CRE aprova nomes de quatro embaixadores
A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) aprovou, nesta quinta-feira (22), quatro mensagens presidenciais indicando nomes de diplomatas de carreira para exercerem o cargo de embaixador. As indicações seguem para a Mesa Diretora, para inclusão na ordem do dia do Plenário do Senado.
A primeira indicação foi do nome do ministro de primeira classe João Carlos de Souza Gomes para delegado permanente do Brasil junto à sede da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), em Paris, com status de embaixador.
Em seu parecer favorável, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) ressaltou a importância de o Brasil manter um representante junto à sede da Unesco, tendo em vista a disponibilidade de manter conversas francas, sem a prisão ou os condicionamentos da política, do comércio ou da indústria que, em outros foros internacionais, dificultam o diálogo entre os países.
Entre as prioridades do Brasil na Unesco, Cristovam citou a defesa da permanência das indicações de Patrimônio Cultural da Humanidade que já contemplam cidades brasileiras como Ouro Preto, Salvador e Brasília, "esta última ameaçada por muitas pessoas que sonham em romper esses status, movidas pelo espírito da especulação imobiliária", disse.
O senador ressaltou a importância do Programa da Unesco intitulado "Educação para Todos", que se destina à alfabetização e ao treinamento de professores, em vigor nos 58 escritórios da Unesco através no mundo, inclusive no Brasil.
Ao falar sobre sua indicação, João Carlos de Souza Gomes lembrou que a Unesco foi criada após a 2ª Guerra Mundial para trabalhar pela paz por meio da educação, da comunicação e da ciência, com especial ênfase no respeito aos direitos humanos.
- Nos dias de hoje, representa foro construtivo para encaminhamento de teses mundiais como direitos humanos, cooperação entre as nações, interação educacional e cooperação científica, sem os constrangimentos de outros foros que se deixam dominar pelas forças políticas dos países mais fortes - enfatizou.
O embaixador indicado também lembrou que o Brasil possui vários sítios classificados como Patrimônio Cultural da Humanidade, entre eles Ouro Preto, a parte antiga de Salvador e o Parque do Iguaçu na Mata Atlântica, mas ressaltou a relevância de Brasília, que é o único conjunto urbanístico do século XX que consta da lista da Unesco.
Rússia
A segunda mensagem aprovada na CRE indicou como embaixador do Brasil junto à Federação da Rússia, e cumulativamente, junto à República de Belarus, o diplomata Carlos Antonio da Rocha Paranhos.
Ao fazer sua exposição, o indicado ressaltou a dinamização das relações entre os países desde a visita do presidente José Sarney, em 1988, à então União Soviética. Depois vieram as reformas de Michkail Gorbachev e o advento da Federação da Rússia, seguido dos anos difíceis de Boris Yeltsin, disse.
Depois de seis anos de Wladimir Putin e de crescimento médio de 7% ao ano, a Rússia vem acumulando mais de US$ 160 milhões de superávit comercial anual com o mundo e está classificada em nível de "Investment Grade", com investimentos maciços em rodovias, ferrovias e gasodutos, explicou.
Segundo Rocha Paranhos, o Brasil vende principalmente carnes para a Rússia, e o Grupo Sadia está fazendo vultosos investimentos em Kalingrad para a produção de embutidos. São 4,5 bilhões de dólares em comércio bilateral por ano, bem superavitário para o Brasil.
O diplomata anunciou que haverá um "Ano do Brasil" na Rússia em 2008, com exposições e eventos em várias cidades do país.
Haiti
A CRE aprovou, ainda, a indicação do diplomata Igor Kipman para o cargo de embaixador junto à República do Haiti. Em seu parecer favorável, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) ressaltou a importância da presença das tropas de paz das Nações Unidas, lideradas pelo Brasil, na pacificação do país, que enfrentou tempos difíceis durante décadas.
Igor Kipman lembrou ter sido encarregado de negócios em Porto Príncipe (Haiti) e, depois, em São Domingos (República Dominicana). Agora, como embaixador, pretende perseguir o tripé segurança, redemocratização do país e desenvolvimento social e econômico nas relações entre o Brasil e o Haiti.
O diplomata afirmou que, no plano político, oposição e situação estão conversando, o que não acontecia antes de o presidente René Préval assumir em maio de 2006. O governo está frágil, mas a situação está evoluindo, o país está melhorando em todos os níveis, desde o político até o econômico e social, destacou.
Igor Kipman disse que o Brasil inaugurou uma nova forma de conduzir as Forças de Paz, com um paradigma inovador, a partir do dia 18 de agosto de 2004, quando a seleção de futebol do Brasil foi jogar em Porto Príncipe.
- Ao contrário do futebol norte-americano, que é força e dominação, o futebol brasileiro é arte e alegria. Os grupos rivais estavam atirando entre si e pararam tudo para aplaudir a seleção do Brasil. Cerca de um milhão de pessoas foram aplaudir o jogo, em Porto Príncipe - ressaltou.
Timor-Leste
Com relatório favorável da senadora Fátima Cleide (PT-RO), a CRE aprovou, também, a indicação do nome do ministro de primeira classe Edson Marinho Duarte Monteiro para o cargo de embaixador junto à República Democrática de Timor-Leste.
Ao fazer sua exposição, Duarte Monteiro destacou que Timor-Leste é uma jovem nação independente, desde 2002, depois de passar por muitas dificuldades e luta por mais de duas décadas. Somente em 2007 elegeu seu presidente, Ramos Horta, e seu Parlamento, lembrou.
O embaixador indicado disse que Timor-Leste ainda não tem uma língua nacional, porque a população fala uma mistura de dialeto com português. O interesse do Brasil é fortalecer a língua portuguesa, por isso enviou 50 professores para dinamizar a educação em português, disse, revelando que o presidente Ramos Horta visitará o Brasil em janeiro próximo.
Segundo Duarte Monteiro, o Timor-Leste tem potencial econômico porque possui petróleo, além de ser rico em atividades agrícolas, como produção do café com parceria brasileira e cooperação técnica. Ele lamentou que o desemprego da população jovem seja de 40%, o que gera crise e instabilidade, desestimulandoos investimentos estrangeiros.22/11/2007
Agência Senado
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