Como funciona uma ETE



Entenda o que acontece com o esgoto em uma estação de tratamento

A Estação de Tratamento de Esgotos (ETE ABC) da Sabesp recolhe o efluente do Córrego dos Meninos. Embora trabalhe com vazão de 1,5 mil litros por segundo, possui instalações capazes de tratar o dobro dessa vazão. O químico e gerente da unidade, Jefferson Alexandre de Aguiar, conta que a previsão da companhia é atingir 3 mil litros/segundo até 2018.

Jefferson explica que o esgoto, proveniente de residências e empresas de Santo André, São Caetano, Mauá e Diadema, é recebido na ETE numa estação elevatória, para que percorra por gravidade todo o longo caminho que terá pela frente. A cada etapa do processo, o esgoto é tratado para separar suas partes sólida e líquida até gerar água limpa devolvida ao córrego e uma torta de material orgânico, enviada a aterros sanitários.

No início, o material mais grosseiro do esgoto, geralmente lixo (garrafas, embalagens) é retido por grades de ferro e enviado ao aterro. O líquido que passa pela primeira “peneira” tem como destino duas caixas de areia, das três construídas, para ser tratado mais uma vez. Cada caixa tem 9 metros de largura, 27 metros de comprimento e 4,5 metros de altura. 

Pizza

A seguir, o volume de água, já mais limpa, chega aos quatro decantadores primários, unidades retangulares com mais de 70 metros de comprimento e quase 20 de largura. O passo seguinte são os quatro tanques de aeração, com volume de quase 18 mil metros cúbicos, para a remoção da carga orgânica do efluente. “É o tratamento aeróbico, onde injetamos microorganismos para decompor o material orgânico ainda presente na água”, informa Jefferson.

Depois, o material é enviado aos decantadores secundários, instalações redondas parecidas com enormes fôrmas de pizza, com mais de 10 metros de diâmetro. Mais uma vez, a parte sólida é separada da líquida. Trata-se da última etapa, de onde sai a água de reúso que é separada do material orgânico e devolvida ao Córrego dos Meninos, afluente do Rio Tamanduateí, que, por sua vez, deságua no Rio Tietê.

Jefferson salienta que a água de reúso a ser enviada futuramente às indústrias de Capuava, quando o Projeto Aquapolo Ambiental estiver em operação, terá mais uma etapa de tratamento para remoção de uréia.

O lodo retido nas fôrmas de pizza continua o seu destino. É transportado para os adensadores por gravidade e os de flotação, dois processos químicos usados para reduzir a umidade do material orgânico. Depois, segue para os quatro digestores anaeróbicos (sem ar), tanques com 33 metros de diâmetro. Vistas de cima, essas instalações lembram enormes panelas de pressão. A planta da ETE ABC prevê a construção de mais quatro digestores no futuro.  

A vez da torta

Finalmente, o lodo é enviado à separação mecânica em dois enormes filtros-prensa, cada um com 150 placas de filtração. Aqui é gerada a torta orgânica que será armazenada no terreno e enviada por caminhões ao aterro sanitário. A torta obtida tem 70% de umidade, dentro das especificações exigidas. O pequeno volume de água retido é devolvido ao início do processo e vai percorrer todo o caminho novamente.

O gerente Jefferson conta que a ETE realiza seis prensagens por dia, com aproximadamente 17 toneladas de torta cada uma. Por mês, são geradas 2,75 mil toneladas. Desde a chegada à saída, a água e o resíduo sólido são analisados no laboratório químico da ETE ABC. “Temos de acompanhar as amostras durante o processo para aferir a eficiência do tratamento”, garante Jefferson.

A torta, com aparência de terra preta, é rica em nutrientes orgânicos para plantas, embora seu uso como fertilizante ainda seja motivo de estudos. É necessária também licença ambiental nas áreas federal e estadual para comercializar o produto. Esta utilização é objeto de pesquisa de outra ETE da Sabesp, a de Franca, no interior do Estado.

Apesar da capacidade de suas instalações, a ETE ABC não é a maior da companhia. A campeã em tratamento para obter água de reúso é a de Barueri, na zona oeste da Grande São Paulo, com vazão de quase 10 mil litros por segundo. As outras três ETEs de grande porte na região metropolitana da capital estão em Suzano, São Miguel Paulista e Parque Novo Mundo. No interior, existem a de Franca e dezenas de outras de menor porte espalhadas pelo Estado. Juntando todas as ETEs, a companhia trata 39, 5 mil litros de esgoto por segundo.   

Otávio Nunes

Da Agência Imprensa Oficial

(I.P.)



02/07/2008


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