CPI do Roubo de Cargas investiga empresários
William Sozza, preso pela Polícia Federal, é acusado de chefiar uma das maiores quadrilhas de roubo do país, com base em Campinas e ramificações em 14 estados. Ari Natalino, dono da distribuidora de combustíveis Petroforte, de Paulínia (SP), depôs na CPI e teve seus sigilos fiscal e bancário quebrados. Ele é acusado de receptação, falsidade ideológica e sonegação de impostos.
A CPI, presidida pelo senador Romeu Tuma (PFL-SP), recebeu a cooperação dos presidiários Jorge Méres e Sálvio Vilar, que confessaram ter integrado quadrilhas de roubo de cargas e denunciaram antigos cúmplices. Méres foi motorista de William Sozza. Sálvio envolveu-se com um grupo de policiais do Departamento de Crimes contra o Patrimônio (Depatri), também de São Paulo, que extorquia quadrilhas.
O testemunho dos presidiários levou a CPI às supostas trilhas utilizadas para escoar as cargas desviadas em rodovias paulistas, onde ocorrem 80% desses crimes. Uma das conexões levava ao Maranhão, onde a CPI tomou o depoimento de empresários, prefeitos, policiais e presidiários, todos suspeitos de participar de roubo e receptação de carga.
Em Campinas, a presença da comissão levou à prisão de dois policiais. O senador Romeu Tuma reconheceu a dificuldade de se alcançar os grandes receptadores ligados à quadrilha de Sozza. Preso pela Polícia Federal, o empresário recusou-se a cooperar com as investigações, mesmo quando acareado com Jorge Méres.
Durante audiência pública realizada em abril, na Assembléia Legislativa de Porto Alegre, a CPI ouviu 20 pessoas e deu voz de prisão ao comerciante Arlindo Manfroi, acusado de prestar falso testemunho. Ele é suspeito de vender caminhões roubados. Em Joinvile, foram interrogados outros cinco acusados de desvio de cargas.
A CPI tomou também o depoimento do ex-piloto de Fórmula Truck, Gilberto Luiz Hidalgo. Ele teve que se explicar sobre as dezenas de carretas - várias delas adulteradas - e cargas roubadas encontradas em um sítio de sua propriedade. Hidalgo teve seus sigilos fiscal e bancário quebrados.
Beira-mar
No dia 27 de junho, a CPI fez uma acareação entre o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e Sálvio Vilar, que denunciou ligações suas com o deputado estadual mineiro Arlen Santiago (PTB-MG) e seu irmão, o empresário Paulo César Santiago. Beira-Mar negou as ligações e chamou Sálvio de "maluco" e "alcagüete". O senador Romeu Tuma, anunciou que a comissão seguirá trabalhando durante o recesso.
10/07/2001
Agência Senado
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