Ciro afirma que economia está indo para o vinagre









Ciro afirma que economia está indo para o vinagre
Candidato do PPS compara receita do FMI ao beijo da morte e diz que não come buchada nem para ganhar voto

O candidato Ciro Gomes (PPS) disse ontem que a economia brasileira "está indo para o vinagre", citando a ameaça crescente da volta de uma inflação alta. Apesar de ter reafirmado que cumprirá o acordo firmado recentemente pelo governo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), Ciro comparou as recomendações da instituição para o Brasil ao "beijo da morte".

Bem-humorado ao longo das duas horas de entrevista ao Grupo Estado, Ciro fez uma autocrítica e admitiu que errou quando chamou um eleitor de "burro". Ele chegou a dizer que estava "muito piadista" e arrancou risos da platéia, ao comentar que "jamais comeria buchada de bode, nem por voto".

Ao falar sobre a buchada, Ciro aproveitou a oportunidade para alfinetar o presidente Fernando Henrique Cardoso com a seguinte observação: Fernando Henrique só comeu a buchada de bode, na campanha de 1994, porque disseram a ele que era um prato francês (trip à la mode Caen).
Apesar de criticar o receituário econômico do Fundo para o Brasil, Ciro disse que atualmente o FMI é a única instituição que aceita emprestar dinheiro para o País. Segundo ele, essa é a primeira vez na história do Brasil em que o crédito em dólar desapareceu do mercado. Ciro afirmou que nem quando o País decretou moratória os bancos internacionais deixaram de emprestar dinheiro ao Brasil.

"Assumirei a Presidência precisando dos dólares do FMI para pagar os juros da dívida feita por Fernando Henrique Cardoso e José Serra", afirmou.

Ciro disse que o Brasil ainda não resolveu os problemas do setor energético. "Vai faltar energia elétrica em 2004, independentemente de quem seja o novo presidente da República". O candidato criticou duramente o processo de privatização do setor elétrico conduzido.

Segundo ele, os valores pagos pelas empresas que compraram as distribuidoras de energia foram muito baixos. "O governo recebe o dinheiro de uma vez só, e as empresas passam o resto da vida explorando o mercado brasileiro", afirmou.

Garotinho diz que Serra é clone de ACM
O candidato Anthony Garotinho (PSB), disse ontem, em Teresina, que seu adversário José Serra (PSDB) é uma versão tucana do ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL). "Ele é o Serra Malvadeza. Está desesperado e se tornou violento. Serra passou a agredir todo mundo. Não vamos fazer esta campanha de agressão", disse. Garotinho saiu do aeroporto carregado nos braços por evangélicos para uma carreata na cidade.

Garotinho disse que o presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem uma coligação Denorex, que parece oposição, mas é governista. Segundo ele, José Sarney (PMDB), Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e ACM votarão em Lula no segundo turno. O candidato afirmou que o foco de seu programa não será Lula. "Quando chegarmos no segundo turno vamos discutir quem faz oposição verdadeira, quem não se corrompe com alianças escusas. Não fazemos oposição Denorex. Esta é uma coligação que parece mas não é", disse Garotinho.

O presidenciável, na certeza de que estará no segundo turno, intensificou a campanha. Somente ontem, ele esteve em Pernambuco, Piauí e Maranhão. "Estamos vendo o povo e temos certeza que vamos para o segundo turno e vamos ganhar de Lula", disse. Segundo ele, o povo que acredita no Brasil vai votar em Garotinho.

Fernando Henrique se afasta de Serra
Irritado com recentes declarações do candidato José Serra (PSDB), o presidente Fernando Henrique Cardoso está se distanciando da campanha e pode até mesmo cancelar uma nova participação no programa do tucano.

O distanciamento entre FHC e Serra aumentou diante da possibilidade de uma nova crise entre Brasil e Argentina, provocada por declarações do candidato. O presidente teria ficado irritado por Serra ter dito que o Mercosul fracassou. A declaração foi feita durante a visita do presidente argentino, Eduardo Duhalde, a Brasília. A afirmação deixou Duhalde constrangido.

O presidente Fernando Henrique desculpou-se informalmente com Duhalde e, em seguida, defendeu o Mercosul.

O estremecimento entre o presidente e Serra é negado pela assessoria do Palácio do Planalto. Interlocutores não negam, no entanto, a existência de uma ciumeira por conta dos telefonemas trocados, quase diariamente, entre Fernando Henrique e o presidente nacional do PT, José Dirceu.
FHC desaconselhou ainda ataques a Lula na propaganda eleitoral de Serra e cobrou mais pulso e integração entre a coordenação política e os candidatos nos estados, principalmente os do PMDB. O partido, apesar do apoio oficial, rachou e 13 estados apoiam o PT.

Segundo convidados à recepção oferecida a Duhalde, no Itamaraty, o presidente não escondeu a preocupação de que o segundo turno seja entre Lula e o candidato do PSB, Anthony Garotinho.

TRE do Pará cassa o líder nas pesquisas
No mesmo dia em que o Ibope anunciava que o candidato Simão Jatene (PSDB) assumia a liderança pela disputa do governo do Pará, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) cassou a sua candidatura pelo uso da máquina administrativa do estado em sua campanha.

Jatene ainda pode recorrer no próprio TRE e, depois, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele afirmou que continuará em campanha até uma decisão final da Justiça.

O juiz-auxiliar Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves também decidiu condenar o governador Almir Gabriel (PSDB) ao pagamento de uma multa de R$ 20 mil por ter sido considerado responsável pelo fornecimento dos bens e dos serviços do estado para o uso da campanha de Jatene.

Segundo pesquisa Ibope, Jatene assumiu a liderança da disputa no Pará, com 44% das intenções de voto. Ademir Andrade (PSB) caiu para o segundo lugar, agora com 24%. Os dois protagonizaram uma troca de intenções de voto. Na medição anterior, o tucano tinha 24% e Andrade, 44%.

A candidata do PT, Maria do Carmo Martins (PT), tem 20% e consegue empate técnico com Andrade. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos. Hildegardo Nunes (PTB) soma 10% das intenções. Os votos brancos ou nulos chegam a 2% e os indecisos representam 7% .

Lula recebe apoio de dissidência do PMDB
O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou ontem, no Rio de Janeiro, o presidente Fernando Henrique Cardoso e a política financeira do governo, em evento no qual recebeu o apoio de parte do PMDB fluminense. Segundo Lula, com a atual taxa de juros – 18% ao ano –, "nada é mais seguro que viver às custas dos lucros especulativos no Brasil. Quem tem risco é o investidor produtivo".

O petista afirmou que, no País, "os juros oferecidos pelo governo para banqueiros comprarem títulos são mais caros que as taxas de lucros de uma empresa. Fica mais fácil ganhar dinheiro especulando do que investir na produção sem a certeza de que se vai ter lucro".

Segundo o petista, "o Brasil é o único país do mundo em que o presidente da República diz que não pode reduzir os juros porque quem reduz é o mercado. É uma contradição: quem aumenta é o governo, mas quem reduz é o mercado".

"Na nossa festa, mesmo quem chegar quando ela já tiver terminado, será bem-vindo", afirmou Lula ao receber do apoio de dissidentes do PMDB do Rio, que, a nove dias das eleições, declararam adesão à candidatura petista.

"Queria dizer a vocês que estão tomando essa decisão a nove dias da eleição, que não ficassem constrangidos de dizer 'nós estamos chegando na festa quando o baile já está terminando'", disse Lula ao agradecer o apoio. Oficialmente, o PMDB do Rio apóia a candidatura de José Serra (PSDB).


Roriz aposta ainda mais no social
O programa do candidato da Frente Brasília Solidária, Joaquim Roriz, destacou ontem os programas sociais do governador e os seus planos de ampliá-los caso se reeleja.

Para Roriz, fornecer cestas de alimentos a 140 mil famílias é muito mais do que uma atitude paternalista, como criticam seus adversários do PT. Ele chega a citar Betinho, cuja campanha contra a fome se tornou símbolo no Brasil, para justificar o seu programa que, além de distribuir 28 quilos de alimentos, gera empregos e renda para o próprio Distrito Federal, já que 90% dos produtos que compõem a cesta são produzidos aqui mesmo no DF. Além da cesta básica, o GDF fornece pão e leite diariamente para 130 mil crianças. Outro programa tipicamente brasiliense, já que 85% do leite é produzido e adquirido na região de Brasília. Roriz quer ampliar ainda mais o programa Renda Minha e estender seus benefícios a mais 25 mil crianças, que vão receber também material escolar e uniforme.

Para o candidato da coligação Brasília com Respeito, Benedito Domingos, não vai faltar apoio a todas as cidades do DF. Benedito respondeu a uma pergunta sobre o que faria por Samambaia e aproveitou para lembrar que é o único candidato a governador "morador de uma cidade satélite".
Carlos Alberto, do PPS, diz que o Distrito Federal não pode continuar com esse crescimento predatório. Por isso, garante, não vai construir novas cidades, mas melhorar as que já existem. Ele propõe um basta à especulação imobiliária, à grilagem de terras e à irresponsabilidade.

Rodrigo Rollemberg recorre aos pioneiros, aos jovens recém-casados e aos inscritos na Shis, que até hoje não receberam sua casa ou seu lote. Ele garante que no seu governo vai vender terrenos legalizados para a classe média e financiar casas para as populações de baixa renda. Trotta pede que o eleitor esqueça que em Brasília só existem duas cores: o azul e o vermelho.


Dólar perto de R$ 4 eleva preços
Primeiros efeitos são o aumento da gasolina, do pão, do macarrão e dos produtos importados ou que têm componentes de fora

Aumentos a curto prazo na gasolina, no pão, no macarrão, de início. Em todos os produtos importados, a seguir. Por fim, nos que têm componentes vindos de fora. Manutenção das taxas altas de juros e abandono de idéia de retomada do crescimento.

Esses serão os primeiros efeitos da alta do dólar, que registrou ontem seu fechamento mais alto desde a criação do real: R$ 3,88 para venda e R$ 3,87 para compra. A cotação marca um avanço de 3,19% no dia, de 13,95% na semana, 28,9% no mês e 67,6% no ano.

A moeda norte-americana está agora a 12 centavos – ou apenas 3% – do até então impensável patamar de R$ 4. Analistas prevêem que o dólar quebre essa barreira psicológica ainda no começo da próxima semana, possivelmente já na segunda-feira, véspera do vencimento de uma dívida cambial e dos contratos futuros de câmbio na BM&F.

Durante os negócios do dia, a moeda chegou a ser vendida a também a inéditos R$ 3,902, batendo o terceiro recorde consecutivo em uma semana. O risco Brasil, que mede a disposição para se investir no País, também bateu um recorde, 2.449 pontos, 10,1% acima do fechamento de ontem. A Bovespa caminha para fechar com baixa superior a 5%, com o tombo médio de 8% das ações da estatal Petrobras. O mercado teme que a estatal acabe nas mãos do ex-governador Anthony Garotinho num eventual governo Lula.

Os números históricos são proporcionados pela combinação entre as dúvidas e temores que ganham peso a uma semana das eleições, o cenário externo desfavorável e a pressão do vencimento de uma dívida cambial de US$ 1,25 bilhão na próxima semana, dos quais o Banco Central rolou até agora apenas 21%. Com isso, o valor do dólar na segunda-feira é considerado crucial.

Loja de R$ 1,99 mudam perfil
O dólar à beira dos R$ 4 virou um tormento para as 17 mil lojas de R$ 1,99 do País, febre no tempo do real forte. Para sobreviver à explosão dos custos e à queda do poder aquisitivo do brasileiro de baixa renda, o setor tenta vencer a crise com criatividade na seleção das mercadorias e em novos nichos, como a venda de alimentos, balas e chocolates.

O Dia da Criança revela as estratégias dos lojistas, que já movimentam cerca de R$ 4 bilhões por ano. Exemplos são a redução pela metade do número de páginas de livros infantis que chegam às lojas; uso de plástico reciclado, mais barato, para brinquedos; e substituição de mercadorias importadas por similares nacionais.

"A marca de R$ 1,99 vai continuar, porque tem um apelo de marketing muito forte. Hoje até o Mc Donald's adota esse padrão de preço", afirma o argentino Eduardo Todres, 45, responsável por uma feira do setor.

Bancos fazem conta do lucro
Quem investiu em dólar, especialmente bancos, saberá na segunda-feira quanto ganhou, ou deixou de ganhar. Estará de olho no valor de uma sigla, a Ptax, que vem a ser a taxa média do valor da moeda, compilada pelo Banco Central entre os bancos, de acordo com o volume negociado no dia.

É a Ptax de segunda-feira, o último dia do mês, que vai determinar quanto as instituições que têm dinheiro a receber pela dívida cambial e com os contratos de dólar futuro para outubro ganharão. Quanto mais alta a cotação, maior será o lucro em reais desses investidores.

O recorde de ontem coloca a cotação do real em dólar abaixo do combalido peso argentino, moeda depreciada por um moratória, uma grave crise política e econômica, a falta de apoio financeiro de organismos internacionais e um risco-país de 6.545 pontos - situação completamente diferente da brasileira. Hoje o peso argentino é cotado a US$ 0,2717, enquanto o real é cotado a US$ 0,2577.


ICMS com desconto, só até dia 30
Pagamento integral pode ter abatimento até 100% sobre as multas e os juros de mora

Termina na segunda-feira, dia 30, o prazo para que as empresas em atraso com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) negociem seus débitos com a Secretaria de Fazenda obtendo 100% de desconto em multas e juros de mora para pagamento integral. A negociação só vale para dívidas contraídas até 30 de junho de 2002.

A dívida com a Receita local pode ser paga integralmente até o final do ano, com descontos decrescentes, até 70%, sendo cobrada apenas a atualização monetária.

Quem preferir parcelar o débito tem prazo até o dia 31 de outubro para formalizar o pedido. O parcelamento pode ser feito em até 60 vezes, com desconto de 50%, comprometendo, no máximo, 0,5% do faturamento médio mensal da empresa. As parcelas não poderão ser inferiores a R$ 40.
Segundo Eduardo Almeida, secretário-adjunto da Fazenda, a dívida ativa correspondente ao ICMS apurado em auditoria fiscal chega a R$ 960 milhões. Se todas as empresas devedoras negociarem seus débitos, o GDF poderá recuperar R$ 460 milhões, considerando os descontos oferecidos pelo Programa de Recuperação Fiscal. Esse valor corresponde à arrecadação de dois meses de receita tributária do DF.

"O dinheiro dos impostos é que dá lastro para a execução financeira do GDF. Como não é um dinheiro com fim determinado, poderá ser utilizado de qualquer forma que esteja prevista no Orçamento", esclarece Almeida.

O Programa de Recuperação Fiscal foi autorizado pelo Conselho de Política Fazendária (Confaz) para que os estados e o Distrito Federal possam recuperar o ICMS devido pelas empresas.
No DF, começou a vigorar no início desta semana e, até agora, segundo Almeida, não existe um balanço das adesões. Almeida afirma, no entanto, que tem sido muito grande a procura de empresas por informações. A maioria interessada em ter um cálculo de sua dívida.

Quem quiser aderir ao Programa deve procurar uma das agências de atendimento da Secretaria da Fazenda. Para pagar o débito integral, é preciso solicitar, nas agências, a e missão dos documentos de arrecadação (boletos) com os benefícios do convênio Confaz (ICMS 98/02) e do Decreto 23.232/02, que regulamentam o programa. O pagamento pode ser feito em qualquer banco.

O mesmo procedimento deverá ser seguido por aqueles que preferirem parcelar o débito. As empresas que pagam o ICMS regularmente com parcelamento poderão pedir a consolidação da dívida e o cálculo de um novo parcelamento. Os que optarem por esta modalidade de pagamento deverão levar o CGC da empresa, comprovantes de inscrição fiscal e os documentos pessoais de todos os sócios. O interessado deverá preencher um formulário, que pode ser obtido no site da Secretaria da Fazenda.


Cartão de crédito deve trazer foto do usuário
Projeto de lei torna obrigatória a identificação, para prevenir a clonagem e dificultar furtos

O cartão de crédito pode ficar mais personalizado e menos suscetível às fraudes. É o que propõe o Projeto de Lei 654/99, em tramitação na Câmara dos Deputados, de autoria do deputado Marçal Filho (PMDB-MS).

De acordo com a proposição, os cartões de crédito deverão ter a foto do proprietário. A medida tem como objetivo identificar o usuário, dificultar o roubo e o uso de cartões alheios, assegurando a utilização do dinheiro de plástico, que passa a ser mais utilizado no Brasil.

Pela proposta, as administradoras terão dois anos para substituir os cartões que não atenderem à exigência. E em caso de não cumprimento ou emissão irregular, haverá multa de R$ 10 mil (em favor do titular).

O projeto já está na pauta de da Câmara dos Deputados e pode, portanto, ser votado até em outubro. Segundo Marçal Filho, autor da proposta, a foto no cartão de crédito vai dificultar a clonagem e as fraudes na utilização do cartão.

Antecipando a regulamentação da lei, o Banco do Brasil oferece o cartão com foto desde 1994 para os clientes jovens e universitários, mas começa a investir em tecnologia mais avançada, o chip, para garantir a segurança do cliente.

Desde agosto o banco está mudando os cartões magnéticos para os que trazem chip e planeja chegar a 50% de clientes até o final do ano. No cartão com chip os dados do cliente encontram-se criptografados e é necessária uma senha para registrar as compras a prazo.

O Citibank também adotou o cartão com foto, o Photocard. O serviço é opcional e tem assinatura digitalizadas. O custo desse cartão é de R$ 10, debitados uma única vez na fatura.

O cartão de crédito, criado em 1950 para ser utilizado em restaurantes, é atualmente um produto consolidado no mercado. No Brasil são 22,2 milhões os portadores e mais de 480 mil estabelecimentos credenciados.

A praticidade do cartão de crédito, porém, trouxe também aborrecimentos para os usuários: vieram as fraudes, clonagens e roubos.

Clientes e lojistas aprovam
A segurança do cartão de crédito é uma das grandes preocupações para quem o utiliza. Por isso, a foto no cartão de crédito, como prevê o projeto de lei do deputado Marçal Filho, foi uma idéia bem recebida por usuários e lojistas credenciados a administradoras de cartões.

O administrador de empresas Luiz Antônio Ferreira, 47 anos, praticamente só utiliza o cartão de crédito na hora de comprar e é a favor de ter sua foto nos cartões. "Gosto da idéia justamente por evitar a clonagem, até porque quem usa cartão é alvo fácil desse tipo de prática", afirma.

Luiz Antônio teve seu cartão clonado há pouco tempo. Ele recebeu fatura com despesas que não havia feito. "Reclamei com a administradora e fui ressarcido, mas qualquer um pode passar por isso", conta.

Mesmo com o perigo das fraudes, ele é um adepto incondicional do cartão de crédito. "Tudo o que posso comprar com o cartão, compro", diz. "É bem mais prático porque vem com as compras discriminadas, tem vencimento programado e programa de milhagem", afirma o administrador.
A foto obrigará os lojistas a identificar o proprietário ao cartão apresentado, o que nem sempre é feito e facilitando a utilização de cartões roubados. "É um projeto interessante para todo mundo, pode impedir as fraudes", diz Michelle Alves, gerente da loja Open Clips, no Conjunto Nacional. "Hoje, nós praticamente não identificamos os donos do cartão e isso virou hábito", comenta.

Segundo Michelle, boa parte das vendas na loja são pagas com cartão. "É uma grande vantagem para o comércio, melhor que o cheque, e prático para o cliente porque ele não precisa carregar dinheiro o tempo todo", diz a gerente. O comércio, porém, não é prejudicado com fraudes, já que é pago, independentemente do caso.


Supermercados têm especialistas em vinho
Consumidores recorrem, com freqüência, a esses profissionais, para tirar dúvidas sobre a bebida

Se você vai oferecer um jantar e não sabe exatamente qual vinho combina com o prato que pretende servir, não se preocupe. Supermercados em Brasília, como Pão de Açúcar e Carrefour, põem à sua disposição um profissional especializado no assunto, na seção de vinhos, para atender o público e indicar a melhor bebida.

O enófilo (estudioso de vinhos) Carlos Cabral treina, semanalmente, os 40 atendentes de vinho do Pão de Açúcar espalhados por seis cidades, entre elas Brasília. "Nossa função é descomplicar e divulgar o hábito de beber vinho", explica. Para isso, os profissionais passam por cursos que vão desde etiqueta social e história do vinho a visitas em viniculturas do Sul do Brasil e de outros países. "Estamos indo amanhã (hoje) para Portugal para conhecer desde a colheita das uvas até o engarrafamento dos vinhos portugueses", conta.

O Carrefour promove um evento duas vezes por ano (maio e julho) com enófilos, para apresentar os diversos tipos de vinhos aos clientes e orientá-los a aproveitar bem o produto. Segundo o diretor do Carrefour Sul, Evandro Vieira, nos meses restantes, o gerente do setor de bebidas e dois funcionários da loja estão habilitados a ensinar os consumidores.

O investimento em profissionais especializados em vinho rendeu ao Pão de Açúcar a venda de R$ 1,1 milhão de caixas de vinho no ano passado. Segundo a assessoria do supermercado, as vendas dobraram nos últimos quatro anos.

"Não somos formados para convencer o cliente, mesmo porque não somos vendedores. Nossa intenção é atender, indicar e tirar dúvidas", afirma o atendente de vinhos do Pão de Açúcar do Sudoeste Alexandre Venturin.

Durante o atendimento, Alexandre conta a história do vinho ao cliente e dá dicas como, por exemplo: o vinho Vintage custa mais de R$ 200, por ser produzido em épocas excepcionais. No entanto, a qualidade do Late Bottled Vintage (LBV), que custa em média R$ 40, chega "muito próximo".

O corretor de imóveis Diógenes Machado, 45 anos, diz que, sempre que precisa, pede ajuda a Alexandre Venturin, para não fazer feio nas festas. "Ele indica bons vinhos que não são caros", garante Machado.


Artigos

Palavras que só causam estragos
Igor germano

Diz a sabedoria popular que juras de amor e até xingamentos feitos no calor do sexo não podem ser levados em consideração, já que, durante o ato, os lados envolvidos geralmente estão em êxtase, com sentimentos e sensações entorpecidos. Em outras palavras, faz parte do jogo. Por uma singela analogia, poderíamos dizer o mesmo dos pronunciamentos de candidatos em época de eleição. A imagem só não é perfeita porque há uma importante diferença: palavras de candidatos não ficam restritas à alcova – e podem causar enormes estragos políticos.

Esse perigo é ainda maior em relação aos candidatos à presidência. Primeiro, porque o que dizem, inflamados pela retórica de campanha, pode ecoar pelos quatro cantos do mundo, principalmente quando abrem a boca para falar de política externa. Segundo, porque, obviamente, um desses candidatos será eleito, e não fica bem começar o mandato com uma coleção de gafes diplomáticas na bagagem.

Esta semana, o candidato da situação José Serra (PSDB) afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que "O Mercosul não deu certo". Serra chamou de "monstruosidade" a assinatura do Tratado de Ouro Preto, que criou a união aduaneira entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Segundo o candidato, o Brasil já fez "concessões incríveis" aos parceiros.

Serra pode não ter cometido nenhum erro de avaliação em relação ao Mercosul – que, aliás, costuma ser enterrado sempre que há uma crise no Brasil ou na Argentina. O problema foi o tom que usou para falar do bloco, que, além do lado econômico criticado por ele, tem outros aspectos importantes para o Brasil, como segurança, integração e fortalecimento político da região.

Líder das pesquisas de intenção de votos, Lula (PT) também tem sido pouco comedido ao tratar de temas internacionais, principalmente quando fala dos Estados Unidos e critica o governo Bush. Como Serra ou qualquer outro candidato, Lula tem todo o direito de expor suas opiniões sobre seja lá o que for. Não é de hoje que o presidente George W. Bush é visto com maus olhos na comunidade internacional por suas atitudes unilaterais e autoritárias.

A questão, novamente, é de achar o tom certo para defender os interesses do País na esfera internacional. Além de piorar o relacionamento entre os dois países, críticas pessoais podem gerar conflitos inteiramente desnecessários ao Brasil – que, goste-se ou não, está na pindaíba. Precisamos de ajuda externa, temos de exportar mais, conquistar novos mercados e – goste-se ou não – os Estados Unidos são a maior potência atual.

Não se trata de calar em relação aos temas da política externa. Expor e debater idéias durante a campanha é não apenas importante, mas essencial em qualquer democracia que se preze.
Mas, se deve haver um limite para os pronunciamentos de homens públicos, a mesma lógica deve valer para os futuros possíveis ocupantes dos cargos públicos.

O verdadeiro estadista tem de ter responsabilidade, malandragem e jogo de cintura. Deve saber usar as palavras para abrir portas, não para fechá-las.


Colunistas

CLÁUDIO HUMBERTO

Números desmentem lorota tucana
O site de José Serra na Internet conta uma lorota. Diz que quando ele foi ministro do Planejamento "viabilizou a retomada dos investimentos com recursos do FGTS em habitação e saneamento". A coluna checou: as execuções orçamentárias de 1995 e 1996 mostram o contrário. Em 95, o governo aplicou só 4,8% do dinheiro para Habitação e 17% de Saneamento. Serra saiu em maio de 1996 e só então os investimentos melhoraram: foram aplicados 14,7% do dinheiro da Habitação e 62,8% do de Saneamento.

Lula e Aécio
A relação de simpatia entre Lula e Aécio Neves passa longe do candidato do PT ao governo de Minas, Nilmário Miranda, que não dá tréguas e bate firme no tucano. Bate e cresce nas pesquisas. Lula acha que a eleição de Aécio ajudará na costura da governabilidade de seu possível mandato.

Em casa
Ao contrário dos adversários, que não despertaram grandes emoções, Lula foi recebido calorosamente na TV Globo, quando lá esteve para entrevistas no Jornal Nacional (quinta) e na Globonews (gravação ontem de manhã). Teve até fila para tirar fotografias (garçons, funcionários e jornalistas).

Sapato alto
Para Lula e as pessoas que o acompanharam nas visitas à TV Globo, o clima não é apenas de "já ganhou". É de "já ganhou no primeiro turno".

Patrícia peregrina
Quando esteve com o maridão na CNBB, em Brasília, na sua peregrinação eleitoral, a atriz Patrícia Pillar ganhou de um padre uma imagem da Mãe Peregrina. É como os fiéis da igreja católica chamam a Virgem Maria de Schöenstat, numa referência à cidade alemã onde a santa teria sido vista.

Fim de festa
Olho vivo em autoridades que viajarem ao exterior, com o dólar chegando aos R$ 4. Só estará perdoado o ministro da Fazenda (Brejo Seco) Pedro Malan, mesmo assim se hospedado numa pensão duas estrelas. E olhe lá.

Tá na cara
A coluna suspeitava, mas a rede alemã ZDF confirmou: o ditador iraquiano são pelo menos três. "Die Doppelgänger des Saddam Hussein" comparou fotos e vídeos de arquivo, e com uma técnica sofisticada de reconhecimento facial concluiu que há quatro anos é um sósia que aparece em público. Depois de plásticas e muito treino. Imagine-se como.

Geni do Mercosul
Depois de reclamar que Lula comparou a Argentina a uma republiqueta, o jornal La Nación lembrou do jingle de campanha de José Serra: "Tudo o que conquistei, não quero perder, outra Argentina não quero ser".

No ralo da dívida
Os candidatos a presidente ainda não tiraram da cartola a mágica para conter a sangria do Erário com os "décimos incorporados", beneficiando servidores do Legislativo e Judiciário com a Lei 8911, do governo Itamar Franco. A Lei 9.527/97, de FhC, acabou com a incorporação, transformando-a não só em vantagem pessoal ad aeternum como permitiu, por meio da Medida Provisória 2225, que fosse requerida após 1997.

Mestre Lula
Nada como estar à frente nas pesquisas. Quem diria que Lula, o da "menas gente", daria lições de português no Jornal Nacional, ensinando a um jornalista argentino como usar a vírgula. Imagina se fosse uma crase...

Questão de nível
O eleitor está cheio dessa discussão sobre nível superior para candidato a presidente. O que todo mundo quer é nível superior para a campanha.

Voto sinistro
Circula na Internet um vídeo em que José Serra aparece como a "encarnação do mal", comparado a Hitler, Mussolini, Milosevic e Pinochet. Com a face encovada e sinistra, ele fecha o ciclo como "projeto de ditador" que ameaça o Brasil. A mensagem conclama os internautas a esmagar o ovo da serpente com o voto. Veja o vídeo no site claudiohumberto.com.br.

Patinho na banheira
Garotinho desmentiu que se acertou com Lula para dirigir a Petrobras. Ele prefere a Petrobrink, onde só afundará barquinhos de papel.

Já ganhou?
Tucanos importantes jogam a toalha. Em palestra na Associação Comercial do Rio, o deputado Ronaldo Cezar Coelho, de altíssima plumagem, repetiu três vezes: a medida provisória sobre o futebol pode não ser votada até 15 de novembro, "até porque o governo não sabe o que Lula pensa disso".

Olha o paneleiro!
Se cá estivesse, iriam pensar que o ministro da Defesa de Portugal vende panelas. Mas a opção sexual de Paulo Portas virou piada de português depois do e$cândalo envolvendo uma universidade particular. Os patrícios espalham que ele chama os fuzileiros navais de "delícias do mar" e os pára-quedistas de "toucinhos do céu", aqueles famosos doces da terrinha.

Ás no volante diplomático
O motorista do Vectra prata LNP 2251, do corpo consular, provou que o código de trânsito não funciona no Rio. Voando baixo, costurou todo mundo no Túnel Rebouças, o maior da Zona Sul carioca, pelas 10h30 de anteontem, cantando pneus etc. Os guardas estavam surdos. E cegos.

Poder sem pudor

O cantor que murmurava
O presidente do TST, ministro Francisco Fausto, arrancou gargalhadas dos colegas, no tribunal, contando uma história dos anos 50, em sua terra natal, Areia Branca (RN), no dia em que a cidade parou para o show de Chico Cirineu, a mais bela voz dos sertões. Casa cheia, bilheteria cheia. Mas, na hora do show, Cirineu estava afônico. De olho no cachê, o empresário subiu ao palco e anunciou a inovação: Chico cantaria em murmúrios. Começou murmurando "Nada Além". "Hum, hum, hum..." Mas logo o público pediu que cantasse normalmente. Cirineu não conseguiu e o pau quebrou. O cantor teve que sair da cid ade correndo. Mas sem esquecer o cachê.


Editorial

MODERNIDADE DE DISCURSO

A mudança de discurso do Fundo Monetário Internacional (FMI) é fundamental para que os países emergentes possam sair sem maiores traumas da crise de confiança que assola esses mercados. Os dirigentes do FMI perceberam que não adianta ficar jogando economias fragilizadas contra a parede, pois a conseqüência virá em forma de quebradeiras em série.

Também notaram os homens-fortes do fundo que suas receitas não foram sempre eficazes, e suas imposições acabaram tendo resultados desastrosos em alguns países. Quem não se lembra que o FMI exaltava a Argentina quando nossos vizinhos sustentavam um câmbio artificialmente sobrevalorizado? Foi exatamente a moeda anabolizada que levou nossos vizinhos portenhos a uma recessão sem precedentes. Pois o FMI se lembra e, ao que parece, pretende corrigir alguns erros.

É importante deixar claro, a despeito do discurso de alguns políticos de esquerda, que o FMI não é um ente do mal. O fundo nada mais é do que uma reunião de cotistas (da qual o Brasil faz parte) que socorre os sócios quando estão em situação complicada. Nada mais natural que exijam garantias de pagamento e, com isso, acabem influindo na gestão da política econômica dos países a perigo. Nada mais lógico do que os EUA, como os maiores financiadores do fundo, tenham maior peso nas decisões.

Não é por isso que os países devam se submeter a tudo que o FMI manda, mas vale a pena captar um dinheiro mais barato nos momentos de crise, quando geralmente os recursos externos se afastam.

A postura do FMI nas eleições brasileiras tem sido exemplar. Em nenhum momento, seus dirigentes tentaram participar de uma decisão que deve ser exclusivamente brasileira. E, mesmo com a possibilidade de uma vitória de Lula, não fazem ameaças. Sabem que o petista não os vê com bons olhos, mas mantêm a discrição.

Outra mudança importante é na forma de tratar as diferentes economias. Cada país tem sua peculiaridade, suas dificuldades e suas virtudes. Não se pode baixar uma receita única, sem analisar as conseqüências sociais. Quando os acordos com o FMI pressupõem superávits, estão propondo que dinheiro de investimentos em benefícios para a população sejam guardados para pagar dívidas. É justo do ponto de vista formal, mas severo demais sob olhar humanista.
Ao acenar com um discurso mais suave, mas sensível, o FMI voltará a ser uma união plena de ajuda aos países e perderá de vez a imagem de instrumento de dominação e de imposição de modelos econômicos norte-americanos. É melhor para todos.


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09/28/2002


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