Requião: integração de países latino-americanos é única solução ante crise econômica global



O senador Roberto Requião (PMDB-PR) demonstrou preocupação nesta segunda-feira (5), em Plenário, com a economia do Brasil e do Mercosul. Ele apontou a necessidade de os países latino americanos se unirem para superar a crise econômica global.  O senador relatou sua participação, como integrante do Parlasul, em dois encontros internacionais: no Foro de Guadalajara, no México, e no Parlamento Andino, no Peru. Em pauta, as alternativas econômicas para enfrentar a crise, frisando que, para os economistas, os países da América Latina precisam romper a dependência com os "países imperiais" e caminhar com as "próprias pernas".

- Concluímos, enfim, que o nosso destino é a unidade, a cooperação, a integração. Vimos que os acordos bilaterais com que nos procuram amarrar os países imperiais condicionam-nos ao atraso, à dependência, à eterna condição de produtores e exportadores de commodities – afirmou.

Requião assinalou que a crise tem o lado positivo de abrir espaço para soluções mais ousadas já que o povo, em desespero, começa a cobrar respostas.

Exportação da crise

Roberto Requião afirmou que, atualmente, os Estados Unidos, a China e os países da Europa estão tentando exportar o desemprego por meio do cortes de gastos públicos e da desvalorização da moeda. Ele explicou que com a desvalorização monetária, os países esperam importar menos, exportar mais e compensar a redução interna do emprego, ou seja, “estão se armando para exportar a crise para fora”.

- A Europa está reduzindo, perigosamente, os gastos públicos e o consumo privado, o que leva ao aumento do desemprego. Ao mesmo tempo, aposta na grande expansão monetária e consequente desvalorização do euro, esperando que as exportações e redução das importações possam gerar empregos em volume suficiente – explicou.

Roberto Requião disse que o aumento das exportações esperado pelos países não virá porque todos eles estão cortando gastos públicos e consumo interno. Ele acredita que com essas ações, é inevitável que ocorra uma crise econômica e geopolítica mundial de maiores proporções nos próximos anos.

- O fato é que os países não vão responder à crise como em 2008, ampliando os gastos públicos. E isso, na soma das atitudes de cada país, será absolutamente mortal para a economia planetária – disse.

Brasil e América Latina

Roberto Requião afirmou que o Brasil e a América Latina ainda são muito dependentes de tecnologia e serviços estrangeiros e que essa realidade precisa ser modificada para enfrentar a crise. O senador explicou que o altíssimo pagamento de juros e lucros para o exterior tem levado o Brasil a ter um déficit em transações  correntes de U$ 55 bilhões, financiado principalmente com o crescente endividamento e desnacionalização de empresas brasileiras.

- Quando vier a crise, não haverá saída com a manutenção do mesmo modelo primário exportador ou no mesmo modelo neoliberal de privatizações, de desnacionalização e de juros altos – afirmou.

De acordo com Requião, as medidas “quebra-galho” adotadas pelo Brasil nos últimos anos não se sustentam e precisam ser substituídas ou recosturados sequentemente. Ele afirmou que o modelo econômico atual não tem mais viabilidade e por isso é necessário um rompimento.

- Romper para sobreviver, romper para construir a mais generosa de todas as utopias: a utopia de um mundo novo e solidário para todos – afirmou.



05/11/2012

Agência Senado


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