Cristovam diz que crise do Senado é insustentável e pede renúncia de Sarney



O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse, em entrevista à imprensa nesta quarta-feira (22), que a crise por que passa o Senado Federal está insustentável e sugeriu que o presidente da instituição, José Sarney, renuncie. Na opinião de Cristovam, caso Sarney continue na presidência da Casa, poderá haver representação até mesmo pela sua cassação.

- Quando Simon [senador Pedro Simon (PMDB-RS)] deu um passo adiante e disse que não era mais questão de licença, como eu pedi meses atrás, mas, sim, questão de renúncia à Presidência, eu disse: a continuar assim, já não vai ser mais de renúncia, vai ser de cassação. Está muito próximo de uma representação pela cassação - frisou Cristovam.

A manifestação do parlamentar do Distrito Federal reflete preocupação com notícia publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo nesta quarta-feira, sobre gravações ligando o presidente do Senado a nomeações feitas na Casa por meio de atos secretos.

Cristovam informou que, primeiramente, irá sugerir ao PDT que protocole representação contra Sarney no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, em decorrência dos fatos divulgados pela imprensa. Caso o partido decida não tomar a medida, o senador afirmou que assinará as representações que outros partidos estão apresentando contra Sarney.

- É quase um apelo que faço. Todos os senadores deveriam ter clareza e dizer ao presidente Sarney: "Presidente, está na hora de o senhor deixar a presidência desta Casa" - disse Cristovam.

O senador afirmou ainda que, tão logo a Casa retorne do recesso parlamentar, ele vai requerer a realização de um 'plebiscito' entre os senadores, com voto aberto, para verificar quantos parlamentares ainda apóiam a permanência de José Sarney como presidente do Senado.

Na avaliação de Cristovam, o presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, senador Paulo Duque (PMDB-RJ), não pode mais ignorar as denúncias da imprensa. Em sua opinião, Paulo Duque precisa levar o assunto à discussão no conselho.

- A partir de agora, o senador Duque não tem o direito de não levar o assunto à discussão. Apesar de ser legal, ele não tem o direito legítimo, diante da opinião pública, de arquivar processos contra o presidente Sarney. Seria uma bofetada na cara do povo - disse Cristovam.

Ele ainda sugeriu alteração no Regimento Interno do Senado Federal para incluir mecanismo que permita, em caso de irregularidade, a retirada do parlamentar que esteja na Presidência da Casa. Pelo atual regimento, um senador eleito como presidente do Senado só deixa o cargo antes do fim da gestão se renunciar.

- Se, para não renunciar, ele termina destruindo o Senado, nós temos a obrigação de tirá-lo, antes que a Casa seja destruída - enfatizou, ao afirmar que a instituição poderá levar "mais de duas décadas" para se recuperar do desgaste frente à sociedade, causado pela crise atual.



22/07/2009

Agência Senado


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