Circuito das Flores e Frutas é novo roteiro da Secretaria de Turismo



Passeios pela zona rural de Holambra revelam explosão de cores e aromas

Um par de tamancos gigantes, moinho de vento e casinha de tijolos. A paisagem tipicamente holandesa está encravada aqui mesmo, no Estado de São Paulo, no Distrito de Campos de Holambra, em Paranapanema. Às margens da Rodovia Raposo Tavares, a 250 quilômetros de São Paulo, Campos de Holambra é pura explosão de cores e aromas que podem ser apreciados com o novo roteiro da Secretaria de Estado de Esporte, Lazer e Turismo: o Circuito das Flores e Frutas.

O projeto foi apresentado na edição da Adventure Fairs 2008. Idealizado pela estância de turismo de Paranapanema, o novo roteiro é voltado para caminhadas, pelas quais o turista observará canteiros, estufas e plantações, com o aroma das flores e a paz do campo.

“São sete caminhos diferentes, com diversos níveis de dificuldade e extensão. Variam de 4 a 14 quilômetros e podem ser combinados, passando por campos de flores ou por dentro de estufas de violetas”, informa Petrus Wagemaker, da Saty Turismo (empresa participante do projeto).

O visitante também pode realizar só um caminho, se estiver só de passagem, ou estender o prazo por alguns dias, já que o roteiro oferece estrutura de hotéis e permite acampamento. Além das trilhas, destacam-se o sotaque e a hospitalidade dos imigrantes holandeses e seus descendentes que se deslocaram para a região, logo após a Segunda Guerra Mundial.

A esperança – No início da década de 1940, do outro lado do Atlântico, o Brasil representou a esperança para muitos holandeses que fugiram de um país devastado pela guerra e vieram para cá. Por meio do cooperativismo fundaram a primeira Holambra, nome formado com pedaços de Holanda, América e Brasil.

Superadas as dificuldades, os pioneiros decidiram enfrentar o desafio de criar outro projeto como o primeiro. Nascia a Holambra 2, em 1960, na Fazenda das Posses, cuja sede foi construída em 1904 e demolida 96 anos depois. Até o ano passado, manteve o nome Holambra 2 – Bairro da Estância Turística de Paranapanema. Em 2008, a comunidade foi elevada a distrito, e adotou o nome Campos de Holambra, em homenagem à produção agrícola – destaque da economia do município.

São centenas de acres de terras que produzem maçãs, pêssegos, nectarinas, ameixas e as famosas flores: violetas, begônias, gérberas e crisântemos. Campos de Holambra é conhecida nacionalmente pela produção de flores e frutas de clima temperado, além de ser referência como um dos maiores pólos irrigados com pivô central do Estado de São Paulo e de possuir uma das maiores usinas de beneficiamento de algodão da América Latina.

Casa do Imigrante – Paranapanema, onde está localizado o Distrito de Campos de Holambra, foi criada em 1944. Distante 256 quilômetros da capital paulista, tem 20 mil habitantes. Com outros dez municípios, todos banhados pela Represa Jurumirim, a cidade integra o Pólo Turístico Cuesta, baseado em duas grandes riquezas: meio ambiente e beleza natural.

A Represa Jurumirim é três vezes maior do que a Baia de Guanabara, no Rio de Janeiro e, além do mais, é de água doce. Um quinto de toda a área da Jurumirim fica em Paranapanema e há diversos locais interessantes para visitar, como a Praia dos Holandeses, a Praia Branca e a Enseada Azul.

A população do município foi formada por pessoas vindas de cidades vizinhas: do Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do Sul (descendência tropeira). Após a Segunda Guerra Mundial, Paranapanema também  recebeu influência de estrangeiros que chegaram da Europa e da América do Sul, principalmente da Holanda, Suíça e Bolívia.

Para aqueles que querem conhecer um pouco da história dos holandeses, a Casa do Imigrante é réplica das primeiras moradias onde os colonos se estabeleceram quando chegaram da Europa. Inaugurada em 2006, está aberta para visitação de segunda a sexta-feira das 7h30 às 16h30.

Descontração, beleza e boas surpresas no Caminho Fruti-Flor

A manhã de 28 de setembro passado estava perfeita para uma caminhada. O grupo, formado por 20 sedentários assumidos e caminheiros quase profissionais, tinha o clima a seu favor. A temperatura amena beneficiava a atividade física. O entusiasmo era tão grande que a extensão do trajeto era irrelevante: 14 quilômetros que reservariam ao grupo momentos de paz e tranqüilidade.

O roteiro escolhido foi o Caminho Fruti-Flor. “Antes de começarmos a caminhada pela trilha, verificamos o perfil do caminheiro. Alguns gostam de andar entre os pomares, outros preferem mesclar flores e frutas. Temos público de todos os tipos. Na última edição, há duas semanas, 90 pessoas participaram do circuito e andaram 14 quilômetros”, explica Petrus Wagemaker, da Saty Turismo.

Das típicas construções holandesas localizadas no centro urbano até a zona rural, as surpresas se sucediam a cada quilômetro percorrido. Com pontualidade britânica, ou melhor, holandesa, o grupo partiu às 8 horas do Recanto Shangri-Lá, apropriadamente trajados e com seus cajados de caminhada. Alguns dos participantes tinham seus próprios cajados de alumínio, mais leves, que ajudam no deslocamento sem grandes impactos.

Um carro de apoio, pilotado por Cintia Wagemaker, também da Saty Turismo, acompanhava o grupo para dar suporte aos menos preparados fisicamente ou para ajudar num eventual acidente. Entusiasmada, a caminhante Gerarda de Bruijn, de 70 anos, tinha preparo físico de dar inveja a qualquer jovem. Ela puxava a caminhada e não perdeu o ritmo durante todo o trajeto. Acompanhada de suas noras, Daniele e Rinen, e netos Nathalya (11) e Lucas (9), colocava a conversa em dia enquanto observava atentamente as pessoas que iam ficando para trás.

A paisagem rural, enfeitada com vacas holandesas e belos cavalos, dava novo fôlego aos caminheiros e, principalmente, aos retardatários. Os cinco primeiros quilômetros foram fáceis, apesar das ladeiras e descidas da zona urbana de Campos de Holambra.

Na parada para o abastecimento (com água e frutas), a conversa ficou mais animada e cada um contava a sua experiência.

As amigas Christina Van Mellis e Shirley Pereira são caminhantes quase profissionais. “Percorremos o Caminho do Sol (São Paulo – 241 quilômetros), Caminho da Fé (São Paulo – 170 quilômetros), Tocos de Mogi (sul de Minas Gerais a São Paulo – 250 quilômetros) e o das Missões (Rio Grande do Sul – 180 quilômetros)”, diz Christina.

Depois da breve parada, o grupo seguiu rumo à zona rural. A chegada ao sítio Steltenpool encheu os nossos olhos de um colorido infinito: do branco ao vermelho mais intenso, as estufas de violetas, crisântemos e begônias encantaram crianças e adultos.

A próxima parada reservava uma surpresa saborosa. Deliciosas maçãs e nectarinas estavam à espera dos caminhantes na propriedade de Jan de Quay, considerado na década de 1990 o rei da maçã. Seu filho Jan Eduard de Quay, engenheiro agrônomo, vê com bons olhos a abertura das propriedades rurais ao turista. “Muitas crianças e até adultos nunca viram uma macieira. Além do aspecto didático, acredito que o turismo rural será um bom motivo para o homem se fixar no campo”.

Após quase 10 quilômetros percorridos, uma surpresa na padaria da Carla: os deliciosos speculaas (bolachas doces), jonker (torradas), pão de mel e wails (tortas). Todos adoraram a torta holandesa (wail) recheada de ricota.

As belíssimas estufas de gérberas e pomares de pêssego encerraram o passeio pelo campo. E como ninguém é de ferro, o retorno à Shangri-Lá foi realizado pela maioria dos caminhantes nos carros de apoio. Na chegada, foi servido almoço precedido de caipirinha. Assim encerrou mais uma manhã de caminhada com a pergunta unânime: quando será a próxima?

Vias de acesso para Campos de Holambra

  • Pela Rodovia Raposo Tavares, quilômetro 245, interligando a Rodovia Municipal Fernando Lima de Oliveira
  • Pela Rodovia Castello Branco, quilômetro 216 (Itatin ga), interligando a Rodovia Municipal, que dá acesso à balsa
  • Pela Rodovia Mário Covas (Itapeva), que dá acesso à Rodovia Raposo Tavares

Principais bairros e distritos

  • O município de Paranapanema possui dois núcleos populacionais: o perímetro urbano, a sede, e outro no bairro Campos de Holambra (perímetro distrital). Os demais bairros são Serra Velha, Serrinha da Prata, Tibiriçá (Vila Aparecida), Sapé (Major), Mato Dentro, Rincão, Lagoa Velha (Ponte), além dos loteamentos em torno da Represa Jurumirim: Terras de Jurumirim, Enseada Azul, Recanto Paranapanema e Terras de Santa Cristina (glebas 5, 6 e 7), entre outras pequenas comunidades.

 

Opções de roteiros do Caminho das Flores e Frutas

  • Caminho Primavera e Cabanha – Passa por produção de flores a céu aberto e criação de ovelhas e cavalos, com percurso de aproximadamente dez quilômetros
  • Caminho das Azaléias – Com cerca de 9 quilômetros, o atrativo principal é a produção de azaléias em grande escalaCaminho Fruti-Flor – Visita à produção de frutas de clima temperado: pêssegos, ameixas, nectarinas e maçãs. O caminho (com distância de 7 quilômetros) também passa pela produção de gérberas de corte
  • Caminho de Quay – Produção de frutas: caqui, goiaba, pêssego, nectarina e instalações de classificação e embalagem de frutas. Este caminho é continuidade do Caminho Fruti-Flor e do Caminho das Violetas
  • Caminho Serra da Prata – Produção de flores, cereais, algodão, frutas como lixia e goiaba. Tem aproximadamente 14 quilômetros
  • Caminho Sapê – Produção de frutas e flores. Pode ser feito em continuação ao Caminho Fruti-Flor ou Caminho das Violetas
  • Caminho das Violetas – Passa por produção de flores com cerca de 80 mil metros quadrados de área coberta (estufas) e outro tanto de produção a céu aberto. Percurso de 12 quilômetros

Maria Lúcia Zanelli - da Agência Imprensa Oficial

Serviço

Mais informações, na Secretaria de Turismo de Paranapanema(14) 3713-9200 – Saty Turismo – (14) 3769-1241 – Jan De Quay – Rodovia Raposo Tavares, quilômetro 256 – Holambra II – (14) 3769-1448