CPI marca depoimento de Cachoeira para 15 de maio



VEJA MAIS

A comissão parlamentar de inquérito (CPI) mista que investiga as atividades ilícitas do empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos – o Carlinhos Cachoeira – aprovou, nesta quarta-feira (2), seu plano de trabalho, apresentado pelo relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG). O depoimento do principal investigado, Cachoeira, será no dia 15, depois das oitivas dos delegados e procuradores responsáveis que atuaram nas operações da Polícia Federal batizadas de Vegas e Monte Carlo, que investigaram o empresário.

O depoimento do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) – flagrado pela PF em conversas comprometedoras com Cachoeira – foi marcado para 31 de maio, data em que também podem ser ouvidos outros parlamentares citados nas investigações. No entanto, o relator deixou aberta a possibilidade de alteração da data, mediante entendimento entre os integrantes da CPI.

O depoimento de Cachoeira fora marcado inicialmente para o dia 17. A reunião do dia 15 serviria para votação de requerimentos. Alguns membros da CPI, contudo, argumentaram que a ordem de importância dos requerimentos poderia ser alterada após o depoimento do principal acusado. O relator, então, aceitou trocar as datas. Até o momento, já foram apresentados 167 requerimentos.

Para a próxima terça-feira (8), foi marcado o depoimento do delegado da Polícia Federal Raul Alexandre Marques Sousa, responsável pela investigação da Operação Vegas. Dois dias depois serão ouvidos o delegado Matheus Mella Rodrigues e os procuradores da República Daniel de Rezende Salgado e Lea Batista de Oliveira, responsáveis pela investigação da Operação Monte Carlo.

Diversos acusados de integrarem a organização de Carlinhos Cachoeira serão ouvidos nas audiências dos dias 22 e 24 de maio. Entre eles estão José Olímpio de Queiroga Neto; Gleyb Ferreira da Cruz; Wladimir Henrique Garcez; Lenine Araújo de Souza; Idalberto Matias de Araújo, o Dadá; Jairo Martins; e Geovani Pereira da Silva (considerado, hoje, foragido da Justiça). No dia 29, serão ouvidos Cláudio Dias de Abreu, diretor da Construtora Delta, e outros empresários envolvidos.

O relator Odair Cunha propôs que, nos meses de maio de junho, sejam realizadas duas audiências por semana. Nos meses seguintes, haverá uma oitiva a cada semana.

O relator acolheu sugestões feitas pelos integrantes da CPI, após a discussão sobre o plano de trabalho que apresentou. Além da alteração do depoimento de Carlinhos Cachoeira, o relator aceitou ampliar a investigação de agentes e servidores públicos para os três poderes – inicialmente, o plano falava em “integrantes dos governos estaduais”. Ele também ampliou os dias de reuniões semanais da CPI.

Odair Cunha não quis retirar o foco da investigação, atualmente na atuação da Construtora Delta na região Centro-Oeste, mas ressalvou que isso não significa fechar os olhos para denúncias de irregularidades em outras regiões do país.

Procurador-Geral

O possível depoimento à CPI do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, motivou intenso debate entre os parlamentares. Entre os senadores, o senador Fernando Collor (PTB-AL) sugeriu que o procurador-geral fosse o primeiro a ser ouvido, enquanto o senador Pedro Taques (PDT-MT) afirmou que o depoimento de Roberto Gurgel o impediria de apresentar denúncia contra os parlamentares envolvidos, uma vez que ele teria falado à CPI na condição de testemunha.

A discussão surgiu após questão de ordem apresentada pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), para quem os procuradores da República não poderiam prestar depoimento à CPI. Pedro Taques afirmou que os procuradores convidados a depor já tinham apresentado suas denúncias, o que não atrapalharia o desenrolar do inquérito. O presidente da CPI não acolheu a questão de ordem de Randolfe Rodrigues e manteve o depoimento dos procuradores.

Ao final da discussão sobre o plano de trabalho, o relator da CPI disse ter estado com Roberto Gurgel nesta quarta-feira. Ele teria apresentado restrições a seu depoimento na CPI, mas não se negado a comparecer. Odair Cunha disse que a questão será decidida pelos integrantes da CPI em reunião administrativa.

Sigilo

No início da reunião, o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), informou ter recebido cópia de inteiro teor da Operação Vegas, encaminhada à comissão pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Carlos Ayres Brito, com o consentimento do relator do caso na Corte, ministro Ricardo Lewandowski. Vital afirmou que o STF não encaminhou cópia da Operação Monte Carlo, que, de acordo com o tribunal, está tramitando na 11ª Vara Federal, em Goiânia.

O presidente da CPI ressaltou que o presidente do STF pediu “rígidas providências” para que o conteúdo do inquérito, protegido por segredo de Justiça, não seja utilizado indevidamente.

Fernando Collor enfatizou a necessidade de sigilo, lembrando que o presidente e o relator da CPI serão os primeiros a serem responsabilizados pelo uso indevido das informações. A discussão sobre o vazamento de informações pela CPI ensejou uma demorada discussão entre os parlamentares.

Pedro Taques afirmou que se estava diante de um “conto da carochinha”, uma vez que praticamente todo o teor do inquérito já estava disponível na internet. O senador sugeriu que a CPI peça ao STF que seja decretado o fim do sigilo sobre o inquérito, o que também foi solicitado pelo senador Alvaro Dias (PSDB-PR).

O presidente da CPI afirmou que, antes de decidir sobre o assunto, vai aguardar o estudo que a assessoria do colegiado está fazendo sobre as implicações do compartilhamento dos dados do inquérito, permitido pelo STF, com o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado e com a Comissão de Sindicância da Câmara dos Deputados.

Conflito de interesses

Antes da discussão do plano de trabalho, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) apresentou questão de ordem indagando sobre possíveis impedimentos constitucionais para a participação, na CPI, do deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP). O senador afirmou que o deputado tem ligação com um dos investigados pela CPI, Idalberto Matias de Araújo, o que configura “claro conflito de interesses”.

O presidente da CPI disse não ter como função escolher os membros da comissão, o que é feito pelas lideranças dos partidos. Ele acrescentou que o senador poderia apresentar recurso à presidência do Congresso Nacional.

Protógenes afirmou que sua presença na CPI é “legítima, legal e constitucional” e atribuiu a questão de ordem ao fato de ser autor de uma representação na Câmara contra o deputado federal Sérgio Guerra (PE), presidente do PSDB, acusando-o de praticar ato de vandalismo contra seu gabinete.



02/05/2012

Agência Senado


Artigos Relacionados


CPI antecipa depoimento de Carlos Cachoeira para 15 de maio

CPI reconvoca Cachoeira, quebra sigilo de sua mulher, e marca depoimento de Cavendish

CPI marca depoimento de Cavendish para dia 28

Parlamentares votam requerimento para encerrar depoimento de Cachoeira

Começa reunião para ouvir primeiro depoimento da CPI do Cachoeira

Deputado Leréia pede para adiar depoimento à CPI do Cachoeira