Comissão de Agricultura teve reunião tumultuada



A Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo da Assembléia Legislativa teve sua reunião, destinada a tratar da violência em assentamentos de sem-terra, encerrada pelo presidente em exercício, deputado Adolfo Brito. O deputado Frederico Antunes, titular do cargo, ocupava espaço de cinco minutos para cobrar ações concretas com o objetivo de pacificar os ânimos nos assentamentos gaúchos, principalmente em Jóia, onde um agricultor foi assassinado por discordar de orientações do MST. Ao utilizar a expressão “covarde”, referindo ao movimento, o deputado Dionilso Marcon, do PT, que havia se retirado no início do pronunciamento, dizendo que não tinha obrigado de ouvi-lo, retornou, perguntado, ainda de pé, repetidamente, “quem é covarde?”. Frederico tentou explicar que havia se referido ao MST e não ao parlamentar petista. Então Marcon, já sentado, começou a dizer que pertencia ao movimento e se sentia ofendido da mesma forma. Com a reunião já suspensa, os dois ainda discutiram, o que levou Brito a marcar nova reunião para a próxima quinta-feira, alegando “falta de ambiente para o diálogo” e anunciando que faria relatório sobre o episódio à Comissão de Ética. Antecedendo Frederico, Marcon fizera um pronunciamento, lamentando a ausência de representante do Executivo, devido a atraso no envio de convite e criticando “esforço em transformar um acidente em questão política”. Ele se referia ao assassinato de Pedro da Luz Pedroso, motivado por discordância com a “cartilha do movimento”. Marcon foi antecedido pelo diretor jurídico da Farsul, Nestor Heine, que acusou a mobilização do MST de visar apenas à dominação política das famílias. Lembrou que já foram criados quatro mil assentamentos no Brasil, mas somente 156 se sustentam até hoje. “Cada lote custa ao governo em torno R$ 45 mil, dinheiro suficiente para manter um desempregado por 20 anos”, disparou. Heine lembrou que o governo Fernando Henrique Cardoso já assentou 432 mil famílias em 18 milhões de hectares, sabendo-se que a área total explorada é de 40 milhões de hectares. O governo José Sarney assentou 82.600 famílias. “O MST precisa parar de recrutar desempregados nas periferias das cidades, porque agricultura se faz com pessoas vocacionadas e com aptidão, o que não é o caso”, destacou o dirigente da Farsul, que sugeriu uma CPI para tratar do assunto. A superintendente-substituta do Incra, Maria de Lourdes Alvarez da Rosa, entregou documento ao presidente Frederico Antunes, relatando as providências tomadas em relação aos episódios de Jóia. Duas comissões foram formadas, segundo ela: uma tratará das irregularidades em todos os assentamentos e a outra especificamente da morte de Pedroso. Representando a Superintendência da Polícia Federal, dois agentes disseram que os acontecimentos são acompanhados com interesse. Iberê Mesquita, da Famurs, disse que os municípios estão assinando convênios com o governo federal para auxiliar na reforma agrária. Cinco mil famílias foram assentadas em dois anos, segundo ele, mas há necessidade de maior integração de parte do Incra e do governo estadual. Frederico afirmou que as leis são descumpridas no Rio Grande do Sul devido à omissão do governo estadual. “Quem faz piquenique com organização clandestina, usando pessoas, inclusive mulheres e crianças, como massa de manobra, precisa ser responsabilizado”, cobrou. Foi nesse momento que Marcon irrompeu na sala, “pronunciando palavras, em atitude antirregimental”, segundo o deputado do PPB.

09/28/2001


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