Casagrande critica defasagem entre taxa Selic e taxas de juros cobradas ao consumidor



O senador Renato Casagrande (PSB-ES) criticou nesta terça-feira (14) a defasagem entre o ritmo de redução da taxa básica de juros e o das taxas efetivamente cobradas dos consumidores, durante audiência pública com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. A reunião foi promovida pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).

A taxa básica, também conhecida como Selic, está vinculada às taxas de financiamento de curtíssimo prazo utilizadas nos empréstimos entre bancos - o mercado interbancário - e serve de referência para as demais taxas de juros da economia.

Casagrande lembrou que a taxa básica caiu de 14,25% ao ano para os atuais 11,25% ao ano em um período de aproximadamente 12 meses - uma queda de 21%. Já a taxa de juros média cobrada das pessoas físicas teria caído, no mesmo período, de 137,65% para 131,62%, o que representa uma redução muito menor que a registrada pela taxa Selic: 4,4%.

O senador ressaltou ainda que os representantes do setor bancário, ao justificarem a defasagem, argumentam que ainda faltam medidas a serem implementadas pelo governo ou aprovadas pelo Congresso Nacional, que dariam mais segurança para uma maior redução dos juros cobrados do consumidor final. Casagrande, no entanto, afirmou que "que já passou do momento de utilizar tal desculpa, pois estamos em um nível de estabilidade econômica que permite às instituições financeiras uma redução maior".

- O sistema bancário vive a vida fácil dos juros exorbitantes. Há um nível de irresponsabilidade nisso - declarou o parlamentar.

Livre mercado

O presidente do Banco Central, ao tratar do assunto, reconheceu que a queda da taxa básica não vem sendo acompanhada de forma proporcional por reduções nas taxas pagas pelos consumidores. Ele apontou a competição entre as instituições financeiras como uma forma de redução das taxas de juros e frisou que o Conselho Monetário Nacional vem adotando uma série de medidas para aumentar a concorrência, como a instituição da conta-salário e do cadastro positivo.

A conta-salário é uma conta especial destinada ao pagamento de salários, aposentadorias e pensões, a qual permitirá, segundo Meirelles, que "o consumidor possa mudar de banco com facilidade". Já o cadastro positivo, cuja proposta tramita no Congresso Nacional, seria uma base de dados com os "bons pagadores". De acordo com Meirelles, essa inovação daria maior poder de negociação aos clientes dos bancos.



25/09/2007

Agência Senado


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