Crise da economia americana prejudica setor manufatureiro, diz Mantega



O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta terça-feira (23), que a dívida dos Estados Unidos e de alguns países da União Européia pode se transformar numa nova crise do sistema financeiro e já se fala em risco de recessão.

“A crise de 2008 não terminou para os países avançados. Ela se tornou uma crise da dívida soberana e por vir a se transformar novamente numa crise bancária, pois as instituições financeiras são os principais credores (dessas dívidas). É rotativo”, declarou.

Segundo o ministro, há uma preocupação com o baixo nível de crescimento da economia americana, pois segundo ele não está gerando empregos e nem demanda para os manufaturados produzidos no mundo.

Mantega também reafirmou que, no Brasil, ao contrário dos EUA, não há conflito político capaz de atrapalhar a economia. “Do ponto de vista político, estamos mais maduros”.

Quanto à situação dos países da União Européia, como Portugal, Grécia e Irlanda, repetiu que os europeus não conseguem solucionar os problemas das suas dívidas. Segundo o ministro, as economias do fundo de estabilização não são suficientes.

“Só a dívida da Grécia, que está em pior situação, é de € 350 bilhões. Deveriam colocar € 1 trilhão de euros nesse fundo. Mesmo que (todo esse valor) não seja utilizado, recupera a confiança do consumidor”, disse.

O ministro lembrou que o cenário instável dos países desenvolvidos vai afetar os emergentes, levando a uma maior disputa nos mercados, especialmente no setor manufatureiro. Ele voltou a criticar a política expansionista americana.

“Eu não sou contra essa política quando é necessária. Mas ela sozinha não resolve o problema porque o excesso de liquidez não é absorvido pelo setor produtivo. É dinheiro para especulação e que leva a guerra cambial”, declarou.

Diante da nova fase da crise internacional, o ministro reforçou que o Brasil está mais preparado para enfrentar a crise. Ele citou que o País tem reservas internacionais em patamares mais elevados do que em 2008 e que o mercado interno continua em crescimento.

Apontou ainda a solidez do sistema financeiro, menor dependência do mercado externo, melhor situação fiscal e dívida pública estável como fatores que tornam a economia brasileira menos vulnerável. “O Brasil é um País que possui confiança. Há 12 anos construímos superavit primário e estamos cumprindo as metas fiscais com sobra”.


Fonte:
Ministério da Fazenda



23/08/2011 19:45


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