Cristovam diz que crise no Senado não se explica apenas pelo processo contra Renan
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) afirmou nesta sexta-feira (13), em discurso da tribuna, que há razões mais profundas para explicar a crise que o Senado enfrenta neste momento, na sua avaliação não restrita às incertezas que se abriram com o processo por quebra de decoro, no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, contra o presidente da Casa, Renan Calheiros. Ele disse que a instituição está em dívida com eleitores sobretudo porque não está sendo capaz de reorientar os destinos do Brasil.
No momento, como afirmou o parlamentar, os senadores passam ao país a impressão de que, em vez de buscar a verdade, estão tentando se salvar. Nesse ponto, ele citou expressamente Renan Calheiros para dizer que, na sua pessoa, esse sentimento está sendo concentrado agora. Para Cristovam, a idéia que Renan "está passando não é a de que está querendo apurar" ou de que está querendo a verdade. Mesmo que esta não seja a intenção do presidente da Casa, disse o parlamentar, a impressão que ele está passando é a de que quer salvar-se.
- Isso é muito ruim, pois quebra a credibilidade. Uma coisa é querer a verdade para se salvar, a outra, é querer salvar-se de qualquer maneira. É essa a impressão.
Renan Calheiros está sendo investigado no Conselho de Ética porque, conforme denúncia da revista Veja, teria parte de suas despesas pessoais pagas por um funcionário de uma empreiteira. O senador argumenta que os recursos eram oriundos de seu patrimônio e que o funcionário, de quem é amigo, apenas repassou os valores a seu pedido.
Cristovam disse que chegou a sugerir a Renan, em conversa pessoal há mais de quinze dias, que a maneira de desfazer a impressão causada seria ele se afastar da Presidência. Porém, como avaliou, essa iniciativa não será adotada, o que vai contribuir para a manutenção da crise. De todo modo, o parlamentar pelo DF frisou que os problemas na instituição já se arrastam há décadas e que os senadores estão "enrolados" em uma quadra histórica em que não se enxergam saídas para o pais.
- E isso eu acho que é muito mais grave do que a situação do presidente Renan Calheiros - opinou.
Para que o país entre nos trilhos, segundo Cristovam, será necessária solução não somente para um caso específico de corrupção, mas para o problema em geral. O senador também citou como indispensável mudar as prioridades das políticas públicas, com destaque para a educação - além da ética no comportamento de cada parlamentar, completou, será necessário instituir a ética das prioridades das políticas e serviços dos interesses do povo e do futuro do Brasil. Lembrou que o Estatuto da Criança e do Adolescente está completando 17 anos e que até agora as medidas propostas no texto ainda não foram integralmente implementadas.
- O comportamento corrupto de alguns políticos é um pedacinho da nossa crise. A nossa verdadeira crise é a corrupção nas prioridades, em como usamos o conjunto dos recursos públicos: a serviço do futuro ou apenas, prisioneiros do presente, para atender a interesses corporativos; em direção ao povo brasileiro ou para atender a gastos que sirvam para satisfazer a vaidade de alguém que quer inaugurar um prédio de luxo com o nome dele daqui a alguns anos, depois que morrer? - questionou.
13/07/2007
Agência Senado
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