Chanceler brasileiro vê pouca chance para a paz



O ministro Celso Amorim, das Relações Exteriores, avaliou nesta quarta-feira (19), em reunião aberta com os senadores que integram o bloco de apoio ao governo no Senado (PT, PL, PSB e PTB), que no conflito envolvendo os Estados Unidos e o Iraque há apenas 10% de chances para a paz. Apesar disso, ele disse que o Brasil não medirá esforços para continuar lutando por uma solução pacífica, a exemplo de Alemanha, França e Rússia.

Celso Amorim disse que, mesmo se a guerra entre Estados Unidos e Iraque for de curto duração, os estragos econômicos serão enormes, principalmente para os países em desenvolvimento. Ele estimou que o preço do petróleo no mercado internacional poderá chegar à marca de US$ 50 o barril, atingindo seriamente o Brasil, mesmo com o país tendo hoje uma dependência de apenas 10% do petróleo importado.

Uma guerra agravará, ainda, a aversão ao risco, na área dos investimentos, prejudicando seriamente todos os países em desenvolvimento. Se houver guerra, o mundo vai passar por uma longa depressão econômica, previu o chanceler brasileiro.

Durante mais de duas horas, o ministro expôs para os parlamentares detalhes da posição brasileira com relação ao conflito no Golfo Pérsico, relatando os recentes contatos que manteve em sua última viagem ao exterior, em reuniões com autoridades de Alemanha, França, Rússia, Japão e também do Reino Unido, onde encontrou interlocutores extremamente receptivos para melhor conhecer a posição brasileira.

Celso Amorim destacou que, apesar das pequenas chances de paz, ele está otimista, pois sentiu no Reino Unido uma posição muito contraditória, uma vez que o primeiro-ministro Tony Blair, ao mesmo tempo que procura mostrar-se um aliado incondicional do presidente norte-americano George Bush, não deixa de acenar para uma solução pacífica para o conflito, do ponto de vista legal.

Segundo Celso Amorim, o Reino Unido pode funcionar como um pêndulo na questão, já que dificilmente os Estados Unidos entrariam sozinhos numa guerra com o Iraque. Essa posição pendular, disse o ministro, pode ser influenciada pelos movimentos populares nos países que se alinham à posição norte-americana, como Inglaterra, Espanha e Itália.

Entre as hipóteses que comentou com os senadores, Celso Amorim afirmou entender que os Estados Unidos podem tentar obter da Organização das Nações Unidas (ONU) uma resolução que, embora não autorize expressamente uma solução de força contra o Iraque, dê margem a uma interpretação que admita esse tipo de solução, ainda que de forma implícita.

Para ele, uma ação de força tipicamente unilateral de Estados Unidos e Inglaterra traria custos enormes para os dois países, principalmente para o Reino Unido, onde os movimentos populares contra a guerra movimentaram, no último final de semana, cerca de 3 milhões de pessoas. Como parte de um esforço conjunto em defesa da paz, Celso Amorim anunciou para os próximos dias uma reunião de chanceleres da América do Sul para debater o tema.



19/02/2003

Agência Senado


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