Casagrande diz que não investigar denúncias seria muito ruim para o Senado



O senador Renato Casagrande (PSB-ES) defendeu nesta terça-feira (4) a investigação das denúncias feitas contra o presidente da Casa, José Sarney, dentro das regras do Senado, de modo a por fim à crise gerada por dessas denúncias. Ele disse que não pretende pré-julgar ninguém, mas observou que o arquivamento de todas as representações seria "muito ruim" para o Senado.

Casagrande lamentou que a constituição do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado tenha-se dado já durante a crise, o que, em sua avaliação, "contaminou todo o processo". Ele argumentou que se o conselho tivesse sido composto no início do período legislativo, não haveria esse problema, porque teria sido formado num ambiente ainda não contaminado. O senador reconheceu, no entanto, que "este é o ambiente que se tem" e nele o Conselho de Ética deve atuar.

Na opinião do parlamentar, fatos como os registrados na segunda-feira (3), em Plenário, em que senadores contrários e favoráveis à permanência de Sarney no cargo travaram um duro debate, "só pioram a situação" do Senado.

- Aquele tipo de debate beirando a ameaça, não é apropriado ao Plenário do Senado. Nós precisamos buscar uma saída, compreendendo que cada um pode ter a posição que desejar, para a situação que nós estamos vivenciando - afirmou.

O senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) disse, em aparte, que as denúncias devem ser investigadas sem pré-julgamentos ou tropas de choque. Na sua avaliação, os Conselhos de Ética não deveriam representar maiorias e minorias, mas sim examinar o mérito das denúncias apresentadas, "com responsabilidade e respeito".

- Na hora em que conselhos se confundem com tropas de choque, com maiorias ou minorias eventuais, com improvisações de presidente, tornam-se defeituosos - disse Sérgio Guerra.

O senador tucano concordou com Casagrande quanto aos acontecimentos de segunda-feira, considerando-os "deploráveis sob todos os aspectos".

- Confronto, agressão, acusações, contradições, revanchismo, ameaça, dossiê, isso não é conversa de democrata: isso é conversa de bandido. Nós não vamos nessa. Essas denúncias ganharam enorme repercussão e precisam ser explicadas e justificadas, se for o caso, jamais silenciadas, muito menos na pressão ou na ameaça - assinalou.

O senador Almeida Lima (PMDB-SE) disse que foi previsível o que aconteceu na segunda-feira no Plenário e responsabilizou a imprensa por ter incentivado o "bate-boca" e por "fazer chacota" dos senadores. Ele também condenou o que classificou como "patrulhamento do presidente do Conselho de Ética". O senador Wellington Salgado (PMDB-MG) disse que um grande número de representações ao Conselho de Ética pode enfraquecer o instituto e comprometer a imagem do Senado.



04/08/2009

Agência Senado


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