Cristovam relata emoção na cerimônia de recepção dos restos mortais de João Goulart



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A recepção, na Base Aérea de Brasília, pela manhã desta quinta-feira (14), dos restos mortais do ex-presidente da República João Goulart (1919-1976), com honras de chefe de Estado, foi carregada de grande emoção, relatou em Plenário o senador Cristovam Buarque (PDT-DF). Ele participou da cerimônia e contou que teve a oportunidade de lembrar sua própria história.

- Toda a minha juventude foi passada sob a tutela ditatorial.

Cristovam disse que a cerimônia o levou a uma reflexão sobre como foi possível que acontecesse o golpe de 1964 e o regime militar, que durou até 1985. Segundo o senador, há uma explicação: a fragilidade de instituições democráticas, que se coligaram com os interesses ditatoriais dos militares. Cristovam lembrou que foi um senador, Auro Moura Andrade, então presidente do Senado e do Congresso, que deu a legitimidade ao golpe militar, ao declarar que João Goulart tinha se afastado da Presidência da República e abandonado a pátria. Na verdade, o presidente estava no Rio Grande do Sul, tentando medidas para evitar o golpe.

- Andrade mentiu para o povo e para seus pares. Ele quebrou o decoro parlamentar. Acho que nenhum parlamentar faltou tanto com o decoro como esse senador – disse Cristovam, chegando até a sugerir a cassação simbólica do mandato de Auro Andrade.

Cristovam declarou apoio à proposta dos senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) de que o Congresso declare nula aquela sessão. Cristovam disse que chegou a ouvir em uma rádio a crítica de que essa iniciativa “é ridícula”. Ele admitiu que a declaração de nulidade não vai mudar a história. No entanto, disse o senador, mostrará que aquela declaração foi um ato ilegal e que não conta com o apoio do Congresso de hoje.

- A vida de João Goulart deve servir para despertar a juventude. Precisamos usar a história para construir o futuro – afirmou.



14/11/2013

Agência Senado


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