Consumo de álcool é o maior problema do País









Consumo de álcool é o maior problema do País
Segundo pesquisa feita nas 107 maiores cidades brasileiras, 68,7% da população consumiram esse tipo de bebida. A estimativa é de que cerca de 19 milhões de pessoas sejam dependentes

BRASÍLIA – Ao apresentar o resultado da pesquisa domiciliar sobre consumo de drogas lícitas e ilícitas no Brasil, feita nas 107 maiores cidades brasileiras, o secretário Nacional Antidrogas, general Paulo Roberto Uchoa, advertiu que o maior problema no País é o uso de álcool, tolerado pela maior parte da sociedade. Segundo o levantamento, consumiram esse tipo de bebida 68,7% da população e a estimativa é de que 11,2% dos brasileiros – cerca de 19 milhões de pessoas – são dependentes de álcool.

Outro dado destacado pela pesquisa, que foi realizada entre setembro e dezembro do ano passado com 8.589 pessoas, entre 12 e 65 anos de idade, é que o Brasil está pelo menos em sexto lugar e não em segundo, como chegou a ser divulgado, em relação ao consumo de cocaína.

Segundo o estudo, o maior consumo de álcool ocorre na Região Sudeste (71,5%) e o menor, na Região Norte (53%). “Faço um apelo às indústrias de bebidas que façam uma campanha para que a população não abuse do uso do álcool”, disse o general, salientando que apesar de ser uma droga lícita, ela está por trás da maior parte da violência registrada no País.

Segundo o general Uchoa, o consumo de cocaína não é menos preocupante porque temos no País 1% de dependentes da droga, o que representa pelo menos 1,7 milhão de pessoas.

O País líder em uso de cocaína, segundo os índices divulgados, são os EUA, onde 11,2% da população já usou droga alguma vez na vida, seguido do Chile, com (4,5%), Espanha (3,2%), Reino Unido (3%), Holanda (2,6%) e Brasil (2,3%). Em seguida, vem a Dinamarca (1,7%), Colômbia (1,6%) e França (1,5%).

FACILIDADE – Um dado que foi objeto de debate durante a apresentação da pesquisa ontem foi que 60,9% dos entrevistados acham muito fácil conseguir maconha. Em relação à obtenção de cocaína, a porcentagem é de 45,8% entre os que acham muito fácil, 36,1% entre os que acham muito fácil conseguir crack, enquanto 21,1% acham muito fácil conseguir heroína e 21,6%, conseguir LSD.

O general Uchoa disse que esse dado representa apenas uma percepção das pessoas, não um dado concreto, ou seja, que efetivamente seja muito fácil comprar maconha ou cocaína. Mesmo porque, ressalva ele, quanto se fala em relação à percepção ao tráfico de drogas, os números indicam que 15,3% do total dos entrevistados afirmaram já ter visto alguém vendendo drogas.

Mas 60% dos pesquisados informaram terem visto pessoas alcoolizadas nos 30 dias que antecederam à busca dos dados. Já a percepção dos entrevistados de terem visto pessoas sob efeito de outras drogas foi de 35,3%.

A pesquisa mostra ainda que os homens fazem mais uso na vida de álcool, de tabaco, de maconha e de cocaína do que as mulheres, sendo que o sexo feminino faz mais uso na vida de medicamentos sem prescrição médica, do que os homens. Em relação à heroína, 0,04% da população admitiu ter usado essa droga na vida, número dez vezes menor do que o registrado nos EUA.

Na obtenção de dados por região, foi constatado que no Nordeste 29,9% dos moradores das 22 cidades mais populosas da região já fez uso na vida de drogas psicotrópicas, daí excluído o tabaco e o álcool.


Mais de 200 filantrópicas estão irregulares
BRASÍLIA – Uma devassa iniciada esta semana pelo Ministério da Justiça em todas as entidades filantrópicas – detentoras de títulos de utilidade pública – revelou que 201 delas estão funcionando irregularmente. De acordo com a Secretaria Nacional de Justiça, muitas não prestaram contas de suas atividades – requisito para continuar a receber benefícios fiscais e previdenciários – ou não apresentaram toda a documentação. Se em 30 dias as entidades não divulgarem suas justificativas terão o título cassado e serão proibidas de funcionar.

A relação das filantrópicas será publicada na edição de hoje do Diário Oficial, mas segundo o Ministério da Justiça, a operação pente-fino continuará. “A relação com as 201 entidades é apenas a ponta de um iceberg”, afirma o secretário nacional de Justiça, Antonio Rodrigues de Freitas Júnior. “A averiguação das filantrópicas será uma rotina, pois detectamos falhas formais de documentação, que é normal, mas também encontramos casos em que nunca houve uma prestação de contas.”

Para uma entidade filantrópica obter o título de utilidade pública é obrigada a fazer a prestação de contas de suas atividades – mostrando também balancetes financeiros – anualmente. “Com o título, as entidades podem obter isenções fiscais da Receita Federal e previdenciária”, lembra o ministro da Justiça Paulo de Tarso Ribeiro.

O trabalho de fiscalização foi feito há quatro anos, quando o Governo descobriu que das quase cinco mil entidades que tinham o registro de utilidade pública federal, pelo menos 2,8 mil estavam atuando irregularmente ou eram filantrópicas de fachada.


TRE apreende mais uma urna falsa em cidade do Distrito Federal
BRASÍLIA – O Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal apreendeu ontem, na cidade satélite de Sobradinho, cópia da urna eletrônica que será usada nas eleições de outubro. A urna falsa e as pessoas que estavam de posse dela foram levadas para a Superintendência da Polícia Federal de Brasília. Já na semana passada duas máquinas semelhantes foram apreendidas na cidade satélite de Braslândia.

Ontem, o PT entrou com pedido no TRE-DF exigindo que o governador Joaquim Roriz (PMDB) seja ouvido sobre o caso de apreensão de urnas falsas que registravam os mesmos votos. Raimundo Júnior, coordenador da campanha de Geraldo Magela (PT), candidato ao Governo do DF, disse estranhar a leniência do TRE em convocar o governador.

Com a apreensão da terceira urna falsa, Júnior disse que o PT fará nova representação. “Isso é um crime eleitoral e a candidatura de todos os envolvidos deve ser cassada. Não é a primeira vez. Já há uma reincidência”, afirmou Raimundo Júnior.

“Se o TRE não convocá-lo (a Roriz), vamos apelar ao TSE.”

O coordenador da campanha de José Serra (PSDB/PMDB), Pimenta da Veiga, disse que não comentaria uma atitude feita por outros: “Queremos que seja tudo investigado”. O procurador eleitoral regional, Franklin Rodrigues, informou que as urnas estavam programadas para computar o voto presidencial para José Serra, e de governador para Joaquim Roriz.


Jarbas e Serra em alto astral
Governador-candidato faz sua manifestação de apoio mais expressiva ao presidenciável tucano, prometendo fazer de Serra o mais votado no Estado

O governador-candidato Jarbas Vasconcelos (PMDB) se comprometeu ontem a se empenhar com todas as forças para levar o presidenciável José Serra (PSDB) para o 2° turno. Diferentemente da postura tímida que vinha mantendo nas manifestações de apoio ao tucano – chegou a admitir esquecer de pedir votos para o aliado em seus comícios –, Jarbas dedicou mais da metade dos dez minutos do discurso que fez ontem à noite, no comício que a coligação União por Pernambuco (PMDB/PFL/PSDB/PPB) realizou em Paulista, Região Metropolitana, para elogiar Serra. Voltou, inclusive, a se justificar pela recusa ao convite de ser vice do tucano, lembrando o apelo de aliados para que se candidatasse à reeleição.

“O tempo agora nos é favorável e será mais do que suficiente para Serra mostrar suas qualidades, sua sensibilidade e seu conhecimento do Brasil. Essa festa de hoje é para um amigo, uma pessoa ética, correta, que não é médico, mas foi o melhor mi nistro da Saúde que o Brasil já teve”, afirmou Jarbas, antes de prometer trabalhar com todas as suas forças para fazer de Serra o presidenciável mais votado em Pernambuco. “Se isso não acontecer não será por falta de empenho e de companheirismo.”

Animado com a recepção, Serra concluiu sua nova passagem por Pernambuco – onde anunciou suas metas principais para o Nordeste, caso seja eleito (leia abaixo), no comício. Ao contrário das visitas anteriores, dessa vez o tucano mereceu uma festa em grande estilo. As bandas Magníficos e Labaredas animaram o comício, que teve público estimado em cinco mil pessoas pela Polícia Militar. Nas visitas anteriores o tucano estava bem atrás de Ciro Gomes (PPS) nas pesquisas. Hoje os dois estão empatados, atrás de Lula (PT).

Além de retribuir os elogios de Jarbas, Serra procurou demonstrar afinidade com o município. Lembrou que é paulistano – “o que é parecido com paulistense” – e que o seu clube, o Palmeiras, deve muito “ao talento de um filho de Paulista, o Rivaldo”.

À tarde, em entrevista, Serra manteve-se enigmático ao ser questionado sobre a costura de alianças numa eventual passagem para o 2° turno. Indagado sobre a possibilidade de uma futura união com Ciro Gomes, preferiu se esquivar da questão, rotulada por ele como “atemporal”. Disse ainda que manterá a mesma estratégia de campanha. “Vamos levar nossa campanha da mesma maneira: de modo civilizado. Eu ainda não fui para o 2º turno e dá azar falar nisso antes do tempo. Não vou especular nomes, prováveis alianças. Vocês não conhecem a expressão carpe diem (aproveite o dia)?”, desconversou.


Governista ganha novo direito de resposta no guia de Ciro
BRASÍLIA – O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, ganhou ontem novo direito de resposta no programa de seu principal adversário, Ciro Gomes (PPS). O tucano poderá usar um minuto e meio do espaço destinado ao candidato do PPS no horário eleitoral. O ministro José Gerardo Grossi, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), atendeu a um pedido de Serra e concluiu que Ciro “praticou injúria ao acusar o concorrente de manipulação e subtração clandestina de imagens”.

Antes de conceder o direito de resposta ao tucano, Grossi afirmou, em seu despacho, que “a Justiça Eleitoral não deve pasteurizar a propaganda, impondo aos candidatos o dever de se aterem apenas ao debate dos programas de governo”.

O ministro disse que, apesar de os candidatos poderem falar de seus adversários, “existem limites previstos na legislação eleitoral que precisam ser obedecidos”. De acordo com Grossi, as duas referências de Ciro a Serra (manipulação e subtração clandestina de imagens) “ultrapassaram essas barreiras”. “Atribuir a alguém a prática de tal conduta vedada equivale a chamar este alguém de manipulador de imagem, o que, sem dúvida, é injúria”, opinou.

STF – O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que os governadores, a exemplo do presidente, poderão editar medidas provisórias (MPs), desde que a constituição estadual tenha previsão para tais atos e que seja caso de relevância e urgência. Os ministros tomaram a decisão ao analisar ação direta de inconstitucionalidade encaminhada em 1999 pelo PMDB contra o governador do Tocantins, Siqueira Campos (PFL) – também governador àquela época –, e a Assembléia Legislativa. A ação questionava três MPs baixadas por Campos que foram transformadas em lei pela Casa.


Freire avalia que ACM ajudou queda de Ciro
O presidente nacional do PPS, senador Roberto Freire, disse ontem que o candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes (PPS), errou ao permitir a exposição de apoios como Antônio Carlos Magalhães (ACM) no guia eleitoral da TV e que essa iniciativa era um dos motivos para a sua queda nas intenções de voto. “ACM e Inocêncio Oliveira (PFL/PE) são lideranças que não trazem votos. Só tiram. Não se pode impedir que eles dêem apoio, mas não se devia tratar como se fosse uma conquista. Ciro permitiu, e esse superdimensionamento foi um erro. Vejam se o Lula coloca o José Sarney (PMDB/MA) no guia”, criticou. “A influência do ACM não foi boa. Sinto isto na rua. Para muitas pessoas, ACM nem saiu do Governo, e aí fica parecendo para a população que Ciro é o candidato do PFL”, disse.

Depois de dizer que espera que Ciro nem na Bahia volte mais, até o fim do primeiro turno, Freire avaliou que o segundo motivo para a queda de Ciro foi a demora na resposta aos ataques do adversário José Serra. “Os primeiros programas foram anódinos (insignificantes, medíocres) e muito propositivos. Não soubemos reagir com prontidão quando estávamos sendo atacados”.

Na avaliação de Freire, Ciro pode se recuperar nas pesquisas se voltar a pautar sua campanha como de centro-esquerda. “Ciro precisa enaltecer os dois fatores que diferenciavam sua candidatura: a oposição ao Governo e uma oposição alternativa ao PT”, frisou.

Com o intuito de diferenciar Lula e Ciro, Freire apontou ontem uma série de contradições do PT, como o ingresso do partido na Justiça contra a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e a atual defesa da estabilidade, por motivos eleitorais.

“Ciro também não assinou carta para acalmar banqueiro, como Lula. O problema é que, na liderança das pesquisas, Lula está fazendo uma campanha olímpica, sem ser incomodado pelos demais adversários”.

O senador não perdoou nem a frase “Lulinha Paz e Amor”, cunhada pelo petista, para marcar sua fase light. “É uma esculhambação com o movimento hippie, que lutava contra a guerra do Vietnã, e não uma omissão. Paz e Amor antes era coragem. Agora não passa de omissão, de quem passa ao largo das questões, para não se comprometer”, criticou Freire.


Artigos

O ataque em campanha eleitoral
Gaudêncio Torquato

Quais as explicações para a queda de Ciro Gomes e o crescimento de José Serra nas pesquisas de intenção de voto? A principal delas é seguramente a influência do programa eleitoral ou, para ser mais exato, o ataque tucano ao perfil do ex-governador do Ceará. Mas a propaganda negativa tem eficácia? Depende do tipo de abordagem. Quando o ataque tem substância, envolvendo questões centrais de caráter e personalidade do atacado, torna-se pertinente e é aceito pelos telespectadores.

Quando atinge valores como a honra e transborda pelos porões da baixaria, afundando nos compartimentos da intimidade, o ataque é rejeitado. No caso do ataque de Serra a Ciro, os casos relatados abrigaram atitudes e comportamentos do candidato, que precisam ser conhecidos pela sociedade, até porque o governo de uma Nação implica não apenas a eficácia de programas mas a qualidade do comando. E comando de gestão tem a ver com estilo, caráter, personalidade, atitudes.

O povo não gosta de insinuações maldosas que detratem a figura, ou seja, da crítica adjetivada, amparada em presunções ou futricas da vida pessoal. Há que se separar, portanto, aspectos da vida privada e da vida pública dos candidatos, apesar de se saber que esses limites são muito tênues. O ataque de Serra a Ciro levou em consideração situações onde o atacado foi colocado na ponta da incoerência e da dubiedade. Ciro disse coisas que não correspondiam à verdade e desferiu pontadas que provocaram celeuma. Estabeleceu-se uma dissonância cognitiva, que é a dúvida massificada. Quando esse fenômeno ocorre, as pessoas tendem naturalmente a equilibrar seu pensamento, procurando respostas para as incertezas. A voz de Ciro, colocada em xeque, funcionou como bumerangue contra ele. A manobra tucana surtiu efeito.

O erro do candidato do PPS foi abrir demasiadamente o flanco. Ao bater boca com um rapaz negro, acabou mobilizando uma entidade de defesa racial. Xingou meios de comunicação, jornalistas e um cidadão, a quem chamou de burro pelo fato de ele ter se referido ao presidente da Suíça, que Ciro negava existir. O cidadão tinha razão. De outra feita, mandou o mercado se lixar. Ora, ninguém atravessa a trilha da campanha incólume depois de tantos ataques. A retirada de apoio a Ciro por parte de fatias do eleitorado era previsível, a partir do momento em que as situações negativas foram noticiadas e ganharam ampla repercussão. Ou seja, ele acabou criando a corda onde começou a se enforcar.

Poderá recuperar os pontos perdidos? É possível, mas isso vai depender da forma como responderá aos ataques. Se fizer comparações entre propostas, demonstrando que as suas são mais viáveis que as de Serra, poderá abrir espaços positivos. Se cair no revide, os ataques recíprocos acabarão se chocando no ar, anulando-se reciprocamente. Nesse caso, a campanha negativa atingirá a imagem dos dois. Se responder com a moeda da incoerência de Serra, exibindo contradições de vítima, com a ancoragem carismática de Patrícia Pillar, é uma faca de dois gumes. Poderá comover certos núcleos populares, mas contrariar grupamentos mais centrais, orgânicos, localizados nos espaços de forração de opinião, que começam a abandonar o barco circense.

Ainda é cedo para apostar na continuidade de crescimento da candidatura Serra. Pode-se, isso sim, constatar que o tucano conta com grande simpatia dos meios de comunicação do Sudeste e de fortes núcleos de formação de opinião, a partir de setores fortes do empresariado. Essa posição equivale à de uma pedra no meio da lagoa, que forma ondas que se propagam até as margens. Portanto, até por volta de 10/15 de setembro, o segundo turno será uma incógnita, pelo menos quanto ao candidato que disputará com Lula. A posição olímpica do petista, que, por enquanto, parece muito confortável, não deve ser comemorada pelo PT. Lula aparou arestas, fez a lição de casa, arrumou o discurso, transformou-se de leão raivoso em cachorro amoroso, abre sorrisos ao vento e desfralda a bandeira do “lulinha - paz e amor”. Mas o segundo turno será uma guerra sem fronteiras. Trata-se de uma segunda eleição, com motivações novas, clima diferente e eleitores mais atentos aos dois perfis em exibição.

A esta altura, a única certeza a ser expressa é a de que, seja qual for o presidente eleito, terá forçosamente de obter um monumental colchão social. Sem o apoio da sociedade organizada, sem o apoio do Congresso, estará de mãos atadas. E próximo ao despenhadeiro. Essa é a boa novidade. Não há mais motivo para se temer virada abrupta de mesa. Neste País, não há mais lugar para aventuras. E nem para Príncipes, Césares ou Bonapartes.


Colunistas

PINGA FOGO – Inaldo Sampaio

Rumo ao 2º turno?
Resultado de pesquisa eleitoral de fato faz milagre. Bastou o Ibope, o Datafolha e o Vox Populi detectarem em suas últimas aferições que José Serra parou de cair e que Ciro Gomes continua em declínio para a militância tucana em Pernambuco dar a volta por cima, recepcionando o seu candidato a presidente da República em grande estilo, tal como se viu ontem nas dependências da “Blue Angel”.

Diante dos números dos três institutos, aquilo que aparentemente parecia impossível (a reação de Serra) começa de novo a ser uma possibilidade, dado que Ciro está na defensiva e usando um discurso inconsistente para revidar os ataques de que tem sido alvo no guia eleitoral do candidato do governo. A guerra entre os dois deverá prosseguir pelos próximos 30 dias, pois de concreto mesmo nessas eleições, a menos que ocorra uma catástrofe, só mesmo a passagem de Lula para o segundo turno e a não ida de Garotinho.

Pelo Ibope, Ciro caiu quatro pontos em relação à pesquisa anterior, igualando-se a Serra, porém esses eleitores não foram para o candidato governista. Isso deve ser motivo de preocupação, como também a performance (muito ruim) de Serra no Nordeste: 15%, contra 37% de Lula, 22% de Ciro Gomes e 10% de Garotinho.

Papéis invertidos
O fato de o deputado Sérgio Pinho Alves ter organizado o comício de Serra em Paulista, ontem, sem no entanto subir no palanque, foi motivo de gozação na Assembléia Legislativa. O deputado alegou que não subiria para não se misturar com o prefeito Antonio Speck (PMDB), que é aliado de Jarbas e foi adversário político do seu pai, o ex-prefeito Geraldo Pinho Alves, mas não convenceu. Sem sua presença, o prefeito, que o detesta, deitou e rolou sozinho.

Dono da bola
Sérgio Guerra arregimentou a maioria dos prefeitos que esteve ontem na “Blue Angel” para o encontro com José Serra. De quebra, ainda ditou por telefone a um dos assessores do candidato o que ele deveria abordar no seu discurso: recriação da Sudene, conclusão da Transnordestina e duplicação da BR-101. Ou seja, tudo o que o platéia queria ouvir.

Campanha pobre
Muitos prefeitos da base de apoio do governo estadual gostariam de votar, de graça, no senador Carlos Wilson (PTB). Exigem apenas a presença dele em seus municípios, para ser apresentado aos eleitores, porém nem isso o senador está conseguindo. Tá faltando em sua campanha o que sobra na de Sérgio Guerra e Marco Maciel: “gás”.

Jantar de adesão para a campanha de Miguel Arraes
Inah Lins, ex-chefe do cerimonial dos dois últimos governos de Arraes, está organizando um jantar no “Spettus” a fim de arrecadar fundos para a campanha dele.

Será no próximo dia 10h, às 19h, com a presença de muitos artistas.

Ex-prefeito de Olinda esquece origem política
Apesar de ter militado no PCB, o ex-prefeito de Olinda, José Arnaldo, que é candidato a deputado pelo PSDB, usa um discurso “anticomunista” contra Luciana Santos. Diz no guia eleitoral que ela faz um governo “comunista e ateu”.

Exigência ridícula
Há aspectos ridículos em nossa legislação eleitoral. Exige, por exemplo, que todas as vezes que FHC ausentar-se do país o vice Marco Maciel também se ausente, sob pena de ficar inelegível. Isso obrigou o vice a arranjar uma viagem para o Chile, de última hora, quando poderia ter ficado aqui cuidando da campanha.

“Coisa de hippie”
Roberto Freire (PPS), Brizola (PDT) e Walfrido Mares Guia (PTB), coordenadores políticos da campanha de Ciro Gomes, chegaram à conclusão de que já é hora de desferir os primeiros ataques contra o candidato do PT (Lula). Freire atirou primeiro.

Considerou “coisa de hippie” a frase: “Lulinha quer paz e amor”.

Com sua reeleição à Assembléia Legislativa praticamente assegurada, o deputado Ranílson Ramos (PPS) promoverá uma festa, hoje, no Calypso Club (Recife antigo), para seus eleitores do sertão. O prefeito de Petrolina, Fernando Bezerra Coelho, que é seu principal cabo eleitoral, confirmou presença.

Pelas contas de Inocêncio Oliveira (PFL), João Braga (PV) e Sílvio Costa (PSD), principais avalistas da coligação “democracia verde”, não serão eleitos deputados. A aliança elegeria apenas quatro, nessa ordem: Lourival Simões (PV), Oliveira Júnior (PSD), Ricardo Costa (PSD) e Toinho do Pará (PSD). Se fizer o quinto é que seria Braga.

De olho nos votos da “colônia” pernambucana residente no Distrito Federal (cerca de 140 mil pessoas), o médico veterinário Flávio Leite (PSB), sobrinho do ex-deputado Josias Leite, lançou-se candidato a deputado distrital. Ele é natural de São José do Egito e reside em Brasília há 22 anos.

Quem também promove jantar hoje, no Clube Português, ao preço de R$ 25,00 por cabeça, para arrecadar fundos para sua campanha à Câmara Federal é Renildo Calheiros (PCdoB), ex-secretário do governo da prefeitura de Olinda. Ele tem o apoio, lá, da prefeita Luciana Santos e, cá, do vice-prefeito Luciano Siqueira.


Editorial

PROJETO ESCOLA ABERTA

Em meio às emoções e conflitos do embate eleitoral, uma boa notícia pode passar despercebida: a relação positiva entre a aplicação do Projeto Escola Aberta e a redução da violência. Dados preliminares de uma pesquisa que a Unesco fez, no Rio de Janeiro e em Pernambuco, constatam uma redução de até 60% dos índices de violência nas comunidades e unidades de ensino participantes desse projeto. Fica provado, mais uma vez, que é muito mais barato, para o poder público, investir em prevenção da violência do que em tentar remediar suas conseqüências. O Governo do Estado gasta R$ 1 por aluno mensalmente no projeto, enquanto gasta R$ 1.500 por mês por cada adolescente recolhido a uma dessas assim ditas unidades de reeducação e ressocialização. O Projeto Escola Aberta, do Governo do Estado em parceria com a Unesco, consiste em fazer de colégios situados em áreas carentes, mais expostas à violência, espaços culturais mais amplos, abertos aos familiares dos estudantes e a toda a comunidade.

Os representantes da Unesco Jorge Werthein (no Brasil) e Julio Jacobo (em Pernambuco) apresentaram os dados parciais da pesquisa ao governador Jarbas Vasconcelos, que lhes assegurou que o número de escolas estaduais participantes seria ampliado até o fim do ano. Werthein considera o projeto uma iniciativa vitoriosa e disse que ele será apresentado como programa modelo, numa conferência mundial sobre educação que a ONU realizará, em dezembro, na Tanzânia, juntamente com outros dois projetos, o Bolsa Escola e o Telecurso 2000. Do Escola Aberta fazem parte 285 escolas estaduais e municipais. O índice de 60% de redução da violência foi registrado nas escolas que estão no projeto desde o ano 2000. Nas escolas que entraram no ano passado, o índice baixa para 30%. Com a agregação de mais escolas, a prevenção da violência só sairá ganhando, não só na escola, mas na comunidade envolvida.

Com razão observou o desembargador Og Marques Fernandes, presidente do Conselho de Defesa do Cidadão, que o ócio nas comunidades pobres é combustível para o aumento da violência. Não só em Pernambuco, mas em qualquer lugar do mundo, “dar opções culturais e de lazer aos jovens é uma forma de combate à criminalidade”. A presidente da ONG Tortura Nunca Mais, Amparo Araújo, vê o Escola Aberta, juntamente com o Paz nas Escolas, como significativo fator de redução da violência: “Além de dar oportunidade de cultura e lazer aos jovens de áreas pobres, o programa ainda excede os limites das escolas, integrando esses espaços com a comunidade local”.

Como muitos crimes e atos de violência em geral não são registrados na polícia, por ausência de queixa prestada (as pessoas não acreditam que isso dê resultado), a pesquisa da Unesco se baseou em questionário respondido pelos diretores das 285 escolas que integram o projeto. Eles sempre ficam sabendo dos delitos cometidos em sua escola e na comunidade vizinha, mesmo quando as vítimas não se queixam oficialmente. O questionário indaga sobre a incidência de 16 tipos de crimes, na escola e na comunidade a que ela serve.

Bom que a Secretaria de Educação do Estado esteja pretendendo aumentar de 150 para 200 as escolas estaduais ligadas ao projeto, segundo afirmou o secretário Francisco de Assis. Como em outras grandes cidades, inclusive de países ricos como os Estados Unidos, projetos similares diminuíram sensivelmente o número de crimes praticados por crianças e adolescentes que não têm o que fazer ao regressar da escola, em comunidades mais pobres, e são aliciados pelo tráfico de drogas e outras organizações criminosas, ou optam pela criminalidade por conta própria ou com suas gangues juvenis.


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09/05/2002


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