Cesta básica teve alta de 5,37% em novembro, revela pesquisa



O preço médio da cesta era de R$ 238,91 em 31 de outubro e passou para R$ 251,74

O valor da cesta básica de novembro apresentou alta de 5,37%, revela pesquisa da Fundação Procon-SP, órgão vinculado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, em convênio com o Dieese. O preço médio da cesta era de R$ 238,91 em 31 de outubro e passou para R$ 251,74 (recorde desde o Plano Real) em 30 de novembro. O grupo Alimentação foi o que registrou a maior alta: 6,74%.

Dentre os produtos que compõem o grupo Alimentação, destacamos os que registraram as maiores altas de preço, neste mês: feijão Carioquinha – kg (34,66%); carne de primeira – kg (14,18%); açúcar refinado – pac. 5 kg (12,77%); Cebola – kg (12,40%) e carne de segunda s/osso (12,05%).

Vale mencionar o leite em pó Integral (emb. 400-500 g.), que teve sua segunda variação mensal negativa de preço do ano, depois de ter apresentado aumentos significativos, que influenciaram positivamente os índices de inflação, principalmente durante junho, julho e agosto.

Dos 31 produtos pesquisados na variação mensal, 19 apresentaram alta, 9 diminuíram de preço e 3 permaneceram estáveis. Os grupos Alimentação e Higiene Pessoal apresentaram alta de, respectivamente, 6,74% e 0,29% e o de Limpeza, queda de 0,77%.

A variação no ano é de 16,93% (base 28/12/06) e, nos últimos 12 meses, de 17,80% (base 31/11/06).

É importante salientar que os aumentos ou quedas de preço dos produtos que compõem a cesta básica nem sempre estão atrelados a algum desequilíbrio entre oferta e demanda, motivado por razões internas (quebras de safra, política de preços mínimos aos produtores, conjuntura econômica do país, etc.) ou por razões externas (mudanças no cenário internacional, restrições políticas ou sanitárias às importações brasileiras, etc.). As alterações de preços, especialmente as de pequena magnitude, podem refletir tão somente procedimentos adotados por determinados supermercados da amostra, seja para estimular a concorrência, para se destacar em algum segmento, ou simplesmente para “desovar” estoques através do rebaixamento temporário dos preços.

A análise a seguir pretende focalizar os produtos com maior participação na variação do valor médio da Cesta Básica deste mês.

Feijão

Na pesquisa da Cesta Básica de novembro, o feijão carioquinha apresentou sua maior variação mensal positiva de preço dos últimos sete anos. Essa significativa valorização decorre, basicamente, de três fatores.

Primeiramente, os preços baixos do feijão no início o ano (em função da baixa qualidade) retiraram do mercado parte dos grandes produtores. Muitos deles resolveram investir na plantação de milho, soja ou fumo, culturas com indicação de preços mais rentáveis. A oferta também foi reduzida por ocasião do avanço do plantio da cana-de-açúcar no interior, que está ocupando áreas tradicionalmente destinadas ao feijão.

Houve, ainda, problemas climáticos a partir de setembro, quando encerraram-se as colheitas do Paraná. O Estado – um dos maiores produtores de feijão carioquinha do país – ficou com a safra comprometida em função da falta de chuvas. Quem plantou em agosto, na expectativa da ocorrência de chuvas, perdeu a semente e o preparo do solo. Muitos produtores enfrentaram a falta de água até para irrigar.

Por último, o setor vive o pico da entressafra, que por si só já determina uma oferta menor. O novo plantio – do feijão da seca – ocorre apenas em dezembro, com colheita prevista para março e abril.

Na pesquisa da Cesta Básica, o feijão carioquinha acumulou, no ano, alta de 98,82%.

Carne Bovina

O preço da carne bovina, tanto de primeira quanto de segunda, apresentou alta na pesquisa da Cesta Básica. A carne de primeira apresentou a maior variação mensal positiva de preço desde agosto de 2002, quando registrou alta de 14,42% em relação ao mês anterior. A carne de segunda apresentou a maior variação mensal positiva desde agosto de 2006, quando o aumento foi de 13,57% em relação ao mês anterior.

Os preços baixos do boi há cerca de dois anos acabaram estimulando o abate de matrizes, o que reduziu a oferta de animais para engorda e, consequentemente, de carne. Esse fato, aliado à diminuição das pastagens – por ocasião do clima seco – vem provocando impacto sobre os preços do produto. A baixa oferta de animais para abate vem sendo observada também nas regiões de confinamento (aumento dos custos de ração), mantendo curtas as escalas dos frigoríficos.

De outro lado, há uma pressão de demanda oriunda principalmente das exportações, em virtude de problemas de abastecimento de carne no mercado mundial. No final do mês passado foi confirmada a reabertura do mercado russo para as carnes suína e bovina produzidas em Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Amazonas e no sul do Pará. Esses Estados sofriam embargo desde outubro de 2005, mas a Rússia começou uma gradativa liberação em 2006.

Esse aumento da demanda externa pode ajudar a manter os preços firmes, mesmo com a entrada da safra no início do ano.

Na pesquisa da Cesta Básica, a Carne de Primeira e de Segunda acumularam, no ano, alta de 25,48% e de 31,38%, respectivamente.

Açúcar

O preço do açúcar refinado apresentou, na pesquisa da Cesta Básica, uma significativa alta de preço no mês de novembro, após ter registrado queda em outubro. Foi a maior variação mensal positiva de preço desde janeiro de 2006, quando registrou alta de 15,37%.

Iniciado o período de entressafra da cana-de-açúcar, os preços do álcool e do açúcar já começaram a subir nas usinas. No Centro-Sul a safra começa em abril e termina no início de dezembro, provocando a chamada escassez sazonal.

A alta de preços é considerada normal para esta época do ano e só é revertida com o início da colheita, em maio do ano que vem.

Cebola

Apesar da instabilidade no comportamento do mercado da cebola, o produto apresentou variações positivas de preço na maioria dos meses do ano. Após três meses de queda, que se iniciou em junho, os preços voltaram a subir em setembro, outubro e novembro. A menor oferta do período deve-se ao fim do pico da safra nas principais lavouras.

O volume de cebola disponível no mercado em novembro foi inferior ao registrado no mês anterior, elevando o preço do produto. Além da saída de São José do Rio Pardo (SP) e de Monte Alto (SP) do mercado em outubro, Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal encerraram a colheita em novembro, reforçando a diminuição da oferta no período.

Na pesquisa da Cesta Básica, a cebola acumulou, no ano, alta de 116,42%.

Leite e Derivados

Depois de um período de altas importantes de preço e de início de desaceleração em setembro, o leite em pó integral voltou a registrar variação negativa de preço na pesquisa da Cesta Básica de novembro. O queijo muzzarela fatiado apresentou a terceira queda consecutiva de preço.

A expectativa do setor já era de queda do preço, por conta do aumento da produção devido à entrada da safra. Pelo lado da demanda, a diminuição das vendas no varejo traduziu uma diminuição do consumo, como resposta ao aumento dos preços.

No mercado de leite em geral e de leite UHT (de caixinha), em particular, a crise deflagrada no setor lácteo após ser constatada a adição de soda cáustica e água oxigenada no leite produzido por duas cooperativas de Minas Gerais ajudou a pressionar as cotações do produto. Nesse contexto, o leite em pó parece estar entre os derivados menos afetados pela crise, podendo ainda ter sua demanda aumentada em função dela.



12/12/2007


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