Fernando Collor volta a defender depoimento de jornalista da ‘Veja’ à CPI do Cachoeira



Em discurso no Plenário nesta terça-feira (4), o senador Fernando Collor (PTB-AL) voltou a defender o depoimento do chefe da revista Veja em Brasília, Policarpo Júnior, à CPI do Cachoeira. O senador também pediu novamente a convocação do presidente do Grupo Editorial Abril, Roberto Civita. A revista Veja é publicada pela Editora Abril.

Collor informou que apresentou requerimento pedindo a quebra do sigilo telefônico de Policarpo, de outros jornalistas e também de procuradores envolvidos com investigações do caso Cachoeira.

Com base em documentos da CPI, o senador reproduziu alguns diálogos entre Carlos Cachoeira e Policarpo, que demonstrariam intimidade e interferência do empresário na atividade jornalística da revista. O senador criticou a ética e os procedimentos jornalísticos da Veja, que, para ele, “se considera veículo de imprensa, mas que se comporta como autêntica organização criminosa”.

- Que credibilidade tem uma revista que mais se parece com um escritório de arapongagem?.

Collor também destacou ofício recebido pela CPI, que mostra que a mulher de Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça, tentou intimidar o juiz Alderico Rocha Santos, sob o argumento que “que seu marido tem como empregado o jornalista Policarpo, vinculado à revista Veja”. Ao fazer a chantagem, ela teria dito que jornalista poderia publicar um dossiê, com supostas denúncias contra o juiz. Se o juiz concedesse liberdade a Carlinhos Cachoeira e o absolvesse das acusações do Ministério Público, Andressa disse que poderia evitar a divulgação do material. Segundo relatou Collor, o juiz teria dito que Andressa poderia ligar para o jornalista, autorizando-o a divulgar o suposto dossiê, pois não teria nada a temer.

- A revista Veja é um veículo de Carlos Cachoeira. Isso não configura uma ação criminosa? – questionou.

Contradições

Fernando Collor também apontou contradições entre o conteúdo do depoimento da procuradora da República Lea Batista de Oliveira à CPI e documentos oficiais de agenda fornecidos por ela própria. Lea Oliveira falou à CPI no último dia 21. O senador disse que enviou um requerimento à procuradora, com base na Lei de Acesso à Informação (Lei 12.527/2011), pedindo sua agenda oficial do dia 2 de março de 2012.

Segundo o senador, no último dia 2 de março, a procuradora, acompanhada dos também procuradores Daniel Salgado e Alexandre Camanho de Assis, esteve, pela manhã, na sede da Procuradoria Geral da República (PGR). Por volta do meio-dia, os procuradores foram ao encontro dos jornalistas Gustavo Ribeiro e Rodrigo Rangel, da revista Veja, para quem entregaram cópia dos autos dos inquéritos das operações Vegas e Monte Carlo, que corriam em segredo de justiça. Essas operações terminaram com a prisão de Carlos Cachoeira e colaboraram com a criação da CPI que leva o nome do contraventor. Segundo Collor, a entrega desses documentos aos jornalistas teria sido uma missão dada pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

O senador lembrou que questionou a procuradora Lea Batista de Oliveira, durante depoimento à CPI, sobre a participação dela em vazamento de informações oficiais. Collor contou que no último dia 30, recebeu informações oficiais sobre a agenda da procuradora. Segundo o senador, na resposta oficial fornecida pela própria procuradora, ela omite uma de suas idas à PGR no dia 2 de março. A procuradora teria afirmado à CPI que foi duas vezes à PGR, não fez referência a uma visita à Polícia Federal (PF), e informou que voltou à Goiânia (GO) no mesmo dia. Na resposta oficial, ela foi à PF e voltou a Goiânia no dia seguinte.

- Seria uma mera confusão da procuradora? Ou uma oportuna revisão feita por ela? O que há de fato por trás disso tudo? Em que momento a procuradora faltou com a verdade? – questionou o senador.

Collor informou que requerimento com o mesmo teor foi enviado aos outros dois procuradores, mas ainda não houve resposta. O senador prometeu conferir a agenda dos procuradores com as respostas oficiais e informar ao Senado.

- Estou certo de que há ainda muito a ser esclarecido – afirmou.



04/09/2012

Agência Senado


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