa de governo de Rigotto é o da concentração. De acordo com ele, as transferências voluntárias de municípios, as operações de crédito favorecidas, os investimentos situados fora do núcleo dinâmico da economia estadual, além da utilização dos instrumentos específicos da política de desenvolvimento regional, deverão convergir para as regiões deprimidas.
O segundo princípio, disse o candidato, é o da complementaridade. De acordo com ele, todos os aportes estaduais para a política de desenvolvimento regional deverão ter contrapartida em gastos públicos locais. Já a terceira premissa é a da parceria, segundo a qual toda a ação de fomento estadual deve estar integrada em metas de participação e envolvimento da iniciativa privada e, em geral, da comunidade local no plano de ação destinado a reverter a situação regional

Para a execução dessa política, Rigotto propõe criar instrumentos como o Fundopem Regional, que amplia o atual, investimentos em infra-estrutura regional e promoção do desenvolvimento empresarial regional, a ser criado dentro da política operacional da Agência de Desenvolvimento do Estado.

Principais propostas
- Incentivar o desenvolvimento regional
- Criar uma política estadual de desenvolvimento regional
- Induzir geração de focos dinâmicos na economia
- Promover a geração de ocupação e empregos na base social
- Transferências voluntárias a municípios
- Investir fora do núcleo atual de desenvolvimento
- Incentivos fiscais especiais para as regiões deprimidas
- Incentivar parcerias com iniciativa privada nas regiões mais pobres


Britto sinaliza possibilidade de diálogo com o PDT
Durante coletiva de imprensa ontem, em Venâncio Aires, o candidato Antônio Britto, da coligação O Rio Grande em 1º Lugar, foi questionado sobre o possível apoio do PDT à sua candidatura. Britto disse que sempre manteve uma atitude de respeito ao PDT, "que tem tradição, história e quadros, e não precisa que ninguém se meta nos seus assuntos internos e de decisões sobre o seu futuro".

Perguntado sobre se estaria mantendo contatos com líderes pedetistas para articular o apoio à sua candidatura, Britto afirmou que, por respeito ao partido, "nossa atitude é de aguardar a decisão, que só cabe ao próprio PDT". Quanto a ser contra ou a favor do entendimento, afirmou que "nossa posição é em favor do Rio Grande e da candidatura Ciro Gomes", declarou.

Para Britto "se o entendimento vier a ocorrer, vamos ficar muito felizes. Nossa prioridade, neste momento é ajudar na vitória da candidatura Ciro, fortalecendo seu palanque no Rio Grande do Sul". O ex-governador ainda garantiu que mesmo tendo havido divergências, a sua relação com os pedetistas sempre foi respeitosa.
De acordo com Britto, os prefeitos do PDT mereceram, durante o seu governo, mesmo sendo o PDT um partido de oposição, "atenção e parceria, que não tiveram no governo do PT, do qual o PDT fez parte". Britto lembrou que não há registro de uma só palavra sua de agressão pessoal ou política ao PDT e aos seus líderes.

"Por isso, para nós, a estrada do entendimento está sempre desobstruída". Ele lembrou que "quando decidimos lançar candidatura própria, tomei cuidado de dizer que aquele gesto não era um adeus, mas um até logo a Leonel Brizola e ao PDT gaúcho".

O vice-presidente da comissão provisória do PDT gaúcho, Pedro Ruas, disse não ver nenhuma possibilidade de aproximação dos trabalhistas com o PPS de Antônio Britto. "Nosso debate é outro. Não estamos discutindo apoio a esse ou àquele candidato", salientou Ruas. O pedetista destacou que amanhã, a partir de uma reunião com a presença de Leonel Brizola, o partido definirá o seu futuro. Conforme Ruas, existem duas correntes de pensamento interno, uma que deseja tocar a campanha da chapa proporcional e de João Bosco Vaz ao Senado, e outra que, frente a desistência de Fortunati, defende o lançamento de outro nome para a disputa ao Piratini.

"É dentro dessa ótica que o PDT deverá encontrar o seu caminho, sempre priorizando a questão nacional", finalizou.


Estudantes protestam na Reitoria por mais segurança
Um grupo de estudantes, moradores da casa do Campus da Agronomia, ocuparam ontem o prédio da Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), na Capital, para protestar contra a falta de segurança na região. A universitária Gabriela Asmus, uma das coordenadoras do movimento, disse que os alunos têm exigido solução há dois anos para os problemas de segurança no campus.

Os manifestantes foram recebidos pelo vice-reitor da Ufrgs, José Carlos Ferraz Hennemann, que prometeu reforçar a segurança no local, com a colocação de dois guardas 24 horas por dia. O campus da Agronomia fica em uma área de 16 hectares etem 31 prédios, onde circulam cerca de 900 pessoas por dia. Deste total, 100 são moradores da casa do estudante. Conforme Gabriela Asmus, já foram registradas mais de 60 ocorrências policiais, como assaltos, ameaça de morte aos alunos e tentativa de estupro. Segundo ela, muitos estudantes decidiram abandonar a Universidade e a casa, devido à violência. "A região se tornou um território livre para a atuação de assaltantes", contou.

O coordenador acadêmico do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Ufrgs, Maurício Costa, informou que há dois meses vem sendo desenvolvido uma campanha de segurança no campus do Centro e da Agronomia. Segundo ele, existe uma defasagem de funcionários porque a Universidade não realiza concurso para a área da segurança.


Governo promete derrubar extinção de pardais na Justiça
O governo do Estado vai tentar derrubar na Justiça o veto ao projeto que prevê a troca de pardais por lombadas eletrônicas nas rodovias do Rio Grande do Sul. É o que garante o secretário estadual dos Transportes, Fernando Variani. Segundo ele, trata-se de um projeto "eleitoreiro, que não é sério nem responsável".

"Tecnicamente, pardais e lombadas não podem ser substituídos um pelo outro", afirma Variani. "O pardal fiscaliza a rodovia como um todo, enquanto a lombada eletrônica controla o ponto específico da via no qual ela estiver ins talada." A data para ingressar na Justiça ainda não foi definida.

Na terça-feira, por 30 votos a 13, a Assembléia Legislativa derrubou o veto que o governador Olívio Dutra impôs à proposta. A medida prevê a retirada dos pardais e sua substituição por lombadas eletrônicas em locais próximos a hospitais e escolas ou de elevada incidência de acidentes de trânsito nas rodovias controladas pelo Estado. Segundo o autor do projeto, deputado Elmar Schneider (PMDB), os pardais estariam sendo utilizados para arrecadar recursos para o governo do Estado, não para educar os condutores.


Dificuldade para rolar a dívida continua
O acordo com o Fundo Monetário Internacional é uma solução de curto prazo e insuficiente para acabar de vez com a crise cambial. A visão é do presidente da Agência Gaúcha de Fomento e professor da Ufrgs, Eduardo Maldonado Filho. "A dificuldade de fechar as contas externas e de rolar as dívidas vai continuar", acredita. Ele esteve ontem na Fundação de Economia e Estatística (FEE) para debater sobre os problemas da governança corporativa e a crise da bolsa norte-americana.

Para Maldonado a instabilidade atual não está relacionada com a corrida eleitoral, mas sim com o próprio modelo econômico brasileiro e com a crise do mercado internacional. "O pacote do FMI vai apenas adiar o problema", diz. O economista complementa que as bolsas podem desvalorizar ainda mais, e essa situação prejudica o Brasil. "Os investidores estão realocando os recursos. A economia norte-americana ainda tem muito a perder", explica.

O economista da FEE André Luís Scherer afirma que ainda não é possível especificar qual é o fundo do poço para o mercado financeiro internacional. "O fundo pode ser cada vez mais embaixo. Se a crise se alastrar, a aversão ao risco aumenta e as empresas vão ter mais dificuldade de pagar as dívidas", justifica. O setor de telecomunicações mundial acumula uma dívida total de US$ 1 trilhão. Nesse caso, há dois cenários possíveis para os Estados Unidos, a recessão de curto ou de longo prazo.


Brasil recebe US$ 30 bilhões do FMI
Depois de apenas sete dias de conversa, os negociadores brasileiros fecharam, ontem, o terceiro acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) do governo Fernando Henrique Cardoso. A surpresa ficou por conta do valor, bem acima do esperado. Serão US$ 30 bilhões para que o País enfrente as incertezas eleitorais e a transição para o próximo governo.

Apenas 20% dos recursos estarão disponíveis este ano, totalizando US$ 6 bilhões. Os outros US$ 24 bilhões ficarão para 2003. Além disso, o FMI aceitou a redução do piso mínimo das reservas que o governo tem que manter dos atuais US$ 15 bilhões para apenas US$ 5 bilhões. A diferença poderá ser usada para intervenção direta no câmbio, a fim de segurar a cotação do dólar.

É na queda da moeda norte-americana que o mercado acredita a partir de agora. "O dólar vai recuar, mas não muito abaixo dos R$ 3,00, o que vai ser bastante positivo para o Brasil", afirma o economista da Ulbra, Aray Feldens. Para ele, o fato de a moeda se estabilizar em um patamar alto vai alavancar as exportações.

O anúncio foi recebido com otimismo pelo diretor da Brasoja, Antonio Sartori. Ele acredita que a estabilização cambial vai beneficiar a receita obtida com a venda externa de produtos agrícolas, já que os exportadores terão maior tranqüilidade para realizar negócios. "A insegurança causada pela oscilação da moeda estava atrapalhando alguns setores. Agora, os benefícios devem aparecer não só para os produtores de commodities, mas também para os fabricantes de máquinas agrícolas, por exemplo", complementa Sartori.

Na indústria, o clima é de alívio. O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Renan Proença, afirma que a confiabilidade demonstrada pelo FMI abre a perspectiva de entrada de investimentos externos. "Também facilita a situação de empresas que buscam empréstimos no exterior ou que precisam rolar suas dívidas", observa Proença.

Anúncio de recursos agrada economistas e empresários
A distribuição do dinheiro em dois anos foi elogiada pelo economista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Marcelo Portugal. Ele diz que o fato de a maior parte dos recursos serem para o próximo ano é extremamente positivo, já que, no ano que vem, o Brasil terá de pagar mais de US$ 10 bilhões de títulos externos. "A grande insegurança no mercado é reflexo do medo de que, depois das eleições, estes pagamentos não sejam efetivados. Com o dinheiro garantido, a situação tende a se acalmar", afirma.

Para o assessor econômico da Federação das Associações Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), Paulo Barcellos, o acordo com o FMI veio em um momento importante, já que o Brasil está sofrendo com a desconfiança do mercado externo. "Há uma falta de crença de que o governo poderá honrar seus
compromissos e a equipe econômica buscou, com o acordo, o aval do fundo para sinalizar que o País tem de
onde tirar recursos caso seja necessário", avalia.

Também surpreendeu o fato de o FMI não exigir um aumento no superávit primário, atualmente em 3,75%.

Esperava-se um pedido de 4%, que não ocorreu. Além disso, o fato de o valor emprestado ser 50% superior ao esperado, de US$ 15 bilhões, demonstra, segundo Feldens, alto nível de confiança na economia brasileira.

"Ninguém empresta tanto dinheiro para quem está à beira da falência", diz o economista da Ulbra.

Ele lembra que não é de interesse de ninguém que o Brasil acabe como a Argentina. "É um mercado potencial
muito grande, e diversos países têm muito dinheiro investido aqui através das multinacionais", explica. Como o mercado mundial anda muito devagar, se o Brasil crescer beneficiará todas estas empresas.

A expectativa é de que a confiança sinalizada pelo FMI influencie as instituições financeiras mundiais para que liberem as linhas de crédito para o Brasil, que estão praticamente suspensas. Assim, haverá dólares no País e os exportadores poderão voltar a realizar seus negócios. Essa semana, quem procurou os bancos gaúchos para a obtenção de financiamento para as vendas externas saiu frustrado. "Praticamente não havia crédito disponível", declara o vice-presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Ricardo Wirth.

Ele conta que os calçadistas menos capitalizados não tiveram condições de efetuar negócios externos, já que dependem de adiantamento de câmbio para financiar a produção e as vendas.

Acordo faz risco-Brasil despencar mais de 10%
O risco-Brasil despencou mais de 10% com a perspectiva da entrada de recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI). O Embi+, medido pelo JP Morgan, pela primeira vez desde o dia 26 de julho encerrou o dia abaixo dos 2 mil pontos. O dólar cedeu 3,05% para R$ 3,02 encerrando na mínima do dia.

Com a confirmação do acordo de US$ 30 bilhões, os analistas esperam que nos próximos dias a moeda norte-americana venha a romper o patamar dos R$ 3,00 e caia ainda mais. Desde o dia 26 de julho a moeda não cai abaixo dos R$ 3,00. Nos contratos futuros para setembro, o dólar cedeu 2,16% e fechou a R$ 2,965. Nas estimativas para para outubro, a cotação ficou em R$ 2,935 "A expectativa é positiva e a moeda não se sustenta acima de R$ 3,00", diz o executivo da tesouraria do Lloyds TSB, Maurício Zanella. Operadores estimam que a moeda norte-americana deve ser negociada nos próximos dias a R$ 2,90.

Os mercados operaram todo o dia na tensão de que a qualquer momento o governo anunciasse os números oficiais do empréstimo. Por isso, o volume de negócios ficou reduzido. Apenas as empresas com dívidas em dólar que vencem nos próximos dias entraram no mercado para comprar dólares. Os bancos também aproveitara m para vender a moeda antes que as cotações cedessem ainda mais.

Os boatos se intensificaram na parte da tarde, depois que o presidente Fernando Henrique Cardoso, a equipe econômica e os líderes de partidos políticos se reuniram em almoço. O mercado estava estimando a ajuda financeira total entre US$ 20 bilhões e US$ 25 bilhões e havia aqueles que falavam até em US$ 40 bilhões. O otimismo aumentou com a confirmação de que o FMI concederia um crédito de US$ 1,1 bilhão para a Turquia.

Circularam rumores ainda de que o Banco Central estaria recomprando títulos da dívida. Os C-Bons, papéis brasileiros mais negociados no exterior, subiram 7,24%, para 59,25% do valor de face. O BC ainda atuou com os US$ 50 milhões diários. Mais rumores sobre a divulgação de novas pesquisas eleitorais também influenciaram no humor dos investidores.


Artigos

O IPE permanece
Ronaldo Küfner

Ao completar 71 anos de existência neste dia 8 de agosto, o Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul - IPE - representará no cenário da administração pública brasileira uma exceção. O RS é o único Estado da Federação que mantém um Plano de Saúde para seus servidores plenamente público e de qualidade, com a mais ampla cobertura de assistência à saúde de servidores públicos. Outro aspecto de importante registro é o fato de ser o IPE, entre os planos de saúde existentes, incluindo-se os planos privados, o único a assegurar, pelo menor custo, ampla cobertura de exames complementares, consultas médicas, cirurgias, procedimentos ambulatoriais, internações e a realização de todos os tipos de transplantes. Estados como Santa Catarina, Paraná, Bahia e Ceará, por exemplo, extinguiram seus planos de assistência médica, colocando seus servidores no SUS, Sistema Único de Saúde, e oferecendo a adesão aos planos privados de assistência médica mediante pagamento para além do percentual de contribuição que era realizada até então, a qual passou a destinar-se, exclusivamente, ao pagamento de pensões e aposentadorias. Nestes casos, menos de 40% dos servidores puderam aderir a um plano de saúde privado, ficando a imensa maioria dos servidores sem essa assistência.

A rede credenciada ao IPE conta com oito mil médicos, mais de 600 laboratórios, 371 hospitais, 105 prontos-socorros e mais de 300 clínicas. Portanto, o IPE reúne a maior rede credenciada de assistência médica abrangendo toda a extensão do Estado. Para exemplificarmos o significado dessa rede, basta referir alguns números relativos ao período de janeiro de 1999 a junho de 2002: 8,5 milhões de consultas médicas; 14,7 milhões de serviços complementares; 314 mil atendimentos ambulatoriais; 487 mil atendimentos hospitalares; 1,2 milhão em procedimentos de pronto atendimento, que, juntos, somaram R$ 1,07 bilhão investidos pelo Plano de Assistência Médica do IPE. Por tudo isso, temos motivos de sobra para comemorarmos 71 anos de existência ininterrupta do Instituto de Previdência do Estado e reafirmar: o IPE permanece sendo um patrimônio dos servidores públicos gaúchos.


Colunistas

ADÃO OLIVEIRA

Pratini é o cara
O ministro da Agricultura e do Abastecimento do Brasil, Marcos Vinicius Pratini de Morais, não parece estar vivendo seus últimos meses no cargo. Ao contrário, dá a impressão de estar imprimindo mais aplicação ao seu trabalho no Brasil e no exterior. Nos últimos dez dias, Pratini colecionou uma série de vitórias que contrastam violentamente com as dificuldades que o Brasil vem enfrentando no mercado financeiro internacional.

No campo internacional, o Brasil conseguiu encerrar com êxito, finalmente, uma negociação que se prolongou por sete anos com o Canadá e que resultou na abertura do rico mercado consumidor canadense aos principais produtores de frangos do Brasil, entre os quais se encontram algumas empresas do Rio Grande do Sul. O atendimento das rigorosas condições sanitárias daquele país automaticamente abrirá as portas de outros mercados igualmente exigentes ao frango brasileiro e possibilitarão, já em 2003, um acréscimo de U$ 100 milhões nas exportações de frangos para o Canadá e algo próximo disso para outros países que também não aceitavam o frango brasileiro. No front internacional, ainda, o vigoroso - e até certo ponto, agressivo, discurso que o ministro brasileiro fez para os ricos desse mundo reunidos em janeiro no Fórum Econômico Mundial, que desta vez se reuniu em Nova Iorque também não caiu no vazio. A União Européia começa a examinar a necessidade de concretizar mudanças na política de subsídios à agricultura e o próprio governo norte-americano, agora quase contando com o fast track em fase final de aprovação no Congresso, já acena na mesma direção. Uma redução nos subsídios agrícolas nos níveis reclamados pelo Brasil acrescentará mais de US$ 5 bilhões nas vendas externas brasileiras.

Mas é dentro do País que estão as vitórias mais importantes do ministério de Pratini. A produção de grãos do Brasil, como se sabe agora, arranhou os 100 milhões de toneladas no ano passado quando, segundo o IBGE, foram colhidas 99,5 milhões de toneladas. Neste ano a produção não ficará abaixo desse número. De qualquer modo, em 2003 as previsões são de uma colheita superior a 105 milhões de toneladas, podendo mesmo alcançar as 110 milhões de toneladas. Um bom resumo dessas vitórias estão nas seguintes informações: a produção brasileira de grãos, em 2002, foi 43% superior à de 1996; a produção brasileira de carnes (bovinos, aves e suínos) cresceu 54% de 1994 para 2001; e a produtividade média da agricultura cresceu 23% de 1995 a 2001, graças principalmente ao aumento da mecanização (vendas de tratores e colheitadeiras, de 24 mil unidades em 1999, saltaram para 35 mil unidades em 2001). Parece que nem o candidato do governo à presidência da República, o senador José Serra, conhece esses números.


CARLOS BASTOS

Britto sinaliza que PDT é bem-vindo
O candidato do PPS ao governo, Antônio Britto, finalmente se manifestou sobre a situação do PDT, depois da renúncia do candidato José Fortunati. Agindo com muita habilidade política, o ex-governador, em entrevista no município de Venâncio Aires, diz que não deseja se imiscuir nos problemas internos do partido de Brizola, e que os pedetistas saberão achar a melhor solução para o impasse em que se encontram. Não se esquivou de sinalizar que sua preocupação é com o Rio Grande do Sul e com a candidatura de Ciro Gomes à presidência, tomando o mesmo rumo do que tem dito Leonel Brizola em seus contatos com seus correligionários. Britto arrematou sua manifestação, ressaltando que quando os partidos tomaram caminhos diferentes na sucessão estadual há dois meses, declarou que não dizia adeus ao PDT e a Brizola, mas um simples até logo. A mensagem de Britto é que tudo se encaminha para PPS e PDT estarem juntos no Rio Grande do Sul, não só no esforço para desbancar o PT do governo, como para dar maior consistência para a candidatura de Ciro Gomes no Estado.

Diversas
- Leonel Brizola estará amanhã novamente em Porto Alegre, para se encontrar com os integrantes da Executiva Estadual, o Conselho Político, prefeitos, deputados estaduais e federais, para um exame da situação.

Os pedetistas estão divididos em três grupos: um defende o lançamento de candidato próprio no primeiro turno, outro entende que deve haver um apoio a Antônio Britto de imediato, e um terceiro de que o partido só deve fazer campanha pelo candidato ao Senado, vereador João Bosco Vaz, e para as nominatas à Câmara Federal e à Assembléia Legislativa.

Faleceu ontem o ex-deputado estadual João Brusa Netto, que foi líder destacado do PTB, MDB e depois do PMDB. Era considerado um dos principais conselheiros políticos do senador Pedro S imon. E era um dos políticos que mais conheciam o cenário partidário do Rio Grande do Sul. É uma perda para a política gaúcha. Seu corpo está sendo velado na Assembléia.

Uma caminhonete Blazer desfila nas ruas de Porto Alegre com três decalcos: Antônio Britto (PPS), para governador, José Otávio Germano (PPB), para deputado federal, e Vieira da Cunha (PDT), para deputado estadual. Este é o legítimo voto camaleão. E não é um voto gremista, pois os dois primeiros são conselheiros do Grêmio, e o último é conselheiro do Internacional.

Celso Bernardi disse ontem em sua incursão pela Costa Doce que nenhum partido é mais anti-PT do que o seu PPB. E sustentou que com suas propostas quer alterar a polarização existente na sucessão gaúcha.

Erradicar o analfabetismo, manter os 35% da receita tributária líquida para a educação e garantir o estudo público do ensino fundamental à universidade são algumas das propostas do candidato Tarso Genro, do PT, para os estudantes gaúchos. Ele falou no roteiro da caravana de educação, que começou em Lajeado.

Última

A Federação Israelita está ouvindo todos os candidatos ao governo e anteontem foi o dia do ex-governador Antônio Britto. O auditório da rua João Telles estava lotado, e o ex-governador já aproveitou para lançar sua rede na direção do PDT. Em seu pronunciamento, Britto citou o vereador Isaac Ainhorn, líder da bancada na Câmara Municipal, nada menos de 13 vezes. Quem também se fez presente foi o candidato a deputado Valter Nagelstein, do PPS, e o ex-pedetista Mathias Nagelstein.


FERNANDO ALBRECHT

Bom de comprar
Às vezes vale a pena buscar presentes em lugares diferentes. Caso da 2ª Feira Do Dia dos Pais, nos altos do Mercado Público. Vale a pena ver (e comprar) objetos em cristal Murano. Para alegria dos bolsos quase vazios, estão com preços bem em conta os cristais da Arco Íris, de Laguna. Há também arte popular latina, como ponchos mantas e toucas e panelas de barro capixabas. Em se garimpando acham-se coisas boas e baratas cidade afora.


O incidente
Em nota à imprensa, o assessor jurídico da Farsul, Nestor Hein, comunica que o presidente da Farsul, Carlos Sperotto, moverá três diferentes processos contra o assessor palaciano Laerte Meliga. Um na esfera criminal (crime contra a honra e dois na área da responsabilidade civil, por dano moral). Hein termina a nota com a seguinte declaração: "Não é prudente que integrantes do Palácio Piratini mencionem questões ligadas à sobriedade e alcoolismo".

Seminário holandês
Holanda em Foco é o seminário que o escritório da Delegação Comercial Holandesa fará dia 21 na Fiergs, um evento que pretende promover parcerias com empresas gaúchas. Agroindústria, logística, energia, meio ambiente e turismo são alguns dos temas abordados nas palestras. Aliás, um deles é específico: como fazer negócios com a Holanda. Os promotores esperam grande afluência de interessados em fechar negócio com eles.

Por falar em Holanda...
...o prezado leitor viu nos últimos meses alguma notícia dando conta de algum tipo de crise econômica na Holanda? Não? Tem visto alguma notícia de crise neste país nos últimos anos? E em décadas? Pois é. Ou nós abusamos da palavra crise - palavra que dia sim e outro também está em alguma parte dos jornais nos últimos 50 anos - ou eles realmente estão no melhor dos mundos. Quem cravar as duas até que acertou.

Semana do Advogado
Será sexta-feira às 17 horas no auditório da OAB o ato solene da Semana do Advogado, ocasião em que serão divulgados os primeiros resultados da campanha da OAB/RS "Por Uma Justiça Mais Ágil", que tem como coordenador Mário Madureira. Nesta etapa foi distribuído um questionário contendo informações e sugestões para a elaboração de um projeto de reformas, visando a simplificação e uma maior eficiência nas rotinas processuais.

Vitrine de ladrão
O serviço de auto-atendimento da maioria das agências bancárias está localizado na parte frontal dos prédios, com amplas janelas para a rua, à descoberto. Ora, do outro lado do vidro está a bandidagem, certamente observando suas vítimas efetuando saques e certificando-se até mesmo em que bolso o dinheiro é guardado. O mais racional seria que as instituições providenciassem em cortinas ou vidro fumê, como existe em algumas agências.

Multas em dobro
Estão se repetindo com alarmante freqüência as atuações duplas de infrações de trânsito na Capital. Para dar só um exemplo, um leitor comprova que foi atuado duas vezes pela mesma infração, falar pelo telefone celular. A multa original foi feita às 18h44min do dia 16 de julho (auto 200205694619) e dia 31 veio outra conta (auto 200206000211) com a mesma infração, dia e hora.

Culpa deles
Parece que o vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney, andou tendo algumas aulas com o PT do Estado. Ele afirmou que seu país já estava em recessão quando ele e George Bush tomaram posse. "A maioria dos problemas econômicos não é culpa nossa", disse. Ou seja, a culpa é da administração anterior.

Problemas da cidade
A avenida Edvaldo Pereira Paiva, ou Beira Rio, não têm coletores de lixo; caliça e animais mortos permanecem dias às margens da avenida; não há calçamento ou ele está mal; áreas de estacionamento estão cheias de crateras; a iluminação é precária para a faixa asfáltica, estacionamento e inexistente no passeio público. Marginais instalam acampamentos, sem falar nos pontos de drogas e prostituição, é a queixa dos moradores.

O boom da soja
Os produtores de soja estão de olho no preço, que vem subindo. O fato de o fenômeno climático El Niño estar às portas não é simples coincidência. Os picos do preço desta oleaginosa se dão às vésperas do fenômeno.

Todos compram e ninguém vende. Isto desde os anos 70, mais precisamente em 1973, embora os gaúchos tenham sido oficialmente apresentados ao El Niño nas enchentes de 1983.

A salvação dos postes
O vereador Haroldo de Souza (PHS) entrou com um projeto que não agrada aos candidatos em geral. Ele quer proibir a utilização de postes e outros equipamentos públicos para a propaganda eleitoral, alegando a poluição visual. Quem vai votar a favor?

Miudas:
- Happy Bussiness da ADVB sob o tema "Para Onde Vai o Rio Grande?" será às 19h do dia 12.

- O Clos du Moulin do Sheraton promove às quartas e quintas-feiras as Noites Oriental e Italiana.

- Sport Club Internacional lança dia 12 às 20h o plano de Sorteio Sorte Colorada.

- Unesco deu sua chancela para a 1ª Reunião Pública Mundial da Cultura da SMC, em setembro.

- Associação Brasileira de Enologia lança hoje às 19h30min no Dall'Onder de Bento Gonçalves o Concurso Internacional de Vinhos.

- Associação do Aço RS visita as mineiras Belgo Mineira, Mercedes Benz e Açominas de 11 a 15.

- Latas de guaraná Antarctica de todo o País virão com o logotipo da Pizza Hut.

- Sexta e sábado a Spaan realiza o seu feirão. Contribuições pelo (51) 3249.1777.


Editorial

RISCO EUA E FALTA DE CRÉDITO CAUSAM CRISE CAMBIAL

Considerada a dupla mais despreparada que assumiu o comando da maior economia do planeta nas últimas décadas, George Bush e Paul O'Neill, um ano e meio depois de deixarem o Titanic econômico correr mar afora em meio aos icebergs sem aviso aos navegantes, dão-se conta de que os Estados Unidos não só têm responsabilidade como, atualmente, são o epicentro dos problemas financeiros que solapam países, Brasil no meio, opinião de José Scheinkman, brasileiro e ex-diretor da Escola de Economia da Universidade de Chicago. Depois de assumir a presidência numa contagem de votos controvertida, erros a seu favor, Bush enfrentou o declínio da década virtuosa de Bill Clinton, os atentados de setembro de 2001 e, finalmente, a maior onda de fraudes corporativas da história do seu país. Ora, medrosos, os bancos que perderam na Argentina, como antes haviam saído chamuscados das crises do México, em 1995, da Ásia, em 1997, e do próprio Brasil, em 1999, agora, ao lado das agências de risco, largam antes nas previsões sinistras e encolhem a exposição. Por isso as linhas de curto prazo para crédito comercial/exportações junto ao BC são de apenas US$ 16 bilhões, quando eram de US$ 40 bilhões, no final de 98, e de US$ 28 bilhões após o choque da flutuação de fevereiro de 1999, cenário pior. Depois de tantas frases desastradas e de ter ignorado o que se passava na Argentina, O'Neill acertou ao afirmar que se vier dinheiro do FMI apenas para desentupir o crédito comercial, ficando de fora os bancos privados, o dinheiro, realmente, entrará por um lado e sairá pelo outro, se vai para a Suíça ou não é outra questão. Logo, temos uma crise de crédito, mas não do sistema bancário ianque.

O terremoto financeiro asiático não foi assinalado nos sismógrafos de Wall Street, das agências de risco ou do FMI, os Estados Unidos estavam em lua-de-mel com a Nova Economia, tudo era lucro. Tanto que o Brasil fez seu ajuste de câmbio e as linhas de crédito bancárias continuaram firmes. O cenário mudou a partir de março de 2000, a Nasdaq começou a desmoronar quando Alan Greenspan gritou que "ela tinha exuberância irracional, uma mentira virtual", o índice caiu mais de 65% em apenas seis meses. Hoje, as perdas nas ações da Nova Economia e Velha Economia acumulam-se em US$ 12 trilhões, o PIB dos EUA. Este é o efeito mais perverso da globalização, a turbulência "on line" que vai e volta a um simples "enter" ou "delete" em microcomputadores dos dois lados do Atlântico e do Pacífico, em minutos. Covarde, o capital correu para o euro, que valorizou-se, saindo dos EUA e da América do Sul. Por isso as ações dos bancos com sede em Nova Iorque, Londres e Frankfurt despencaram 34% entre maio e julho de 2002. Ao vivo, Paul O'Neill e Pascal Lamy dizem que os mercados são injustos com nós, exagero negativista. Com efeito, de 1995 a 2002 o Brasil diminuiu os servidores ativos da União de 567 mil para 450 mil, aposentados do INSS passaram de 16 para 20 milhões, matrículas nas universidades federais aumentaram 200 mil e os gastos com vencimentos do governo subiram de R$ 35,7 bilhões para R$ 73 bilhões, apesar do "congelamento". Por isso, se o Brasil aproveitar o aspecto psicológico que mais este auxílio do FMI causará, talvez não tenha de usá-lo ou poderá devolvê-lo antes. Basta que mantenha o superávit primário em 3,75% do PIB e cresça 3,5% em 2003, aí a relação dívida/PIB, de 58%, cairá, lentamente, pois os juros poderão ser rebaixados e o dólar não subirá além da inflação, pequena. O dólar estará em R$ 2,60 em dezembro, superávit de 3,75% do PIB e contas em dia.

Manter este compromisso, acaciano, pedem o FMI e os bancos aos presidenciáveis. Nada demais, portanto.


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08/08/2002


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