Construção civil deve crescer acima do PIB nacional, diz Dieese



De acordo com estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgado nesta quinta-feira (12), a continuidade dos financiamentos para casa própria e as grandes obras de infraestrutura na preparação do País para sediar a Copa do Mundo de 2014, entre outros programas de melhoria associados à expansão econômica brasileira, vão garantir que o setor da construção civil se mantenha em alta em 2011. Os empresários do setor esperam crescimento em torno de 8,5%. A taxa está pouco abaixo do registrado no ano passado (11,6%), período em que o setor atingiu seu melhor desempenho nos últimos 24 anos.

No entanto, a estimativa indica um cenário de atividades mais favoráveis à construção civil do que o previsto na média para o conjunto de todos os setores. A previsão para o crescimento do Produto Interno Brasileiro (PIB), que é a soma das riquezas produzidas pelo País, é 4,5% - ante um crescimento de 7,5% no ano passado.  

O estudo do Dieese ressalta que, para receber o grande número de pessoas que virão ao País para assistir aos jogos ou trabalhar na Copa do Mundo, as cidades que sediarão os jogos terão de “melhorar a mobilidade urbana e as instalações de estádios e arenas esportivas em ações com parcerias entre o governo federal e os governos estaduais e municipais e envolverão também os clubes de futebol”. Os investimentos estão estimados em R$ 17 bilhões dos quais R$ 11,4 bilhões para a mobilidade urbana e R$ 5,7 bilhões para os estádios.


Rotatividade reduz salário em 7,5%

A rotatividade da mão de obra na construção civil reduziu em 7,5% o salário dos empregados do setor em 2010. No ano passado, o salário médio do trabalhador demitido pelas construtoras era R$ 968,33. Já o salário dos admitidos ficou em R$ 894,78.

Segundo o estudo do Dieese, uma das causas da rotatividade no setor é o próprio processo produtivo da construção civil. A duração do tempo de trabalho no setor se dá por contrato temporário ou empreitada, ou seja, que se encerra assim que determinada fase da obra termina. No entanto, a entidade destaca que a principal motivação da rotatividade no setor é a diminuição dos gastos da empreiteira. Em 2010, cerca de 2,4 milhões de pessoas foram contratadas pelo setor. Entretanto, no mesmo período, 2,2 milhões foram demitidas.

Apesar da alta rotatividade e da consequente redução nos salários, o levantamento mostra que cerca de um quarto das negociações salariais no setor resultaram em aumentos reais, acima de 4%, em 2010. Em 2008, apenas 4% dos acordos coletivos alcançaram esse resultado e, em 2009, nenhuma negociação atingiu esse patamar.

O valor médio dos pisos salariais acordados em 2010 foi R$ 634. O maior piso salarial, de R$ 886, foi registrado em uma negociação no estado de São Paulo, e o menor, de R$ 510, em Sergipe.

O estudo mostra ainda que, apesar dos grandes investimentos no setor, persistem as precárias relações de trabalho na construção civil. De acordo com o Dieese, a principal reivindicação dos mais de 160 mil operários da construção que fizeram greve em 2010 foi o fim das condições degradantes de trabalho. “As condições de saúde e segurança também não têm apresentado grandes avanços, com alta ocorrência de acidentes de trabalho. Além disso, os trabalhadores são submetidos, muitas vezes, a condições precárias, o que motivou as últimas greves da categoria”, diz o estudo.

As reclamações vão desde as excessivas jornadas de trabalho até a falta de condições de higiene dos canteiros de obra. De acordo com o estudo, a mortalidade no setor chama a atenção: enquanto para o conjunto dos trabalhadores do Brasil ocorre uma morte para cada 37,9 mil empregados, na construção ocorre uma morte para cada 17,3 mil.

“O bom desempenho obtido nos últimos anos se refletiu pouco na melhora das condições de trabalho e no rendimento dos trabalhadores. Mesmo com o movimento de formalização ocorrido em 2010, e as conquistas nas negociações coletivas, o setor ainda apresenta altos índices de informalidade e rotatividade”, destaca o texto.


Fonte:
Agência Brasil

 

12/05/2011 19:03


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