Cesta básica teve alta de 2,43% em janeiro



Confira os detalhes da pesquisa da Fundação Procon-SP e Dieese

O valor da cesta básica de janeiro apresentou alta de 2,43%, revela pesquisa da Fundação Procon-SP, órgão vinculado à Secretaria Estadual da Justiça e Defesa da Cidadania, em convênio com o Dieese. O preço médio da cesta era de R$ 258,58 em 27 de dezembro e passou para R$ 264,87 em 31/01. O grupo Alimentação registrou a maior alta: 2,58%.

Dentre os produtos que compõem o grupo Alimentação, destacam-se os que registraram as maiores altas de preço neste mês: cebola – kg (39,86%); feijão carioquinha – kg (27,27%); óleo de soja – 900 ml (13,19%); farinha de trigo – pac. 1 kg (8,22%) e leite em pó integral – emb. 400-500 g. (8,12%).

Dos 31 produtos pesquisados na variação mensal, 17 apresentaram alta, 12 diminuíram de preço e 2 permaneceram estáveis. Os grupos Alimentação, Limpeza e Higiene Pessoal apresentaram alta, respectivamente, de 2,58%, 2,16% e 1,28%.

A variação no ano é de 2,43% (base 27/12/07) e, nos últimos 12 meses, de 25,95% (base 31/01/07).

É importante salientar que os aumentos ou quedas de preço dos produtos que compõem a cesta básica nem sempre estão atrelados a algum desequilíbrio entre oferta e demanda, motivado por razões internas (quebras de safra, política de preços mínimos aos produtores, conjuntura econômica do país, etc.) ou razões externas (mudanças no cenário internacional, restrições políticas ou sanitárias às importações brasileiras, entre outros fatores).

As alterações de preços, especialmente as de pequena magnitude, podem refletir tão somente procedimentos adotados por determinados supermercados da amostra, seja para estimular a concorrência, para se destacar em algum segmento, ou simplesmente para “desovar” estoques com o rebaixamento temporário dos preços.

A análise a seguir pretende focalizar os produtos com maior participação na variação do valor médio da cesta básica deste mês.

Cebola

Ao longo de 2007, os preços da cebola na pesquisa da cesta básica oscilaram muito, com altas significativas nos cinco primeiros meses do ano, seguidas de períodos de variações negativas. A oferta nacional de cebola começou a diminuir em setembro, com o fim do pico da safra em São José do Rio Pardo (SP) e Minas Gerais, voltando a elevar os preços.

Os preços na região sul continuam valorizados neste início de ano. Segundo produtores, a valorização deve-se a três fatores: redução na área de plantio desta temporada em relação à anterior; queda de produtividade por conta de adversidades climáticas; e ausência de cebola nordestina no mercado, devido ao término antecipado da safra.

Com a redução gradativa do volume comercializado pelo Sul, a oferta de cebola no mercado interno deve aumentar somente em meados de março, com a entrada do produto argentino.

Na pesquisa da cesta básica de janeiro, o preço da cebola apresentou a maior variação positiva desde maio de 2004 (quando registrou aumento de 60,19% em relação ao mês anterior).

Feijão

A partir de maio do ano passado, o feijão iniciou sua escalada de preços, em decorrência da baixa produtividade da primeira e da segunda safra. O longo período de estiagem, que atingiu a região sul, notadamente o Estado do Paraná – um dos maiores produtores de feijão carioquinha do País -, provocou atraso no plantio. Em conseqüência disso e da redução da área plantada, a oferta foi restrita e os preços atingiram patamares muito altos nos últimos meses de 2007.

Neste início de ano, o atraso da estação chuvosa e a inconstância das chuvas na região de Cristalina e Formosa, em Goiás, e em Unaí, Minas Gerais, já provocaram a quebra de um percentual significativo da safra da cultura nas três cidades, todas grandes produtoras. As chuvas de novembro e dezembro – que foram poucas – não conseguiram repor água nos lençóis freáticos.

Mesmo com a colheita prevista para março e abril, por enquanto a previsão é de que a oferta de feijão continue restrita, mantendo os preços firmes nos próximos meses.

Na pesquisa da cesta básica, o feijão carioquinha acumulou, no ano passado, alta de 158,82%, sendo que, no último bimestre, tivemos variações superiores a 30%.

Soja

O setor teve bons resultados no ano passado, impulsionado pela safra recorde brasileira, pela melhora nos preços internacionais (grãos, farelo e óleo) e pela expansão da demanda brasileira por farelo (pelo setor de rações) e óleo (pelas usinas de biodiesel).

A expectativa de que a China continue a comprar grandes volumes de soja fez com que as cotações do grão disparassem. O preço do óleo de soja também vem se valorizando no mercado internacional. A alta das cotações do petróleo e o cenário de demanda crescente para óleos vegetais, por causa de seu uso nos biocombustíveis, atraíram compras de especuladores e impulsionaram os preços.

A turbulência no mercado financeiro internacional ainda não teve impacto importante nas cotações das commodities, que continuam em alta. Os preços internos tendem a acompanhar essa valorização.

Na pesquisa da cesta básica de janeiro, o preço do óleo de soja apresentou a maior variação positiva desde agosto de 2002 (quando registrou aumento de 14,38% em relação ao mês anterior).

Trigo Os preços do trigo mantiveram-se firmes no ano passado, especialmente no primeiro semestre, por ocasião da entressafra e da alta das cotações do cereal no mercado internacional.

Neste início de ano a situação não é diferente e os estoques estão baixos. Além disso, com as dificuldades de importação de trigo da Argentina (que suspendeu licenças para vendas externas), aumentou a demanda dos moinhos pelo produto nacional.

Os preços internos do trigo, que nunca estiveram totalmente atrelados ao mercado internacional por causa da oferta argentina, poderão permanecer sustentados ao longo deste primeiro semestre.

Preocupado com a possibilidade de faltar trigo no mercado, o que poderia provocar mais inflação, o governo publicou resolução da Câmara de Comércio Exterior autorizando a importação de um milhão de toneladas do produto, sem imposto de importação, de países que não integram o Mercosul. A medida vale até 30 de junho.

Os principais fornecedores de trigo fora do Mercosul são Canadá e Estados Unidos. Na pesquisa da cesta básica de janeiro, o preço da farinha de trigo apresentou a maior variação positiva desde junho de 2004 (quando registrou aumento de 9,45% em relação ao mês anterior).

Leite e derivados

Em 2007, o preço do leite na pesquisa mensal da cesta básica apresentou variações positivas em, praticamente, todos os meses. No último trimestre, as variações foram negativas.

A quebra na produção de leite na Austrália e na Argentina (por motivos climáticos), o aumento do consumo na Ásia e a redução da produção na Europa provocaram forte demanda, com conseqüente alta dos preços internacionais, principalmente a partir do mês de maio do ano passado. Essa valorização teve reflexos no mercado doméstico, que também passava por um período de entressafra, diminuindo a oferta e aumentando o preço internamente.

O fim da entressafra (em setembro) e a crise deflagrada no segmento de leite longa vida (em outubro) colaboraram para que os aumentos de preço começassem a perder força no final do ano.

Quanto ao leite em pó, foi o principal produto exportado pelo país, na categoria de lácteos, em 2007. A valorização do produto no mercado internacional influenciou no direcionamento da produção interna, provocando um abastecimento doméstico insuficiente. Além disso, o aumento das exportações estimulou os investimentos em equipamentos, elevando os custos de produção.

Na comparação anual da pesquisa da cesta básica, em 2007, o leite em pó integral acumulou alta de 41,15%.

Da Fundação Procon-S P

(I.P.)

 



02/13/2008


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