Casagrande diz que reeleição de Lula seria um rompimento com a ordem constitucional
Para o senador Renato Casagrande (PSB-ES), a discussão sobre a possibilidade de se alterar a Constituição federal para conceder um terceiro mandato ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva esconde uma tentativa de romper com a ordem constitucional. Em sua opinião, não há condições políticas para promover tal mudança, que não interessaria, a seu ver, nem ao próprio presidente.
- Nem eu nem o meu partido concordaríamos - frisou.
No último fim-de-semana, a imprensa noticiou que os deputados Carlos William (PTC-MG) e Devanir Ribeiro (PT-SP) teriam apresentado propostas de emenda à Constituição (PECs) que permitiriam duas reeleições consecutivas para presidente, governadores e prefeitos. Além disso, Devanir Ribeiro sugere a realização de um plebiscito para que a população diga se é favorável à idéia.
Casagrande afirmou que rompimento semelhante aconteceu há alguns anos, promovido e incentivado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, quando, durante o exercício do seu mandato, foi aprovada a emenda que lhe permitiu ser reeleito.
- Alguns articulistas consideraram o processo natural, já que a reeleição estava em pauta em vários países da América Latina. Mas o fato é que as regras foram alteradas no meio do jogo - disse.
Na avaliação do líder do PSB, quem colocou esse assunto em pauta o fez por iniciativa própria.
- Isso não seria bom para a imagem do presidente Lula nem para a imagem da democracia brasileira, que não pode ficar fragilizada aos olhos dos outros países do mundo. Precisamos consolidar as nossas regras constitucionais - afirmou.
Em aparte, o senador Sibá Machado (PT-AC) esclareceu que o que o PT propõe é exatamente o inverso: segundo ele, o partido defende o fim da reeleição e o mandato de cinco anos.
- Colocar esse assunto assim, como se fosse o pensamento do PT, é brincar com o que não se deve - disse Sibá.
30/10/2007
Agência Senado
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