CPI ouve depoimentos de dirigentes do Vasco da Gama



O ex-presidente do Conselho Deliberativo do Clube de Regatas Vasco da Gama Antonio Gomes da Costa disse que o atual presidente do Clube, o deputado Eurico Miranda, extrapolou suas prerrogativas estatutárias ao encaminhar quatro solicitações para investimento no Liberal Banking & Co. Ltd., com sede em Nassau (Bahamas). As quatro solicitações totalizaram R$ 12,55 milhões.

Em depoimento nesta quarta-feira (dia 4) à Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga irregularidades no futebol (CPI do Futebol), Gomes da Costa afirmou que, ocupando à época os cargos de segundo-vice-presidente de Finanças e diretor de futebol do Vasco, Eurico Miranda não teria competência para encaminhar a solicitação, de acordo com os estatutos do clube. Como outros dirigentes, Gomes da Costa afirmou não ter conhecimento de qualquer conta do clube aberta no exterior.

Para o ex-dirigente - que deixou a presidência do Conselho Deliberativo do Vasco em 16 de janeiro último, depois de três mandatos consecutivos (totalizando nove anos) -, Eurico Miranda também estava "estatutariamente errado" ao ter endossado um cheque de US$ 110 mil para ser depositado em uma conta bancária em Miami (EUA). Gomes da Costa, que se disse amigo do deputado, afirmou que, em ambos os casos, a competência seria do presidente e do diretor-financeiro da agremiação esportiva.

O presidente da CPI, senador Álvaro Dias (PSDB-PR), afirmou que o principal desafio da comissão, atualmente, é saber quem foi o beneficiário do depósito no banco das Bahamas.

Ao responder ao senador Geraldo Cândido (PT-RJ), o ex-presidente do Conselho Deliberativo do Vasco reconheceu que é preciso modificar o estatuto do clube para adequá-lo à data de fechamento do balanço financeiro nele expressa, em janeiro. Segundo Gomes da Costa, há várias décadas esse prazo é descumprido. O relator da comissão, senador Geraldo Althoff (PFL-SC), lamentou que os estatutos sejam sistematicamente descumpridos pelos clubes de futebol no Brasil.

Também prestou depoimento na manhã desta quarta-feira o vice-presidente do Conselho Deliberativo, Amadeu Pinto da Rocha. O senador Sebastião Rocha (PDT-AP) indagou se ele conhecia o funcionário do Vasco da Gama Aremitas José de Lima, em nome de quem foram feitos depósitos em conta bancária, totalizando R$ 1,4 milhão.

Amadeu Pinto da Rocha afirmou que, quando o clube foi processado judicialmente pela Portuguesa de Desportos por não ter feito um seguro de vida para o jogador Dener - que fora emprestado pela Portuguesa e morreu em um acidente de automóvel -, os bens e contas bancárias do Vasco foram bloqueados.

- Como o clube tem responsabilidade com o pagamento e a alimentação de mais de 500 atletas, tínhamos de conseguir uma forma de pagar as despesas e salários. A solução, segundo ele, foi movimentar o dinheiro arrecadado pelo clube através da conta de Aremitas, que depois prestava contas ao clube - justificou o depoente. Pinto da Rocha disse desconhecer por que Aremitas foi o escolhido para isso.

Álvaro Dias convocou nova reunião da CPI para esta quinta-feira (dia 5), quando serão ouvidos Bruno Garavello e Maria Angela Alves Luz, respectivamente ex-vice-presidente de Finanças e contadora do Clube de Regatas Flamengo.

04/04/2001

Agência Senado


Artigos Relacionados


CPI do Futebol ouve representante do Vasco da Gama

Dirigentes do Vasco negam provas e evidências contra Eurico

CPI do Futebol ouve contador do Vasco e sócio de Luxemburgo

CPI do Futebol ouve representantes do Vasco nesta terça-feira

CPI do Futebol ouve vice-administrativo do Vasco e líder da oposição no Palmeiras

CPI da Pedofilia convoca dirigentes do Google para depoimentos