CPI da Pedofilia ouve acusado de matar seis meninos em Luziânia



O pedreiro Admar de Jesus Silva, acusado de matar seis garotos em Luziânia (GO), prestou depoimento em Goiânia nesta segunda-feira (12) ao relator e ao presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia, respectivamente os senadores Demostenes Torres (DEM-GO) e Magno Malta (PR-ES).

Segundo Demóstenes, no depoimento à comissão o pedreiro confessou detalhes do crime que não havia contado ainda à polícia. Demóstenes informou que até então Admar só reconhecia ter mantido relações sexuais com dois menores, mas confessou aos parlamentares ter matado todos os garotos após o sexo. O senador acredita que as novas confissões de Admar à CPI podem agravar ainda mais a situação jurídica do assassino confesso.

- De acordo com a confissão anterior ele seria indiciado por homicídio. Mas agora são dois crimes: estupro e homicídio (dos seis rapazes) - afirmou o parlamentar que é também presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).

Demóstenes disse que Admar pode ser considerado um assassino em série e afirmou que a CPI continuará acompanhando o caso.

- Ele disse que após a relação sexual sentia ódio e nojo. Disse que ouve vozes e que sonha com os crimes - disse Demóstenes à Agência Senado.

O interrogatório foi realizado na Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás. Também participaram do depoimento o presidente da CPI da Pedofilia da Assembleia Legislativa de Goiás, deputado Fábio Souza (PSDB) e o Secretário de Segurança Pública de Goiás, Sérgio Augusto Inácio de Oliveira.

A CPI da Pedofilia esteve em Luziânia no curso das investigações. Durante esse período, as mães dos jovens assassinados também foram recebidas pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH).

O acusado pelos assassinatos, Admar de Jesus Santos é um pedreiro de 40 anos que havia sido condenado a 14 anos de prisão por pedofilia em Brasília, mas, após cumprir quatro anos, foi beneficiado pela progressão do regime. Admar atraía os jovens oferecendo pequenos trabalhos de pedreiro ou dinheiro. Segundo a polícia, Admar matou os jovens a pauladas e os enterrou em covas rasas. O acusado foi preso no último sábado (10) em Luziânia, mas foi transferido no domingo (11) para Goiânia, por motivos de segurança.

Punição

Também em entrevista à Agência Senado, Magno Malta disse que pretende ouvir o juiz responsável pela libertação do acusado e também o psiquiatra que assinou o laudo indicando que o pedreiro necessitava de acompanhamento médico. De acordo com policiais que investigam o caso, Admar teria feito sua primeira vítima poucos dias depois de deixar a prisão.

- Havia laudos que apontavam o risco, que [mostravam ser] este homem um pedófilo perigoso. A libertação dele sem qualquer tipo de assistência permitiu essa desgraça - disse Magno Malta.

Reincidência

A senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) acredita que o desfecho do caso em Luziânia poderia ter sido outro, caso projeto de autoria dela que propõe a divulgação on line de informações sobre pedófilos após sua libertação da cadeia, já estivesse em vigor.

A proposta da senadora Marisa Serrano (PLS 338/2009) determina que qualquer pessoa pode ter acesso a informações do criminoso como nome completo, endereço de casa, local de trabalho ou estudo, crime pelo qual foi condenado e fotografia. Esses dados devem ser fornecidos pelo próprio pedófilo, caso contrário, ele poderá ser preso novamente pelo período de 1 a 2 anos e terá de pagar multa. As informações ficarão disponíveis em site governamental.

A parlamentar ressaltou que a ideia é dotar o Brasil de recurso de defesa social já usado com sucesso nos Estados Unidos.

- O objetivo é simples: permitir aos pais tomar conhecimento da existência de pedófilos condenados residindo próximo à sua própria residência ou à escola de seus filhos, com a possibilidade de identificá-los fisicamente - afirmou Marisa.

A proposta já foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça do Senado e agora aguardo o relatório na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa.



12/04/2010

Agência Senado


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