Collor: mudança no relatório da CPI do Cachoeira é 'inexplicável e incoerente'



O senador Fernando Collor (PTB-AL) classificou nesta quarta-feira (5) a retirada das acusações contra jornalistas e contra o procurador-geral, Roberto Gurgel, do relatório final da CPI do Cachoeira como “inexplicável e incoerente”. Para o senador, esses dois pontos do relatório do deputado federal Odair Cunha (PT-MG) são centrais da CPI, pois tratam assuntos de âmbito nacional e de interesse de toda a sociedade.

- Até o momento não foi esclarecido o que de fato aconteceu para uma mudança tão radical, tão absurda e ilógica por parte da relatoria no período entre a divulgação do relatório inicial, em 20 de novembro, até o dia de sua leitura, dia 28, quando foram retirados os dois tópicos – disse.

Collor destacou novos trechos da argumentação utilizada pelo relator Odair Cunha, na primeira versão do texto, para indiciar o jornalista da revista Veja, Policarpo Júnior, e para propor ao Conselho Nacional do Ministério Público a investigação da atuação do procurador-geral da República. O senador defendeu a reinserção dos dois tópicos no relatório.

Segundo Collor, Odair Cunha afirmou que o jornalista e o procurador “prestaram relevantes serviços para que a quadrilha pudesse continuar lesando o estado e a ordem democrática”. Especificamente sobre Policarpo, da Veja, o relator ressaltara que, para atender aos interesses dos condutores da organização criminosa, ele “não teve qualquer receio de cometer crimes” e “macular a ética que orienta o exercício da função comunicativa”.

"Núcleo midiático"

O senador também leu trechos de diálogos constantes no relatório que revelam, de acordo com Odair, que Policarpo atendia prontamente os desejos do chefe da organização criminosa, Carlinhos Cachoeira. Collor destacou que solicitou a inclusão de outros membros da “quadrilha do núcleo midiático” para serem indiciados na versão final do relatório, entre eles, o presidente do Grupo Abril, Roberto Civita; diretor de redação da Veja, Eurípedes Alcântara;  redator-chefe da Veja, Lauro Jardim.

Ministério Público

Sobre Roberto Gurgel, Collor leu trechos do relatório no qual Odair Cunha diz que ao se reportar à CPI por meio de ofício, um documento público, já que se recusou a prestar depoimento, Roberto Gurgel "mentiu oficialmente" à relatoria, à presidência da CPI e a todos os seus membros.

- Se o relator Deputado Odair Cunha e a CPI se recusarem a tomar as providências necessárias quanto ao assunto, caberá institucionalmente ao Senado Federal fazê-Io – declarou.

Collor disse que também sugeriu ao relator Odair Cunha a inclusão da esposa de Roberto Gurgel, a subprocuradora-geral da República, Cláudia Sampaio Marques e de mais três procuradores no rol dos que devem ser representados junto ao Conselho Nacional do Ministério Público: Alexandre Camanho de Assis, Léa Batista Oliveira e Daniel Resende Salgado.

Segundo o senador, essas pessoas também estiveram envolvidas com a quadrilha de Cachoeira e "descumpriram a lei".



05/12/2012

Agência Senado


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