Cristovam: corrupção e insensibilidade política podem levar o país a uma autocracia como a da Venezuela



Para o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), a corrupção e a insensibilidade dos políticos podem levar o país a tornar-se uma autocracia. Ao discursar em Plenário nesta sexta-feira (23), o senador citou o caso da Venezuela, onde, na sua avaliação, "a insensibilidade histórica das elites em relação à população e a perda de credibilidade da classe política levaram o povo a apoiar o governo autocrático de Hugo Chávez". O senador ressaltou, no entanto, que não estava se referindo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, "porque Lula não tem vocação para isso".

- Se não mudarmos, vamos nos tornar os pais do autoritarismo ou da autocracia no futuro, que poderá ter o apoio do povo brasileiro - declarou ele.

O senador criticou o Congresso Nacional quanto ao processo de cassação de Renan Calheiros, quanto à votação da prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) - "um tributo que ninguém quer", disse -, e quanto à sucessão na Presidência do Senado, "cujo titular parece que será escolhido pelo presidente da República", afirmou ainda.

Cristovam disse que "é preciso entender o que aconteceu com a Venezuela, como se chegou a Hugo Chávez, pois, na década de 70, esse país tinha uma democracia, enquanto países como Argentina e Brasil estavam sob ditaduras". Para o senador, isso ocorreu porque, antes de Chávez, a Venezuela "passou por 50 anos de falsa alternância de poder", sob o monopólio de dois partidos.

- E, nesse período, a economia venezuelana nadou no petróleo, sem que nenhuma gota deste chegasse ao povo venezuelano - disse, acrescentando que os políticos venezuelanos eram os legitimadores do mau uso do dinheiro do petróleo.

O senador declarou ainda que, "ao lado dessa corrupção do uso dos recursos nacionais, houve também a corrupção da política em si e o uso da política em benefício próprio de parlamentares e membros do Executivo".

- Creio que, no Brasil, estamos caminhando no mesmo passo - alertou.

Cristovam, que esteve recentemente na Venezuela, afirmou que a população local apóia Chávez mesmo com a interferência deste sobre outras instituições. Disse que, "quando você pergunta como é que eles querem um regime cuja Justiça foi definida pelo presidente, eles respondem que, 'antes, a Justiça não pensava na gente'".

- E este Legislativo (o brasileiro)? Alguém acha que o povo, hoje, iria para a rua defender o Congresso? - questionou Cristovam.



23/11/2007

Agência Senado


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