Carlos Bezerra diz que chegou a hora de "enfrentar o problema da dívida pública"



O senador Carlos Bezerra (PMDB-MT), presidente da Comissão Mista de Orçamento afirmou nesta terça-feira (dia 12), em entrevista, que concorda com parte da reivindicação das oposições de se reduzir o valor do superávit primário previsto para 2002, destinando parte do dinheiro a projetos sociais e de investimentos em infra-estrutura.

- Chegou a hora de enfrentar o problema da dívida pública. Há três anos o acordo com o FMI exige grandes sobras nos gastos públicos para pagamento de juros. Acho que é a própria sociedade que não concorda mais com isso - observou.

Bezerra manifestou seu ponto de vista poucos minutos depois de adiar para terça-feira (dia 19) a reunião da Comissão Mista de Orçamento destinada a iniciar a votação do relatório que a deputada Lúcia Vânia (PMDB-GO) apresentou ao projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2002. A reunião foi obstruída pelas oposições. "O governo deixou as oposições assumirem a vanguarda desta discussão, que fatalmente tomará o país a partir de agora."

Para o senador, "não é mais possível" o governo apertar seus gastos para que sobrem no caixa até R$ 31 bilhões por ano para pagamento de juros. Este superávit primário, no entanto, não banca todo o pagamento de juros da dívida pública, obrigando o governo a tomar emprestado no mercado mais dinheiro, para que as contas fechem no final do ano. Conforme a lei orçamentária para este ano, a dívida pública interna bruta deverá chegar a 31 de dezembro próximo em R$ 751,3 bilhões e a externa baterá em R$ 122,2 bilhões, exigindo da União um gasto líquido com juros de R$ 45,4 bilhões neste ano.

12/06/2001

Agência Senado


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