Conselho discute melhor padrão de TV digital para o Brasil



O Conselho de Comunicação Social reuniu-se em audiência pública na manhã desta segunda-feira (3) para debater a adoção de um padrão de transmissão de televisão digital para a TV aberta no Brasil. A escolha deverá ser feita entre os três modelos já existentes - europeu, americano ou japonês - ou a partir da criação de um novo, brasileiro.

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O integrante do Conselho de Comunicação Social e diretor da Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão e de Telecomunicações (SET), engenheiro Fernando Mattoso Bittencourt Filho, defendeu a adoção do padrão de TV digital japonês, com algumas adaptações como o desenvolvimento de aplicativos que permitam, por exemplo, a transmissão pelo telefone celular. Na avaliação do engenheiro, o modelo japonês é o mais avançado, já que foi criado a partir dos outros dois.

O diretor técnico da Associação Brasileira de Televisão Universitária (ABTU), Alexandre Kieling, destacou no debate a necessidade de diversificação de conteúdo dos canais com a adoção da TV digital, com os múltiplos canais que o sistema permite democratizando a TV e possibilitando a inclusão dos "anônimos", que hoje estão fora dos sistemas convencionais de produção de conteúdo.

- Temos que redesenhar, abrir espaço para quem não tem cadeira - disse

Já Walter Duran, diretor de Tecnologia e Pesquisa da Philips do Brasil, defendeu a flexibilização do sistema que venha a ser adotado, a fim de permitir o aproveitamento de mudanças que futuramente virão, e disse que isso só poderá ser alcançado com a adoção do padrão europeu.

- O sistema mais adequado é o adotado pela maioria dos países e o que tem mais flexibilidade - afirmou.

Giovani Moura de Holanda, pesquisador sênior da diretoria de TV Digital do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), também se mostrou defensor da flexibilização e da multiprogramação. Holanda destacou prever necessidades de adequação para as mudanças que o público e o mercado brasileiro indicarem, e que isso "depende de negociação com os detentores das tecnologias". O modelo de referência para a TV digital, proposto pelo CPqD, inclui ainda a interatividade com canal de retorno e o uso facultativo do compartilhamento de rede pelas emissoras. Segundo Holanda, a TV digital também deve apresentar condições de mobilidade (qualidade de recepção em TVs móveis) e portabilidade (celulares e agendas eletrônicas).

Caixinhas

A TV digital poderá permitir que exista na TV brasileira a multiprogramação, com transmissão em alta definição, além de interatividade com o público - que vai deixar de ser apenas receptor - e mobilidade, já que programas poderão ser recebidos, por exemplo, pelo celular. A troca do sistema, segundo Walter Duran, vai depender totalmente da adesão do público. O diretor explica que inicialmente a mudança será feita por meio de caixinhas acopladas às TVs atuais, como as das televisões a cabo, e que depois evoluirá para televisões com receptores integrados. A previsão é a de que a mudança seja concluída até 2020.



03/04/2006

Agência Senado


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