CPI do Banestado vota relatório final em dezembro



Após três meses com os trabalhos paralisados, a CPI do Banestado voltou a se reunir nesta quarta-feira (24) para definir o calendário da comissão até o encerramento das suas investigações, no final do ano, conforme pedido dos presidentes do Senado, José Sarney, e da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha. Ficou acertado que no dia 7 de dezembro será apresentado o relatório preliminar, a partir do que os membros da CPI terão prazo de cinco dias para apresentação de emendas. A previsão é de que o relatório final da CPI seja votado de 14 de dezembro. Os trabalhos da CPI não serão prorrogados para 2005, conforme queriam alguns parlamentares.

O presidente da CPI, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), reconheceu a existência de "equívocos e erros" ao longo dos trabalhos da comissão, iniciados em junho de 2003, mas disse que a comissão prestou "relevantes serviços" à sociedade, mesmo não tendo ouvido algumas autoridades. Ele afirmou que nada impede que o relatório final seja consistente, uma vez que, na ausência de depoimentos, há provas documentais.                     

Antero reconheceu também que a CPI não terá tempo de ouvir pessoas que foram convidadas a depor, a exemplo de Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central (BC) no governo Fernando Henrique Cardoso, que falaria pela segunda vez à comissão. Na lista de autoridades convidadas a depor, o que não ocorrerá, também estavam os nomes do ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, e do ex-presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb.

O senador negou a existência de qualquer esquema destinado a esvaziar a CPI. Para ele, a comissão será julgada pelo seu produto final, ou seja, a consistência do relatório. Ele destacou pontos positivos nos trabalhos da CPI, entre os quais a recuperação de mais de R$ 5 bilhões em atuações, somente em contas CC-5 no ano de 1998.

O relator, deputado José Mentor (PT-SP), também disse que o relatório a ser apresentado "será satisfatório", apesar de reconhecer que a paralisia de três meses "atrapalhou bastante os trabalhos da comissão". Para fechar o relatório, José Mentor informou que a CPI encaminhará uma carta rogatória à Justiça uruguaia solicitando a oitiva de João Arcanjo, conhecido como 'o Comendador' e apontado como o chefe do crime organizado no estado de Mato Grosso, bem como tomar novos depoimentos de representantes de bancos em Foz do Iguaçu (PR).

Queixas

Parlamentares que integram a CPI do Banestado, criada para investigar a remessa de cerca de US$ 30 bilhões para o exterior através das chamadas contas CC-5, criticaram o andamento dos trabalhos da comissão. Para a deputada Doutora Clair (PT-PR), a CPI não atingiu seus objetivos, já que falhou na descoberta, por exemplo, dos mecanismos da evasão de divisas e no rastreamento dos recursos, além de não ter se empenhado no repatriamento de milhões de dólares.

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) também não poupou críticas aos trabalhos da CPI. Ele chegou a denunciar a existência de um movimento para esvaziar a comissão. Com isso, observou, os membros da comissão fizeram o papel de "bobos da corte", sendo, a seu ver, até ridicularizados perante a opinião pública. Ele disse que a CPI do Banestado será lembrada como "A morte das CPIs no Congresso Nacional".

Contrariamente a Simon, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) considerou que a CPI fez o que pôde e chegou a operacionalizar os caminhos da evasão de divisas, o que considera positivo. Por isso, afirmou, é fundamental que a CPI conclua os trabalhos. Com isso, notou, órgãos como a Polícia Federal e o Ministério Público da União passariam a ter em mãos documentos para aprofundar as investigações, abrir inquéritos e punir com rigor os responsáveis por evasão de divisas e lavagem de dinheiro, entre outros crimes.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que com a apresentação do relatório se terá uma melhor avaliação dos trabalhos da CPI. Já o senador Romeu Tuma (PFL-SP) foi enfático: os documentos que a CPI possui permitem o indiciamento de várias pessoas, principalmente com relação à lavagem de dinheiro.

O deputado Edison Andrino lamentou que os membros da CPI não tenham participado efetivamente das decisões do colegiado, que a seu ver teriam ficado restritas ao presidente e ao relator. O deputado Sérgio Miranda (PC do B-MG) concordou.



24/11/2004

Agência Senado


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