Cristovam propõe debate sobre falta de igualdade de direitos em 120 anos da República brasileira
Em discurso no Plenário nesta sexta-feira (6), o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) propôs que o Senado comemore os 120 anos da República, que se completam em 2009, com debates e reflexões sobre a falta de igualdade de direitos na sociedade brasileira. No próprio Senado, observou, os senadores ainda se tratam como nobres, ao usarem a expressão "Vossa excelência".
Cristovam Buarque disse que a concentração de renda e a desigualdade social brasileiras não deveriam ser características de uma República que completa 120 anos. O senador argumentou que no Reino Unido, por exemplo, que é uma monarquia, a diferença de qualidade entre a escola do príncipe e a escola do filho de um trabalhador não é tão grande quanto é no Brasil a diferença entre a escola do filho de um rico e aquela do filho de um trabalhador.
- A República completa 120 anos do ponto de vista do regime político, mas não completa do ponto de vista social, educacional, da igualdade de direitos que é a definição da república, a causa do povo - declarou Cristovam Buarque.
O parlamentar argumentou que depois de 20 anos, a República do Irã lançou um satélite artificial e a Índia, em 50 anos de República, enviou um satélite à Lua. Na opinião do senador, o Brasil não avançou tanto quanto esses dois países do ponto de vista da independênciatecnológica.
- Quando vivíamos na monarquia, as pessoas sabiam que ao nascer fariam parte de uma aristocracia ou de uma plebe e a República deveria mudar isso. Hoje, quando nasce uma criança, já se sabe se ela vai fazer parte de uma aristocracia ou não. Então, não mudou a divisão de classes no Brasil em 120 anos de República - analisou Cristovam Buarque.
Antes de concluir sua análise, o representante do Distrito Federal conclamou o Senado a fazer uma reflexão sobre o que deu errado na República brasileira. Ele lembrou que, desde a proclamação da República, o Brasil viveu 36 anos sob ditaduras. Para Cristovam Buarque, é preciso debater a concentração de renda no Brasil, que segundo ele é mais brutal do que em algumas monarquias, bem como discutir formas de se completar a abolição da escravidão.
06/02/2009
Agência Senado
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