Chefe da casa Militar do governo Brizola relembra 40 anos da Legalidade
A Assembléia gaúcha teve ontem a oportunidade de ouvir um dos protagonistas do movimento da legalidade, ex-chefe da Casa Militar, braço direito do então governador Leonel Brizola, coronel Emílio Neme, hoje com 76 anos. Em pronunciamento informal e descontraído, O cel. Neme rememorou dados históricos, mesclando-os a fatos inéditos e lembranças dos bastidores do poder da época.
O coronel destacou a importância da união do Poder Executivo e do Legislativo para o sucesso da legalidade. Para ele, "a Assembléia gaúcha sempre foi reconhecida como uma instituição idônea e criteriosa".
Segundo o palestrante, o presidente Jânio Quadros sempre tomou atitudes controversas, ora beneficiando a esquerda, ora a direita. "O ponto máximo foi quando ele condecorou Che Guevara. A classe conservadora não aceitou", lembrou o coronel. Em 1961, época da renúncia de Jânio Quadros, Brizola lutou pela posse do vice-presidente, João Goulart, que estava em visita à China Comunista.
Para o presidente da CCJ e idealizador do evento, deputado João Luiz Vargas, "a legalidade foi um dos maiores movimentos mundiais de resistência democrática e das garantias constitucionais".
A partir do depoimento do chefe da Casa Militar, o deputado Germano Bonow (PFL) contribuiu com seu testemunho, lembrando que esteve presente ao ato em frente ao Palácio Piratini - que estava ameaçado de bombardeio- ainda como estudante da escola Júlio de Castilho, com 19 anos, lutando pela legalidade, mesmo sem pertencer ao partido do governador, o PTB. O depoimento do deputado Bonow corroborou o discurso do cel. Neme, que exaltou "a presença conjunta de todos os partidos na execução do movimento e ainda a participação efetiva dos estudante e operários, que se alistaram em todas as partes do estado, para dar sua contribuição ao País".
O deputado José Ivo Sartori (PMDB) exaltou "a lição que se tira de um acontecimento como esse: o RS é maior do que as divergências políticas".
O deputado Manoel Maria (PTB), que nasceu em Santa Catarina e vive há 15 anos no RS, lembrou que na época da legalidade era um guri, que ouvia no rádio notícias envolvendo o cel. Neme, e por isso, sentiu-se muito emocionado por presenciar um relato "tão rico e tão singelo ao mesmo tempo".
Já o deputado Vieira da Cunha (PDT) salientou que "o cel. Neme é um dos expoentes do trabalhismo, que conquistou o respeito ao longo desses anos lutando pela democracia. A legalidade adiou o golpe, que só veio em 64, graças ao trabalhismo de pessoas como Neme e à grande mobilização popular".
O Fórum da Legalidade é uma promoção da Comissão de Constituição e Justiça e terá, ao longo deste ano, palestras com personalidades importantes, como o ex-governador Leonel Brizola e o ministro do Tribunal Superior Eleitoral, Nelson Jobim, entre outros.
06/27/2001
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