Conselho de Ética ouve jornalista Weiller Diniz
O jornalista Weiller Diniz, da revista IstoÉ, relatou ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar que foi o diretor-geral da Polícia Federal, delegado Paulo Lacerda, quem lhe deu a informação sobre a instauração de inquérito policial para apurar os responsáveis pela escuta telefônica na Bahia. De acordo com o jornalista, foi a partir dessa informação que a revista passou a dar mais importância ao relatório que outro jornalista da revista, Luiz Cláudio Cunha - que também prestou depoimento nesta quinta-feira (3) -, disse ter recebido das mãos do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), cuja participação no caso está senado investigada pelo conselho.
O jornalista fez um resumo da matéria publicada pela revista com o título -Grampo sem recibo-, de sua autoria. Relacionou mais de uma dezena de cartas e requerimentos de informações encaminhados por Antonio Carlos Magalhães e pelo ex-senador Antonio Carlos Magalhães Júnior - seu filho e primeiro suplente, tendo assumido o mandato com a renúncia do pai na legislatura passada.
O relator da sindicância que apura o envolvimento de Antonio Carlos Magalhães no caso, senador Geraldo Mesquita Júnior (PSB-AC), perguntou ao jornalista como ele obteve as informações e as cartas dos parlamentares baianos, mas Weiller Diniz alegou o sigilo profissional para não responder.
Respondendo ao senador Jefferson Péres (PDT-AM), Weiller Diniz disse que o jornalista Luiz Cláudio Cunha lhe contou que o senador baiano dissera a ele que tinha sido o mandante da escuta telefônica clandestina. A senadora Heloísa Helena (PT-AL) salientou as coincidências levantadas pelo jornalista entre as datas em que as conversas telefônicas foram captadas e as missivas do senador.
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) afirmou que, com o depoimento dos jornalistas, o Conselho de Ética passou a ter -afirmações testemunhais do mando e documentais inquestionáveis do envolvimento do senador Antonio Carlos Magalhães com todo episódio do grampo-. Ressaltou que o representante baiano sabia que a conversa fora gravada ilicitamente e divulgou o material.
O senador César Borges (PFL-BA) disse que as informações divulgadas no relatório apresentado sobre as escutas telefônicas eram de conhecimento público na Bahia, portanto, não se poderia chegar à conclusão, com base nos requerimentos e cartas apresentados posteriormente pelo senador baiano, de que ele seria o mandante da instalação das escutas telefônicas. Respondendo a ele, Weiller Diniz afirmou não ter convicção de que Antonio Carlos Magalhães seria o mandante do -grampo-, mas que até os erros ortográficos do relatório eram repetidos nos requerimentos e cartas.
O senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA) afirmou que os depoimentos dos jornalistas não confirmavam qualquer denúncia. Por sua vez, o senador Romeu Tuma (PFL-SP) indagou se os jornalistas chegaram a investigar a empresa Consult, que fez as escutas telefônicas, recebendo resposta negativa.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) afirmou que os jornalistas não romperam com nenhuma norma da profissão e que sua atitude foi -ética e em defesa do interesse público-. Ao final, o presidente do Conselho de Ética, senador Juvêncio da Fonseca (PMDB-MS), agradeceu aos jornalistas pelos depoimentos prestados.
03/04/2003
Agência Senado
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