CDHU instala cooperativa de catadores de lixo no Jardim Pantanal



Iniciativa conta com parceria de empresas da iniciativa privada e produtores de artesanato com plástico

Catadores de lixo reciclável do Jardim Pantanal, na zona leste da Capital, formaram a Cooperativa Nova Esperança de Reciclagem, para obter melhor preço com o material coletado nas ruas e residências do bairro. Foram incentivados e organizados pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), atuante há anos no local, onde construiu conjunto habitacional e até hoje realiza obras de melhoria para a população.

Os catadores guardam o material em suas casas ou na beira de córregos que atravessam o bairro e deságuam no Rio Tietê, às margens da Rodovia Ayrton Senna. Com a cooperativa, terão um só local para armazenar o produto coletado, classificá-lo e fazer reuniões. Dessa forma, ganham os trabalhadores, pois agora unirão suas forças, e o meio ambiente.

Durante cinco meses, os trabalhadores passaram por treinamento numa escola do Pantanal. Em setembro, 32 receberam diplomas e uniformes numa cerimônia na sede da CDHU, no centro da capital. No curso, aprenderam as técnicas de identificar e classificar materiais recicláveis – papelão, metal, vidro e plástico.

Adquiriram ensinamentos sobre o sistema cooperativo de organização do trabalho, preservação do meio ambiente e a separar os diferentes tipos de plásticos descartados no lixo que permitem reciclagem. O curso foi ministrado por técnicos do Instituto GEA de Ética e Meio Ambiente.

Além de receberem seus diplomas, os participantes do curso assistiram a outras palestras de capacitação. Posteriormente, receberam a visita de representantes da Cooperativa de Arte Alternativa e Coleta Seletiva (Cooperaacs), responsável pelo ensino dos segredos da montagem de arranjos decorativos chamados flocos de neve, feitos a partir de garrafas de plástico, PET.

Sandro Rodrigues, da Cooperaacs, informa que todos os anos, desde 2001, trabalham na decoração natalina do Conjunto Nacional da Avenida Paulista. Para o próximo dezembro, montarão sua arte alternativa no prédio, utilizando 160 mil garrafas PET.

Com a visita à recém-criada Cooperativa Nova Esperança, o rapaz espera contar com a ajuda dos catadores do Jardim Pantanal. Outra obra da Cooperaacs é um globo terrestre gigantesco, instalado num parque de Santo André.

Sede própria

Para organizar o encontro, bem como os cinco meses de curso, a CDHU escalou duas técnicas da Gerência de Ação e de Recuperação Urbana (Garu 1), Bel Frontana e Sheila Duarte. Informam que ainda este mês estará pronto um galpão provisório no bairro, para ser sede da Nova Esperança. No ano que vem, a cooperativa ganhará sede maior e definitiva. “Estamos realizando processo de licitação para essa futura obra”, avisa Sheila, acrescentando que haverá outras atividades de capacitação no futuro. Estão convidados técnicos do Grupo Saint-Gobain, um dos maiores fabricantes de vidro do mundo, e da Tetrapack, produtora da embalagem longa-vida, que cederá uma prensa para a cooperativa do Pantanal.

Moram no bairro – antiga favela em urbanização – aproximadamente 8 mil famílias: 3 mil ocupam apartamentos erguidos pela CDHU. As demais se beneficiam de outras obras de infra-estrutura empreendidas pela empresa. Parte dessas pessoas sobrevive da coleta de detritos recicláveis.  

Parceiros da limpeza

No mesmo dia em que os catadores ganharam seus diplomas, a CDHU assinou protocolo de intenções com a prefeitura de São Paulo para a futura instalação de sistemas de coleta seletiva e reciclagem em outros conjuntos habitacionais.

Pela iniciativa, a companhia se compromete a destinar áreas de sua propriedade para funcionamento das cooperativas, enquanto a prefeitura se responsabiliza pela instalação de contêineres e coleta de resíduos sólidos recicláveis no bairro. O material será entregue à cooperativa da região encarregada da venda à indústria de reciclagem.

Durante a cerimônia, quatro organizações foram homenageadas pela colaboração em projetos de reciclagem. Receberam o título Amigas da Habitação Sustentável: Lojas Marabraz, Instituto Gea, Saint-Gobain e o Condomínio do Conjunto Nacional.

Um por todos...

O presidente da cooperativa é o catador Antônio Alves de Carvalho. Ele diz que estão dando forma a um antigo sonho de trabalho coletivo no bairro, onde antes era cada um por si. “Mas todo mundo tem de trabalhar”, espera Antônio. Todos receberão pelas horas de coleta de material nas ruas e nas casas do bairro. Ele acha que cada cooperado poderá ganhar de R$ 300 a R$ 400 por mês.

A trabalhadora Joana D’arc Conceição de Jesus, que empurra seu carrinho pelas ruas do bairro há quatro anos, acredita que o seu futuro irá melhorar a partir de agora. “O trabalho de equipe é gratificante”, diz satisfeita.

Otávio Nunes

Da Agência Imprensa Oficial

(I.P.)



10/10/2007


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