CPI ouve quatro novos depoentes



A CPI da Segurança Pública ouve nesta segunda-feira (17) quatro novos depoentes: João Paulo Souteiro e Valdo Marques da Silva, representantes da empresa Carnegie Cooke & Company, e Guilherme Ribeiro e Leonardo Ribeiro, ligados à Loteria do Estado do Rio Grande do Sul (Lotergs). Os dois primeiros depoentes deverão explicar detalhes sobre as atividades da companhia norte-americana, responsável pela retransmissão de jogos de corridas de cavalos via satélite, com sede em Porto Alegre. As demais testemunhas falarão sobre o desempenho financeiro da loteria. Em cinco meses de trabalho, a CPI da Segurança Pública já realizou 27 reuniões e ouviu 76 depoentes. Entre os fatos apurados estão a quebra de hierarquia no comando da Brigada Militar (BM), o sucateamento do Instituto Geral de Perícias (IGP), a proliferação de jogos eletrônicos clandestinos no Estado e a suspeita de ligação entre bicheiros e integrantes do PT. O ex-comandante da Brigada Militar, coronel Nélvio Neumann, confirmou em seu depoimento que um soldado tomava decisões sobre assuntos internos da BM sem consultar seus superiores, quebrando a hierarquia da corporação. Outro ex-comandante, Roberto Ludwig, disse à comissão que a ingerência da secretaria nas ações da BM foi o principal motivo que culminou com sua saída do cargo. Os policiais também denunciaram o acúmulo de inquéritos no IGP sem laudo pericial e a falta de reajuste, armas, munições e programas especializados de treinamento para os servidores. Os depoentes acrescentaram que o Rio Grande do Sul é o quarto estado que pior paga a segurança no Brasil, com investimentos de apenas R$ 5 milhões em 2000, contra R$ 154 milhões em 1998. A CPI também investiga o suposto envolvimento do governo com o jogo do bicho. O ex-tesoureiro do PT, Jairo Carneiro dos Santos, revelou que bicheiros doaram R$ 600 mil ao Clube de Seguros da Cidadania para a compra da sede estadual do partido e delegados acusaram o Executivo de arrecadar fundos da jogatina para investir em obras de assistência social. O presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke denunciou a existência de grupos controladores da jogatina clandestina no Rio Grande do Sul. Ele apresentou aos deputados um documento em que o ex-chefe de polícia, Luiz Fernando Tubino, autoriza a criação de agências para aposta em corridas de cavalo via satélite no Rio Grande do Sul, atividade proibida por lei federal.

09/14/2001


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