Crise internacional é oportunidade para fortalecer integração, afirma Requião
O agravamento da crise econômica internacional deve ser visto como oportunidade para o aprofundamento da integração regional, disse nesta sexta-feira (2) em Montevidéu o senador Roberto Requião (PMDB-PR). Em seu primeiro pronunciamento durante sessão do órgão legislativo regional, o presidente da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul (Parlasul) sustentou que os países do bloco, juntos, podem se defender melhor dos efeitos da crise.
Segundo o senador, os países ricos tentarão aumentar as suas exportações para o resto do mundo, com o risco do que chamou de um "dumping industrial" capaz de prejudicar os parques produtivos dos países emergentes. Os países que têm uma base industrial estarão ameaçados, previu, e países que não têm essa base, mas aspiram a tê-la, estão igualmente em risco.
- Diante disso, no caso da América do Sul, é imperioso acelerar o processo de integração, pois dentro de um bloco econômico será possível proteger os mercados internos sul-americanos, sem ferir as regras da Organização Mundial do Comércio. Individualmente, qualquer país que recorra a barreiras comerciais corre o risco de discriminação e retaliações no mercado internacional. Num bloco, ele pode fazê-lo sem ferir tratados internacionais - disse Requião.
O presidente da Representação Brasileira defendeu a construção do que chamou de Consenso do Rio, no lugar do antigo Consenso de Washington, que orientou a adoção de políticas econômicas liberais em toda a América Latina nos anos 90. O novo consenso, segundo o senador, baseia-se em propostas de um grupo de economistas brasileiros reunidos pelo Instituto de Estudos Estratégicos para a Integração da América do Sul, entre os quais Maria da Conceição Tavares, Luiz Gonzaga Belluzzo e Carlos Lessa. O grupo propõe uma alternativa capaz de estimular o "desenvolvimento dos países da América do Sul, conciliando estabilidade de preços, crescimento e promoção do pleno emprego".
O pronunciamento de Requião foi elogiado pelo parlamentar argentino Rodriguez Saá, para quem é importante que o Parlasul coloque em debate os efeitos sobre a região da crise econômica mundial. O parlamentar paraguaio González Núñez, por sua vez, aproveitou a oportunidade da retomada dos trabalhos do órgão legislativo regional para defender a ampliação das prerrogativas do Parlasul, para que ele possa "servir à cidadania e ter credibilidade e confiança".
Estreantes
Diversos parlamentares brasileiros que compareceram pela primeira vez ao Parlasul fizeram pronunciamentos durante a sessão. Os deputados Mandetta (DEM-MS) e Weliton Prado (PT-MG) pediram o estabelecimento de políticas conjuntas dos países do Mercosul no combate às drogas. O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) registrou com satisfação os primeiros resultados concretos da integração regional no atendimento à saúde de populações de cidades na fronteira entre o Brasil e o Uruguai.
O deputado Marçal Filho (PMDB-MS) também abordou o tema das cidades de fronteira, citando como exemplo a região de Mato Groso do Sul próxima ao Paraguai. Para ele, os habitantes fronteiriços precisam ter um "tratamento diferenciado", por enfrentarem problemas diferentes dos de demais regiões do país. O deputado Emiliano José (PT-BA) defendeu a união dos países do bloco para "enfrentar os desafios sociais, econômicos e culturais" de um momento em que, a seu ver, o Mercosul adota um caminho de "crescimento com distribuição de renda".
Por sua vez, o deputado Newton Lima (PT-SP) propôs que o Mercosul, diante da nova conjuntura econômica mundial, adote "politicas estruturantes de educação, ciência e tecnologia", com o objetivo de construir parques tecnológicos que fortaleçam a capacidade dos países do bloco de concorrer no mercado internacional.
02/12/2011
Agência Senado
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