Cresce no País o medo da violência
- Cresce no País o medo da violência
- O número de brasileiros que consideram a violência o principal problema do País duplicou em cerca de dois meses. Em dezembro, estava em 10%. Disparou para 21% em fevereiro, de acordo com o Datafolha.
O índice - medido desde 1996 - é um recorde. Atinge 27% entre os paulistas e chega a 29% entre os paulistanos.
Apesar da estabilização dos principais indicadores de violência, a onda de medo segue a explosão dos casos de seqüestro e episódios de grande repercussão, como os 53 dias de cativeiro do publicitário Washington Olivetto e o assissinato do prefeito Celso Daniel.
A violência ultrapassou preocupações como saúde e corrupção e está atrás apenas do desemprego, principal problema para 32% dos brasileiros.
O número de entrevistados que moram em residências onde há armas de fogo também aumentou. Subiu de 8% na pesquisa de junho de 1999 para 12% no atual levantamento.
De acordo com o Datafolha, 59% das pessoas têm mais medo que confiança na polícia.
A pesquisa aponta que a maioria dos brasileiros defende a pena de morte (51%), a prisão perpétua (72%) e a convocação do Exército para combater a violência (84%). (pág. 1 e C1)
- Um grupo de cinco homens armados e vestidos com coletes da Polícia Civil invadiu na madrugada de ontem o Cadeião de Pinheiros (zona oeste de São Paulo) e pode ter resgatado pelo menos três detentos.
A quadrilha rendeu os carcereiros depois de ter dito que havia sido enviada para reforçar a segurança da muralha que cerca o cadeião. Antes da fuga, houve troca de tiros.
Segundo a polícia, durante a ação, os homens afirmaram ser integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital). A informação foi negada pela direção da carceragem.
Pela manhã, uma unidade do Cadeião com 1.100 presos rebelou-se. A rebelião foi controlada pela Polícia Militar. Em uma primeira revista, foram encontrados pelo menos três presos feridos. (pág. 1 e A17)
- Sob pressão da CSN, o Itamaraty sugeriu aos EUA o aumento da cota brasileira para as exportações de placas de aço semi-acabadas. O fato revela que a posição do Brasil sobre o tema ainda não é definitiva - o País se satisfez com a possibilidade de elevar a exportação do produto para os EUA.
Para economistas, a restrição às importações de aço pelos EUA explicita o protecionismo que vem sendo praticado pelos países ricos. (pág. 1, B1, B3 e B4)
- Depois da apreensão de documentos em empresa da qual a presidenciável Roseana Sarney é sócia, os pefelistas transformaram José Serra (PSDB) de adversário político a inimigo a ser combatido. Roseana disse a políticos do PFL que seria mais importante se vingar de Serra do que ganhar a eleição presidencial. (pág. 1 e A12)
- Seis meses após os atentados de 11 de setembro, o presidente republicano George W. Bush começa a ser alvo de críticas e disputas internas. Apesar de ter perdido a imunidade a ataques, Bush mantém a alta taxa de popularidade. (pág. 1 e cad. Especial pág. 1)
Colunistas
PAINEL
- FHC decidiu não entregar ao PMDB os ministérios deixados pelo PFL, apesar da pressão dos peemedebistas. Para não acirrar ainda mais os ânimos no partido de Roseana Sarney (MA).
Editorial
"CERTA INCERTEZA”
Dois acontecimentos recentes interferiram no modo como vinha sendo conduzido o processo eleitoral. Na terça-feira, 26 de fevereiro, o Tribunal Superior Eleitoral decidiu que, nas eleições de outubro, as coalizões de partidos em nível estadual não podem ser incompatíveis com as firmadas para a disputa da Presidência. Na quinta-feira, 7 de março, o PFL, alegando que sua pré-candidata ao Planalto fora vítima de perseguição política, formalizou o rompimento da aliança com o Governo de Fernando Henrique Cardoso.
Não há subsídios que por ora confirmem a hipótese, algo difundida, de que interesses eleitorais do presidenciável do PSDB, o senador José Serra, estejam por trás desses dois acontecimentos: é forçoso reconhecer, aliás, que a natureza de um nada tem a ver com a do outro, embora ambos exerçam influência nas perspectivas dos partidos.
A saída do PFL do Governo é um acontecimento significativo, seja do ponto de vista do histórico da legenda, seja do ponto de vista de sua importância no contexto da disputa pela Presidência. O partido foi sócio de primeira hora da coalizão que elegeu duas vezes e que por mais de sete anos deu sustentação a Fernando Henrique Cardoso. (...) (pág. A2)
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03/10/2002
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