Competitividade do calçado brasileiro está na criatividade



 São Paulo - O segmento de couro e calçados brasileiro passou por grandes transformações nos últimos anos e o vetor da nova fase chama-se criatividade, conforme afirmam os especialistas.

“Este é o momento de se olhar para o futuro. Em meados dos anos 90, a indústria de calçados vivia uma situação de crise. A grande virada se deu a partir da criatividade, aquilo que é tipicamente brasileiro”, afirmou o diretor de Administração e Finanças do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, na abertura do InspiraMais - Salão de Design e Inovação de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos, na noite de quarta-feira (3).

O evento, que acontece em São Paulo até sexta-feira (5), é organizado pela Associação Brasileira de Componentes do Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal by Brasil). Para o diretor, a competitividade do calçado brasileiro não está mais no preço e sim no design. Segundo ele, o setor encontrou o caminho, mas ainda falta muito para que toda a cadeia possa usufruir das mudanças.“O Sistema Sebrae apóia 1645 empresas do segmento, em nove estados brasileiros. São 24 projetos entre 2009 e 2011, disponibilizando recursos de R$ 28 milhões. Há toda uma tarefa de melhoria da gestão do empreendimentos. Nós já conseguimos um avanço, mas é preciso mais”, afirmou.

Esse mais, de acordo com Carlos Alberto, passa por uma maior formalização de toda a cadeia. “Muita gente ainda não conseguiu participar desta transformação e, por isso, está à margem do processo de desenvolvimento. Eles precisam dar este passo na profissionalização da produção para responder à demanda do mercado”, disse.

Para o presidente da Assintecal, Luis Claudio Amaral, o InspiraMais, realizado desde 2001, contribuiu para que a cadeia produtiva do setor amadurecesse, para alcançar a velocidade de inovação exigida pelo mercado mundial. A indústria e os estilistas, segundo a coordenadora da carteira do segmento no Sebrae, Ana Patrícia Barbosa, deixaram de fotografar as vitrines européias e passaram a ditar moda no mundo. 

“Foi um movimento de todo o setor. O calçado brasileiro tem identidade própria, misturando materiais, cores e artesanato”, disse. Segundo o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Clayton Campanhola, o design acabou puxando outros elos da cadeia, como o segmento de componentes. “O design incorporou novas tecnologias e está permitindo que a indústria brasileira se insira com mais robustez no mercado internacional”, afirmou.

Mercado externo

No ano passado, o Brasil exportou componentes para 165 países e os principais destinos foram Argentina, Estados Unidos, Alemanha, Países Baixos e México. Entre os segmentos exportados pela indústria brasileira de componentes, os saltos e solados foram os itens que tiveram maior representatividade, com valores superando os US$ 178 milhões.

As exportações do setor de componentes para calçados, couro e artefatos (palmilhas, cadarços, solados, fivelas) registraram queda de 13% em 2009 (US$ 142 milhões) em relação ao ano anterior. Segundo dados elaborados pela Assintecal by Brasil, as exportações do setor (não inclui calçados acabados) alcançaram US$ 938 milhões até dezembro.

Segundo a Assintecal by Brasil, a economia do segmento tende a crescer e se fortalecer em 2010 com previsão de recuperação e consolidação do posicionamento competitivo nos mercados interno e externo. A meta é alavancar de 3% a 5% a produção do setor.

A superintendente da entidade, Ilse Maria Biason Guimarães, faz uma analise otimista para este ano. "Apesar de uma redução em 2009, a expectativa é de recuperação este ano. É importante que as empresas aproveitem a oportunidade para criar ações e medidas inovadoras para a conquista de clientes tanto no mercado interno, quando externo", afirma.

Serviço:
InspiraMais
Até sexta-feira (5), no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo (SP)
Das 8h30 às 18h
Assintecal – (11) 3255-8191
Agência Sebrae de Notícias – (61) 3348-7494



31/07/2010 06:07


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