Cibersegurança foi debatida no Fórum Acadêmico dos BRICS
O atual contexto internacional é único em termos de definição do futuro da arquitetura de segurança da informação e os BRICS poderiam desempenhar um papel importante quando se trata de regular o ambiente da internet.
Essa foi uma das conclusões do debate Questões de Paz e de Segurança, ocorrido no Fórum Acadêmico dos BRICS nesta terça, dia 18. Estudiosos dos cinco países discutiram os riscos e as ameaças à segurança e as mudanças na segurança global.
A questão da Cibersegurança foi predominante na discussão, que mencionou temas como espionagem, privacidade, direitos civis e espaço cibernético, regulamentação internacional e tecnológica.
“Nossos direitos não são incondicionais, no ciberespaço são condicionados aos nossos comportamentos na rede”, alertou Paulo Esteves, supervisor Geral dos BRICS Policy Center.
Ele apontou também a ingenuidade das empresas e das instituições brasileiras, referindo-se ao caso de espionagem norte-americano e criticou que não houve uma censura das agências americanas que conduziram as investigações.
“Há uma rede global de espionagem eletrônica e é condenável a prática de violação de direitos humanos e desrespeito à soberania nacional”, afirmou. E defendeu a privacidade como direito universal. “Pode parecer desatualizado, e conservador, mas do ponto de vista democrático, em um país como o Brasil, esses direitos não podem estar alienados.”
Shen Yi, professor associado do School of International Relatins and Public Affairs, complementou explicando que muitas vezes os dados monitorados são fornecidos pelo próprio internauta voluntariamente.
“É uma espada de dois gumes, de um lado tem-se a conveniência e, por outro, a privacidade é aberta”, disse. Yi apontou um caminho de cooperação entre os países membros do BRICS, por meio do compartilhamento de informações que ajudem a criar um consenso comum e de tecnologias. “É possível falarmos sobre cibersegurança numa única voz”, enfatizou.
Vyacheslav Nikonov, presidente do Conselho do Russian National Committee for BRICS Studies, destacou o momento definidor em termos de arquitetura de segurança global e defendeu que os BRICS têm capacidade para propor soluções eficientes neste cenário.
“Rússia e China buscaram soluções diplomáticas não militares na Síria. Nossos esforços não foram apreciados pelos nossos colegas americanos, tampouco pela União Europeia. É importante considerarmos soluções diplomáticas de diferentes naturezas e formatar a arquitetura de segurança de informação no mundo cibernético”, destacou.
Nandan Unnikrishman, vice-presidente e pesquisador sênior da ORF (Índia), explicou que a jornada percorrida pelos BRICS reflete a mudança da arquitetura da segurança do mundo.
“Os países dos BRICS são reconhecidos e estamos espalhados em quase todas as organizações do mundo. Devemos estar unidos não só por causa dos nossos interesses, mas para criarmos um mundo mais justo. É necessário que os BRICS tenham uma política única de regras do ciberespaço”, recomendou.
Candice Moore, professora associada da University of Johannesburg, defendeu o compartilhamento das boas práticas de segurança contra crimes cibernéticos para obter capacidades de respostas internacionais e uma colaboração mais próxima também entre as agências de segurança.
Fonte:
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
20/03/2014 11:59
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