Cristovam acusa governador do DF de colocar dinheiro da segurança pública em estádio



O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) afirmou, em pronunciamento nesta quinta-feira (11), que o atual governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, “tem se dedicado muito à segurança, mas apenas à segurança dos turistas que virão assistir à Copa do Mundo”.

O parlamentar informou que, algumas horas antes de seu pronunciamento, houve um tiroteio num estacionamento próximo à Praça dos Três Poderes – espaço entre o Supremo Tribunal Federal (STF), o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional. Um segurança do Supremo Tribunal Federal (STF) percebeu que uma pessoa tentava roubar um carro. O ladrão reagiu e foi baleado.

– Um segurança, atento, fez algo que, neste País, nunca deveria ser preciso fazer: deu tiros. Em muitos países do mundo, o policial nem anda armado. Aqui, policial particular anda armado. Se fosse um caso único, nós diríamos que foi uma fatalidade. Mas não é! De janeiro para cá, foram 201 assassinatos no Distrito Federal – afirmou o parlamentar, para quem os habitantes do Distrito Federal estão “absolutamente em pânico”.

Cristovam disse ser preciso fazer uma reflexão sobre o custo da energia que o Brasil gasta por conta da Copa do Mundo. Reconheceu ser preciso que a Copa dê certo, pois essa é uma condição para que o Brasil se afirme no cenário mundial.

– Mas que energia nós não estamos gastando? Eu não falo só em energia de dinheiro. Eu falo da energia de só pensar nisso o tempo todo, da energia intelectual. Em qualquer lugar que se vai é esse o assunto. O esforço é concentrado para o que vai acontecer durante os poucos jogos que acontecerão aqui durante a Copa do Mundo – disse o parlamentar na tribuna do Senado.

Cristovam Buarque afirmou que os recursos necessários para investir em educação, saúde e segurança estão sendo gastos na construção de um estádio de 71 mil lugares “numa cidade que ainda não tem futebol”, a um custo estimado de R$1,5 bilhão. O gasto, segundo alguns jornais, torna o estádio o mais caro do mundo, afirmou o parlamentar.

O senador observou ainda que o governo do Distrito Federal, em vez de buscar uma parceria público-privada, como fizeram outras cidades, optou por fazer a obra com recursos públicos, para depois repassá-la, sem nenhum custo, à iniciativa privada. Além disso, assinalou Cristovam Buarque, o governo do Distrito Federal não aceitou dinheiro do governo federal para evitar que o Tribunal de Contas da União fiscalizasse as obras.

– Aí alguns estranham que o Distrito Federal comece a ter uma violência desse tipo. Não é estranho, é lógico. Não há por que ficar espantado. Há como ficar amedrontado, assustado, indignado – afirmou o senador, acrescentando que o tiroteio na Praça dos Três Poderes “é até sintomático”, além de “caricatural” e “horroroso”.

Os senadores Ivo Cassol (PP-RO) e Pedro Simon (PMDB-RS), em apartes, concordaram com Cristovam Buarque.



11/04/2013

Agência Senado


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